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Whiplash.Net: Por que gosto tanto de escrever aqui?

Por Rodrigo Contrera
Postado em 25 de maio de 2017

Antes que me acusem de puxa-saco, quero garantir que o João Paulo Andrade, criador e diretor do Whiplash.net, não me pediu para escrever nada sobre o site. Quero também dizer que não o conheço pessoalmente, que não nos comunicamos muito por email (que todos os que escrevem têm) (trocamos no máximo uns 2 emails no total), que não somos parceiros de negócio (o negócio é dele e só dele), que não sou pago para escrever no site (como quase todos), que não recebo qualquer indicação sobre o que gostaria de escrever, que nem recebo elogios dele em particular por meus posts, ou seja, que não sou de forma alguma influenciado por ele quanto àquilo que quero publicar.

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Estou publicando este post por livre e espontânea vontade, e porque penso que vale a pena externar algo de minhas impressões sobre como é escrever para o Whiplash agora, que quase completo um ano com artigos (a maioria sobre o Iron Maiden). Publico o artigo também porque penso que a maneira mais interessante de melhorá-lo é simplesmente escrever nele, sem medo e sem qualquer vergonha. E porque tenho visto que boa parte das boas produções é feita por gente que simplesmente ama o rock e o heavy metal, por outros que passam boa parte do tempo ouvindo coisas que gostariam de mostrar aos seus amigos, e por outros tantos colaboradores que simplesmente adoram comentar mesmo bobagens a respeito das bandas de que gostam.

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Por que comecei a escrever no Whiplash

Comecei a escrever no Whiplash na metade do ano passado (2016) para simplesmente me expressar a respeito de coisas que me incomodavam. No caso, o meu gosto pelo rock se misturava com a minha incapacidade de superar minha separação (em 2011) e eu queria simplesmente expressar como minha adoração pelo rock tinha a ver com o processo pelo qual eu havia passado. Mas, tentando não falar muito sobre mim, expressei o que eu quis sobre o Lemmy, no primeiro artigo que fiz. Daí não parei mais. Passei pelo Iron, pelos neoclássicos, pelo Motörhead, pelo AC/DC, por impressões sobre o rock de forma geral, e por diversos outros temas.

O que me agradava mais, naquela época, era poder ler os comentários às minhas matérias (a maioria elogiosos) em qualquer lugar em que eu estivesse, por celular. Cheguei diversas vezes a me emocionar bastante com alguns deles, e até mesmo a chorar. Eu estava começando a superar os problemas mais graves com minha esquizofrenia, e receber os comentários fazia com que eu me sentisse menos só. Eu tinha alguém com quem compartilhar algumas de minhas paixões, e também algo a refletir sobre minha trajetória. Eu acesso o Whiplash por wifi, somente quando tenho a senha dos lugares. Mas mesmo assim me agradava muito poder ler os comentários onde eu quisesse. Dali fui me tornando um colaborador assíduo no site. O João Paulo nunca interferiu nos posts, que eu fiz como sempre, na base da pura vontade. E eu passei a senti que o rock era uma paixão que eu podia compartilhar com alguém.

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Uma mudança de foco

Com o passar do tempo, porém, fui sentindo que os temas minguavam. Eu sentia que não havia mais paixões sobre o que comentar. Percebia que os ídolos mais óbvios eu já havia comentado, e entendia que eu sabia bastante pouco de rock em geral (em relação à grande maioria dos leitores dos artigos, pelo menos). Dali que percebi que eu não sabia o suficiente sobre o Iron Maiden, para sempre minha banda predileta. Então resolvi começar a resenhar alguns CDs da banda, mas especialmente aqueles sobre os quais eu não me debruçara. Dali surgiram alguns artigos sobre CDs e muito conhecimento que eu não tinha. Muitos gostaram do que eu fazia. Mas ainda havia algo mais a fazer.

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Eu sentia que precisava fazer homenagens, todas à minha maneira, sobre músicas do Iron Maiden. Dali que comecei a me dedicar a fazer artigos sobre algumas músicas da banda, pesquisando bastante na internet a respeito. Foi quando minha verve mais apaixonada se tornou mais acirrada. E foi também quando passei a receber os maiores elogios. Isso não era, naquele momento, muito comum no Whiplash.net. Algumas pessoas passaram a solicitar-me artigos sobre algumas músicas e CDs. Eu passei a criar a minha marca.

