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Pitty: uma leitura da canção "Na pele"

Por Laíssa Pereira de Almeida
Fonte: UNIR
Postado em 05 de fevereiro de 2019

Viemos de séculos marcados pelo patriarcalismo, exclusão, teocentrismo, opressão e repressão, em que a situação social da mulher desde o século XIX consistia em viver subjugada, sem liberdade e qualquer possibilidade para desenvolver sua capacidade intelectual, tratava-se de um sistema social que favorecia a perpetuação da anulação social e invisibilização da mulher. Como evoca a cantora e compositora PITTY, na canção Na pele (2013): "Olhe dentro dos meus olhos/Olhe bem pra minha cara/Você vê que eu vivi muito/Você pensa que eu nem vi nada".

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À mulher sempre foram destinados os serviços e cuidados com o lar, com a família, estando o seu bem estar, o tempo para ser e sentir, em terceiro, quarto ou quinto lugar, sendo quase sempre reduzida ao seu serviço como mero objeto que não tem e nem pode ter sentimentos, como se não vivesse nada.

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Na pele, composta por PITTY em 2013, mas só gravada em 2018, após a cantora dar de presente a canção para Elza Soares, é verdadeiramente uma tradução muito sutil e forte das lutas e vivências diárias que a mulher transcorrerá ao longo de sua vida.

O refrão "a vida tem sido água/fazendo caminhos esguios/se abrindo em veios e vales/na pele leitos de rio", a metáfora da água, que gera vida, desde que é concebida até sua manutenção, seja no banho, seja para saciar a sede. Água que pode nos afogar ou pode nos revigorar. Água que cria e refaz a vida em diversas cores. Elemento que desce em forma de chuva e evapora voltando para onde veio, que congela e derrete, mas nunca volta a ser a que era antes. Entre veios, que podem ser correntes d’água ou rachaduras que as rochas sofrem. "Na pele leitos de rio", corpos estradas, onde tudo e todos descansam, abusam, usam, onde todos passam. Tal qual a vida de Elza Soares. Tal qual a percepção de cada mulher que ainda está viva, cada pessoa oprimida de pele preta e pobre. Tal qual a vida.

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Corpos que são violentados e silenciados pela família, pelo namorado, pelo esposo, pelo estado. Fala-se de um corpo que não tem dona, aliás, querem que acreditemos nisso. No entanto, PITTY vem mostrar e escancarar que apesar de a boca silenciar, o corpo denuncia todos estes abusos, "veja essa boca muda/Disfarçando o desgosto". E ainda que seja difícil, mesmo que danificado, o sorriso existe, resiste "olhe bem pra essa curva/Do meu riso raso e roto".

A mulher está na Terra e, mais que isso, desenvolve relações com ela e com os seres que a habitam. Ademais, são geradoras de vida nova. Cada mulher, desde o seu nascimento, seja ele literal ou metafórico, considerando que a construção de uma identidade traduz-se na afirmação já muito conhecida de Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo (1980): "que não se nasce mulher, torna-se mulher", pois este é processo de aprendizagem que será travado em e com suas lutas, sejam elas semelhantes à das outras mulheres ou não. "Contemple o desenho fundo/Dessas minhas jovens rugas/Conquistadas a duras penas", mas só quem é mulher, saberá a dor e a alegria de ser quem se é, "entre aventuras e fugas".

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Na última estrofe, é escancarada a verdade, "observe a face turva/O olhar tentado e atento/Se essas são marcas externas/Imagine as de dentro", ainda que subjugadas, subalternizadas, a mulher terá sua própria maneira de se manter viva. Quando olhamos a biografia de Elza Soares e PITTY, fica fácil de entender o porquê de Elza ter sido presenteada com a canção. O videoclipe lançado no mesmo ano em que a canção, celebra esta sororidade, esta resistência, não só das cantoras, mas de todas as mulheres, seja ela cisgênero ou não.

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