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Ruídos Delfianos: Dream Theater e o surrealismo

Por Luiz Felipe Lima
Fonte: Delfos
Postado em 07 de agosto de 2014

Já faz algum tempo desde que o primeiro texto da série Ruídos Delfianos foi lançado. Há quase um ano atrás, o lorde da cafajestagem Frodrigues fez o texto que viria a ser o debut da série, falando da música "2 Minutes to Midnight", do Iron Maiden, e, ainda que tenha demorado um pouco, aqui está o texto que dá sequência à série.

Matéria originalmente publicada no site DELFOS
http://www.delfos.jor.br

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Porém, vou fazer um pouco diferente do Frodrigues. Enquanto o debut explicava de forma concreta a música do sexteto inglês, o que vou apresentar neste texto é muito mais uma conjectura do que uma explicação definitiva - até porque a música em questão pretende provocar muito mais as confabulações do que dar de fato uma resposta final.

MUITO PROG PARA SER METAL, MUITO METAL PARA SER PROG

O Dream Theater é uma banda que, ao longo de toda a sua história, sempre se preocupou em dar muitos significados às suas músicas e discos. Como qualquer banda prog que se preze, vários discos e músicas da banda são construídos em cima de conceitos e temas diversos - e aqui eu dou um destaque especial à Twelve-Step Suite, que trata da passagem do baterista Mike Portnoy pelos 12 Passos dos Alcoólatras Anônimos.

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Isso obviamente faz com que ouvir músicas da banda seja uma constante surpresa, pois é comum descobrir alguns elementos nelas que você não tinha reparado anteriormente. Ao mesmo tempo, isso também permite que surjam outras interpretações e que outras músicas com um sentido não tão claro finalmente mostrem a que vieram. E aí vem Under a Glass Moon.

QUEBRANDO O VIDRO

Under a Glass Moon foi uma faixa que eu demorei muito para entender. Nas primeiras vezes que eu ouvi, achei um saco, mas depois de um tempo acabei me acostumando e gostando dela. Porém, foi só depois de analisá-la a fundo que ela entrou para o meu Top 10 de músicas da banda. Abaixo está a música, mas já aviso que não garanto que você vá gostar - e logo depois do vídeo eu explico o porquê.

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Nas primeiras ouvidas desatentas, algo que chama bastante atenção é o exagero da faixa. Sim, isso é verdade, essa música é absurdamente exagerada. Ela possui diversas mudanças de andamento, vocais muito ostensivos e um solo de guitarra que beira o ridículo de tão técnico e complexo. Porém, diferente do que acontece em outras músicas da banda - que são complexas, mas ainda assim soam bem "musicais" -, Under a Glass Moon soa muito "anti-musical".

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Essa música, a princípio, parece que nasceu errada: ela é muito pomposa e tem tanta informação ao mesmo tempo que chega a dar náusea. E aí, quando você vê que a banda é conhecida pela qualidade técnica dos seus integrantes, fica a impressão de que foi mesmo uma bola fora, e que eles cometeram aquele erro crasso de se preocupar mais com a técnica do que com a musicalidade. Eu passei muito tempo pensando que, ao fazer Under a Glass Moon, eles se esqueceram de que estavam fazendo música e resolveram competir para ver quem fazia a linha musical mais complexa e chata.

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Por isso fiz evil monkey para a banda por muito tempo, fazendo pipi na capa do CD e dizendo o quanto a Lua de Cristal da Xuxa era mais legal, até o dia em que eu passei a gostar dela e resolvi ver a letra da música. E aí eu fiquei ainda mais espantado: eu não entendi bulhufas. A letra não fazia nenhum sentido! Mais do que qualquer coisa, parecia um apanhado de metáforas e não uma letra que tivesse um significado propriamente dito. Isso me deixou curioso e eu resolvi ir um pouco mais fundo.

Entre as diversas conjecturas que eu fiz, uma bem interessante era a de que a letra da música soava muito bem. Se às vezes algumas músicas têm letras tão travadas que são desagradáveis de se ouvir, outras vão pelo caminho oposto e têm letras que soam muito bem - e que não precisam nem dizer nada, pois o simples fato de soar bem já é o bastante. Então, ainda que ela não dissesse coisa com coisa, pelo menos era legal de ouvir e de cantar.

