Guns N' Roses: o bom e velho jeito Axl Rose de ser
Por Eduardo Schereder
Postado em 12 de abril de 2012
É digno de estudo aprofundado a tensão criada pela indicação do Guns N’ Roses ao Rock N’ Roll Hall of Fame. Sedentos por um "revival" daquilo que sequer viveram, inúmeros fãs clamam pela volta do Guns N’ Roses à grande mídia e, por tabela, aos ouvidos da juventude. A posição do vocalista Axl Rose é conclusiva: não há esperança para estes.
Por outro lado, soa estranho tamanho apreço que os veículos têm pelo chefão ruivo. Mesmo ausente da cena mainstream há quase duas décadas, Axl segue lembrado por onde passa, sendo até alvo dos tablóides (o caso com Lana Del Rey, por exemplo), o que ilustra bem o tamanho do mito em torno do vocalista. È como se a Coca-Cola parasse de anunciar por vinte anos e continuasse sendo a bebida preferida das pessoas – bem provável, aliás.
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A fórmula do sucesso do Guns N’ Roses, é sabido, foi a junção de todas as personalidades fortes do grupo e, certamente, a de Axl se sobressaía. Cabia a ele ser o centro das atenções e servir de escada para que Slash, Duff e os demais se destacassem. No momento em que essa fórmula não deu mais certo, não havia por que persistir tentando. Nada seria mais artificial que uma reunião forçada "em nome dos fãs". Se hoje, Axl segue entre altos e baixos, é por puro rock n’ roll; ele não deve respeito a ninguém, é uma pedra imutável de cabeça-dura. Que bom. Para ele, está tudo certo.
Ser autêntico, enfim, ser Axl Rose, é pagar o preço. É contrariar a tudo e a todos. Pessoas da "era Facebook", obviamente, podem passar horas discorrendo a respeito de uma provável reunião, especular sobre as decisões de Axl, criticar Chinese Democracy na primeira audição, entre outras coisas; no entanto, mesmo tendo consciência do potencial de sucesso que uma reunião da banda teria, ele segue firme. Por quê? Porque para ele, o Guns N’ Roses não é apenas a sua banda, fonte de dinheiro e prestígio. Sim, é muito disso também, mas é, sobretudo, a sua vida, por mais piegas que isso soe. E, parece que é o caso, na sua vida não cabem mais os antigos membros do Guns.
Claro, explicar isso a um jovenzinho – e para alguns adultos - é difícil, e ele sabe disso. "Talvez se fosse você tomando a decisão, a coisa seria diferente. Talvez você o faria por um motivo ou outro. Paz, seja como for.", disse Axl em sua recente carta. O colunista da Rolling Stone norte-americana, David Fricke, em resenha sobre Chinese Democracy, deu uma idéia mais lúcida a respeito: "Para ele (Axl), a longa marcha até "Chinese Democracy" não foi de paranóia e controle. Foi de dizer ‘não vou’ quando todos diziam ‘você deve’". Se você vê Axl como uma figura miserável e descartada do rock, ótimo. Agora, se pensa isso apenas por se sentir contrariado, então conseguiu: é birrento como um Axl Rose.
Guns N' Roses: Rock & Roll Hall Of Fame
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