Tribuzy: Pouco público, garra e profissionalismo em SJC
Resenha - Tribuzy, Scars e MonsteR (Kallabary, São José dos Campos, 10/06/2006)
Por Fábio Faria
Postado em 24 de junho de 2006
Para quem conhece a cena metálica de São José dos Campos, interior de São Paulo, não foi surpresa alguma a falta de público no evento que reuniu três conjuntos passando por momentos especiais dentro da música pesada nacional: Tribuzy, Scars e MonsteR. Renato Tribuzy e sua trupe continuam colhendo os frutos de seu "debut" elogiadíssimo, o Scars comemora a volta triunfal e o MonsteR divulga seu mais novo trabalho. A casa que recebeu os artistas foi o Kallabary, onde cabem facilmente mais de 3000 pagantes, no entanto, nem duas centenas de pessoas estavam presentes. Uma lástima que só faz diminuir o interesse de possíveis produtores em se aventurarem com espetáculos de médio ou grande porte na região.
Se o público não fez sua parte prestigiando o show, nem o MonsteR nem o Scars, e, muito menos o Tribuzy, se deixaram abalar. Todas as atrações da noite se apresentaram com garra e muito profissionalismo, fazendo valer o ingresso daqueles que lá estavam. Os primeiros a entrar no palco foram os paulistas do MonsteR. O power-trio formado por Paul-X (baixo/vocal) Renato Stone (guitarra/vocal) e E.V. Sword (bateria/vocal) não se intimidou com a falta de público e aproveitando da boa estrutura do local, com ótima iluminação e som de primeira, empolgaram os fãs que gritavam entusiasticamente o nome "MonsteR". Paul-X cumpre muito bem o papel de "frontman" conseguindo ser simpático com a galera, que responde bem aos seus chamados. Foi possível perceber que havia fãs leais, daqueles que seguem o artista, tamanha a euforia de alguns. A fama de "bons de palco" pode ser confirmada nas músicas de seu mais recente CD ‘Thicker, Longer and Harder’, tais como ‘Get Me Out’, 'Shut The Fuck Up', 'That’s Why I Killed The President', 'Monster’s On The Loose', 'Us Against The World', ‘The Show is not Over Yet’ e a candidata a clássico 'Metal Boy', além de canções de seus dois primeiros álbuns ‘The Nightmare Continues...’ e ‘No One Can Stop Us’. Do primeiro foram tocadas 'Fire (Burn)', 'Why Don’t You Wake Up?', 'Worst Nightmare', 'The New "The Best" e 'MonsteR', na qual Paul-X conclamou a galera a cantar junto. Já do segundo disco, o público pode curtir ‘At Last’ e ‘A Toast to Your Life'. Nenhuma do medley ‘SP Metal’ fez parte do set list.
O MonsteR deixa o palco e depois de alguns minutos de espera o Scars adentra com a nítida intenção de abrir temporariamente uma sucursal do inferno em terras joseenses. Não por acaso o conjunto promove seu segundo lançamento, o EP ‘The Nether Hell’, baseado na obra ‘Inferno’, do poeta italiano Dante Alighieri. O intenso jogo de luzes, combinado à arte e a produção do palco davam um ar absolutamente sinistro ao local, com destaque para a boa ilusão causada pelas falsas chamas na frente dos amplificadores. O vocalista Regis F. encarna com perfeição uma espécie de filho do demônio (NR: seria ele a inspiração para Tretiak?) no palco e junto de seus asseclas - os guitarristas Eduardo Boccomino e Alex Zeraib, o baixista André Sterzza e o baterista Patrick Leung – animaram ainda mais a pequena, porém, fiel platéia. Difícil foi não sentir o peso do som do Scars batendo forte no peito. A performance dos integrantes foi impressionante tamanha a gana demonstrada. Pareciam estar diante de um estádio lotado. Fortemente influenciado por Slayer, cujo cover de ‘Rainnig Blood’ foi tocado com maestria, o conjunto apresentou um repertório calcado principalmente no material de ‘The Nether Hell’, com o acréscimo das faixas do CD ‘Ultimate Encore’, de 1994. Os destaques ficaram para as canções ‘Warfare’, ‘Nether Hell’, ‘Legions(forgotten by the gods)’, ‘Hidden Roots Of Evil’ e ‘Drugs Kill’.
Por fim, os cariocas do Tribuzy subiram ao palco com a platéia sedenta por metal melódico. E foi isso que se viu durante a execução, na íntegra, do álbum ‘Execution’. Obviamente as canções do CD de estréia perdem um pouco de seu brilho ao vivo, sem a presença dos vocalistas que participaram na gravação original. No entanto, tirando alguns exageros nos agudos, Renato cobre com êxito essa lacuna. Bem ao estilo Bruce Dickinson, inclusive com os alguns trejeitos do cantor inglês – comum àqueles que começaram fazendo cover da Donzela de Ferro -, Tribuzy mostrou disposição na interação com a pequena platéia, sempre incitando a participação dela nos refrões. Durante a apresentação o som apresentou alguns problemas, mas nada de muito grave. O grupo que acompanha Renato ao vivo é formado por Frank Schieber e Eduardo Fernandez nas guitarras, Ivan Guilhon no baixo e Flavio Pascarillo na bateria. Este último teve problemas com um dos pratos que teimavam em cair, obrigando uma breve parada durante o set. Tribuzy deu uma enrolada com a platéia, que entendeu e aceitou sem problemas, e começou a levar ‘Bring Your Daughter To The Slaughter’, do Iron Maiden, apenas acompanhado pelas guitarras e baixo. Problema resolvido, Pascarillo ainda consegue se juntar aos demais músicos a tempo de terminar o cover, para em seguida apresentar a canção mais esperada por muitos: 'Beast In The Light', originalmente gravada com Bruce Dickinson. Tocaram ainda mais uma do Maiden, ‘Be Quick or Be Dead’.
Há que se louvar a postura de artistas como Tribuzy, Scars e MonsteR, que lidaram de forma exemplar com a fraca resposta, pelo menos em termos de venda de ingresso, demonstrada pelo público de São José dos Campos. E olha que até quem está acostumado com a "cena metal" joseense ficou desapontado. Mesmo assim não foi possível detectar um traço de má vontade, desânimo ou desinteresse por parte dos conjuntos em cima do palco, fato que poderia até ser justificado, entretanto, todos eles ignoraram a adversidade deixando uma ótima impressão nos presentes.
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