Red Hot fala sobre a maturidade do novo CD
Fonte: Época Online
Postado em 06 de outubro de 2002
Um quê de Beatles, de Beach Boys, de anos 70, levadas roqueiras que pouco lembram toda aquela devassidão funk-metal do começo de carreira, declarações com rótulo quase religioso. Decerto o Red Hot Chili Peppers está, aos poucos, revendo suas trilhas instrumentais, suas letras e mesmo facetas comportamentais típicas. Um tanto mais light no geral, a banda californiana parou para refletir sobre seus 20 anos de existência, a serem comemorados ano que vem. "By the way" (WEA), oitavo CD de estúdio, pronto para ser apresentado em primeira mão ao Brasil dias 11 de outubro no ATL Hall (Rio), 12 no Pacaembu (São Paulo) e 14 no Gigantinho (Porto Alegre), é um sinal evidente de que o grupo está na contramão de movimentos efêmeros do rock, tanto de uma vertente escandinava, que se pretende hype, quanto de um suposto novo levante punk, sublinhado pela cena nova-iorquina.
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— "Californication" (2000) e "By the way" são trabalhos que priorizam as melodias — analisa a atual fase da banda o baterista Chad Smith ao GLOBO. — Pop, para mim, é ser popular. Ainda somos rock, isso é o que interessa.
— Imagina se fizéssemos sempre o mesmo disco? — pergunta o sempre elétrico baixista (e surfista) Flea. — Seria chato, né? Crescemos, evoluímos. O que fazemos questão é de estarmos presentes em todos os processos do disco: a composição, os arranjos, a gravação, a capa do CD.
— Somos muito conscientes de como devemos nos apresentar, nos preocupamos com nossa imagem, com a embalagem da música. Pensamos nos diretores de nossos clipes, essas coisas — completa Chad, hoje um ouvinte atento de Thin Lizzy, T-Rex, Marvin Gaye, dando a entender que atualmente a música lhe soa mais importante do que a atitude.
Banda adota a quietude - Há um processo de quietude nas relações entre os membros da banda e o público externo (mídia, fãs e produtores). A banda, que costumava compor freneticamente em quartos de hotéis, está preferindo agora se encontrar na casa de um e de outro para escrever as músicas, para pensar coletivamente sobre o que dizer. Tratam uns aos outros como uma família. Os atentados a Nova York e Washington, em 11 de setembro de 2001, conferiram, contraditoriamente, a eles um outrora ignorado certo sentimento pacifista e contribuíram para uma reflexão sobre o modo de vida de cada um, a relação com a família e a utilização do tempo útil fazendo coisas realmente úteis.
— O que aconteceu foi insano — avalia Flea, que tem uma filha de 14 anos e diz estar cada vez mais preocupado com seu futuro. — Rezo todos os dias para que nada mais de ruim aconteça, para que os Estados Unidos não ataquem o Iraque. O George Bush vai para a TV e avisa: "Vamos matar primeiro, senão seremos mortos". A América realmente acredita que é o centro do universo. Eu tenho vergonha disso, me deixa triste. Muitos americanos apóiam Bush e isso é patético. É óbvio que isso é algo maior, tem o petróleo etc.
Discurso contra as drogas - Por trás de um capítulo que, à primeira lida, poderia se assemelhar à história de uma banda de nerds, cheia de discursos corretíssimos, há um histórico de drogas pesadas, assunto que hoje a banda trata com responsabilidade. O primeiro guitarrista do grupo, Hillel Slovak, morreu em 1988, de overdose, aos 26 anos. O cantor Anthony Kiedis já declarou que deveria ter sido ele a morrer, já que incentivara Slovak ao vício. Tempos depois, Kiedis escreveu a letra de "Under the bridge", o maior hit do Red Hot, que aborda o tema.
— Uma das minhas músicas favoritas do Red Hot foi feita sob efeito das drogas e alguns membros da banda experimentaram, por isso não julgo ninguém — diz Chad. — O que eu tenho que dizer é que usar drogas não é nada positivo.
John Frusciante, atual guitarrista dos Peppers, exilou-se da banda em meados dos anos 90 ao ser descoberto por um repórter do "Los Angeles Times" vivendo como mendigo, conseqüência de todos os tipos de drogas. A reportagem atraiu amigos de Frusciante, que o levaram a um instituto de reabilitação. Mais tarde, retornaria à banda.
"By the way", em 28 na parada da "Billboard", é um pára-raios dos cenários acima. Em 16 músicas, a proposta é polemizar despolemizando: em faixas como "This is the place" e "Don’t forget me", o acento maduro da banda é forte. O público espera, porém, que, diferentemente do Rock in Rio 3, quando fez o show de volume mais baixo do festival, o botão estique até o máximo.
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