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Mas mesmo assim me parecia muito simplório pensar que aquelas metáforas todas só existissem para a música ficar bonita de cantar. Outra coisa que eu percebi é que, afinal de contas, aquelas metáforas todas criavam um mundo fantasioso, algo que parecia saído do subconsciente, algo... surrealista. E foi quando eu me lembrei das aulas de Arte da escola que tudo pareceu fazer sentido.

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QUANDO DOIS MUNDOS COLIDEM

Uma coisa muito interessante e, de certa forma, bastante comum do mundo artístico é quando duas formas distintas de arte se encontram e se misturam. Seja ideológica ou materialmente, é fato que alguns dos melhores momentos artísticos acontecem nesses momentos. Quer um grande exemplo? O cinema: o encontro da música, da pintura, da literatura e da fotografia, que juntas formaram algo completamente novo. E, ainda assim, quando o cinema encontra qualquer uma dessas outras formas de arte é comum que surjam outros momentos igualmente grandiosos.

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Pois foi exatamente nisso que eu pensei enquanto analisava Under a Glass Moon. Afinal de contas, será que a ideia da banda era criar uma música feita unicamente para se ouvir? Ou o objetivo era criar algo diferente? Será que esse aparente diálogo com um outro universo artístico não teria sido proposital? A meu ver sim, pois as semelhanças com o pensamento surrealista não eram poucas ou isoladas.

Como eu sei que as aulas de Artes sempre são boicotadas no colégio e que muitos não gostam da matéria (coitada!), é válido fazer uma contextualização. O Surrealismo foi um movimento artístico surgido no século XX. Esse movimento foi fortemente influenciado pela psicanálise do Freud e tem como um grande expoente o pintor Salvador Dalí. Você provavelmente já viu quadros dele - e, se não viu ou não lembra, eu coloquei alguns na galeria.

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Mas qual é, afinal, o mote desse movimento? O nosso bom, mas não tão velho, pai dos curiosos tem a resposta: o Surrealismo enfatiza o papel do inconsciente na atividade artística. O objetivo nesse estilo é criar uma arte livre da consciência e da lógica, expressando o mundo da imaginação, do inconsciente e dos sonhos.

Imaginação? Sonhos? Inconsciente? Exatamente, delfonauta. E a música, assim como os quadros do Dalí, é extremamente rica em detalhes, como se cada compasso fosse feito para te colocar em um estado de imersão, de total ausência de consciência. A introdução forte, grandiosa, que traz a sensação de se estar entrando em um lugar incomum. As diferentes texturas que os instrumentos criam, com uma ótima performance do baterista Mike Portnoy e do vocalista James LaBrie. E, como não poderia deixar de ser, o solo de guitarra.

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UM SOLO INCOMUM PARA UMA MÚSICA INCOMUM

Lembra que eu falei o quanto eu achava esse solo ruim? Pois é, eu mudei de opinião. O solo sempre soou estranho porque ele não se parece com nada do que o guitarrista John Petrucci faz. Esse solo tem muitas técnicas complexas e muitos detalhes que são mais estéticos do que propriamente musicais.

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Isso pode não fazer nenhum sentido em uma proposta essencialmente musical, mas possui todo o sentido se passarmos a avaliar a partir da imersão que a música se propõe a criar. O solo funciona exatamente como um solo deve funcionar - prestando um serviço à música - mas a questão é que a música em si não funciona da maneira comum. Under a Glass Moon não é só uma faixa, é uma experiência. E exatamente por isso o solo tem como objetivo dar texturas e detalhes a ela, tornando mais rica essa imersão que se pretende criar. E apesar de eu ter destacado o solo de guitarra, não é apenas ele que é exagerado, mas também o vocal, a bateria, o teclado...

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Essa música é bastante abrangente e com certeza renderia muitas outras páginas com as mais diversas interpretações, por isso deixo essa lacuna para você preencher. E digo mais: o delfonauta que conseguir achar indícios de que ela é, na verdade, uma adoração à Deusa Ruiva do Bacon, ganha um abraço telepático.

E com essa matéria encerramos o nosso Especial Dia do Rock. Não se esqueça de comentar e compartilhar as matérias do Especial com seus amigos e nos ajudar na dominação mundial!

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Sobre Luiz Felipe Lima

Depois de ficar louco com o Ritualive do Shaman nos primórdios dos anos 2000, a sua trajetória no Metal apenas se intensificou. Fã inveterado de Pantera, aprendeu rápido que é possível achar música boa desde Death até Europe, e escreve para que cada vez mais pessoas consigam perceber que não se pode ter uma mente pequena se você quiser conhecer grandes músicas.
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