Hoje

Com o passar do tempo, passei a ler mais artigos no Whiplash. Passei a compreender que muita coisa eu realmente não sabia. Passei a compreender alguns focos sobre a música divulgada no site, e também a comentar brevemente. Mas entendi que o rock realmente, com o Whiplash, havia chegado de novo em minha vida para valer. Comecei a ouvir bandas conhecidas, mas de CDs que eu não conhecia, no Youtube, com maior frequência. Passei a ouvir outras bandas, de outros gêneros, e entendi que havia sido conquistado pelo site. Porque considero que o site Whiplash.net é mesmo um site para apaixonados. Parei de reclamar de matérias apelativas, tanto do Bruce como de outros colunistas, ou mesmo de colaboradores menos assíduos, e entendi que eu havia encontrado um lugar legal para compartilhar algo que eu não conseguia às vezes até mesmo com meus amigos mais próximos. Diversas pessoas que comentaram artigos meus e outros, que viram meus comentários, tornaram-se meus amigos de facebook e hoje escrevo o que me dá na gana (como sempre) sem medo de errar no tiro. Simplesmente porque aqui a gente escreve com o coração.

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Não tenho como contribuir financeiramente com o Whiplash. Minha arma para ajudar o João Paulo a conseguir mais leitores são simplesmente meus artigos. Hoje, eu não tenho muito tempo para escrever para o Whiplash. Mas de vez em quando me dá vontade e cá estou eu, mais um maluco, escrevendo sobre algo que me agrada. A receita do João só ele conhece, no fundo, mas sua discrição e tolerância se tornaram lendárias, ao menos para mim, desde que leio o site. Porque aqui as pessoas comentam, se expressam, xingam, falam mal, falam bem, lamentam, se esgoelam em comentários infindos, e tudo mais. Mas, mais importante, porque aqui as pessoas voltam. Ninguém resiste a clicar uma noticiazinha que às vezes não cumpre tanto quanto promete, mas que nos faz gostar mais e mais do rock de todo o sempre. Claro, existem notícias muito bem apuradas, algumas pelos editores do site, mas elas pipocam aqui e acolá, e esse mesmo método é o que dá graça a tudo mais.

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Mais vozes

Mas eu me ressinto de muitas vezes ler artigos sempre das mesmas pessoas, aqui no Whiplash. Me ressinto disso porque sei que muitos aqui adorariam tentar comentar sobre bandas que amam, tanto quanto nós. Me ressinto porque noto que a ideia de dividir o mundo entre produtores de conteúdo e meros receptadores é o que torna todo o mundo muito mais chato do que parece. Nesse sentido, seria muito legal que mais e mais malucos sobre rock e heavy metal comentassem mais e escrevessem seus próprios artigos, aqui. Claro, nem todos somos bons ao escrever. Mas creio que é começando que a gente realmente aprende.

Termino dizendo que recebi um email do João Paulo convidando-me a ouvir sua palestra no TED, algo que ele postou faz algum tempo. Eu não tenho muita paciência para ouvir ou assistir qualquer coisa até o fim, mas esse pequeno gesto dele foi o que motivou este pequeno artigo. Dali que agora respondo que adoro escrever aqui porque aqui eu sinto que as paixões são respeitadas. Ninguém é sempre apaixonado pelas mesmas coisas. Muito menos pelas mesmas bandas. E cada paixão é diferente. E cada paixão é eminentemente pessoal. É isso.

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Grande abraço a todas/os. Up the Irons rs!!!

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Sobre Rodrigo Contrera

Rodrigo Contrera, 48 anos, separado, é jornalista, estudioso de política, Filosofia, rock e religião, sendo formado em Jornalismo, Filosofia e com pós (sem defesa de tese) em Ciência Política. Nasceu no Chile, viu o golpe de 1973, começou a gostar realmente de rock e de heavy metal com o Iron Maiden, e hoje tem um gosto bastante eclético e mutante. Gosta mais de ouvir do que de falar, mas escreve muito - para se comunicar. A maioria dos seus textos no Whiplash são convites disfarçados para ler as histórias de outros fãs, assim como para ter acesso a viagens internas nesse universo chamado rock. Gosta muito ainda do Iron Maiden, mas suas preferências são o rock instrumental, o Motörhead, e coisas velhas-novas. Tem autorização do filho do Lemmy para "tocar" uma peça com base em sua autobiografia, e está aos poucos levando o projeto adiante.
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