John Frusciante teve que praticamente reaprender a tocar em "Californication"
Por André Garcia
Postado em 02 de janeiro de 2023
Em sua primeira passagem pelo Red Hot Chili Peppers, de 1988 a 92, John Frusciante foi considerado um dos mais importantes guitarristas de seu tempo. A vida de astro, no entanto, fez muito mal a ele, que afundou nas drogas. Viciado em heroína e em profunda depressão, após deixar a banda, sua situação piorou ainda mais.
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Em 1996, o New Times LA o descreveu como "um esqueleto coberto de pele", e disse que ele pesava pouco mais de 40 quilos e por pouco não havia morrido de uma infecção sanguínea.
Seu retorno ao Red Hot em 1999, que já de cara rendeu o aclamado e bem-sucedido "Californication" foi uma verdadeira ressurreição. Em entrevista de 2002 disponível no YouTube, ele relembrou que praticamente teve que reaprender a tocar naquela época.
"De certa forma, há uma conexão entre 'Blood Sugar Sex Magik' e 'Californication', mas, de certa forma, foi um recomeço. Eu havia perdido todo o meu prestígio como músico desde 'Blood Sugar...', quando começamos a compor 'Californication', tive que partir do zero como guitarrista — minha técnica estava no fundo do poço. Eu fiz o melhor que pude, e tenho orgulho disso."
"Eu sinto simplesmente ter ido por um outro caminho com 'Californication' além de ser inspirado por coisas como Jimi Hendrix. Na época eu não tinha força nos dedos para soar como Jimi Hendrix, já no 'Blood Sugar...' meus dedos estavam bem fortes. No 'Californication' eu preferi me inspirar em guitarristas como Matthew Ashman, do Bow Wow Wow e Bernard Sumner, do Joy Division, porque estavam dentro do meus recursos técnicos na época. E para mim eles são iguais a Jimi Hendrix, porque eu não penso em ninguém como o grande deus da guitarra — penso em todos os guitarristas como bons. Amo a todos por igual."
"Eu senti que poderia fazer algo tão belo quanto com o meu tocar, se me inspirasse em gente com menos recursos técnicos. Em muitos aspectos, eu curto mais o que fizemos em 'Californication', porque eu estava realmente fazendo o melhor que eu podia. Enquanto no 'Blood Sugar...', tendo em mente o que eu era capaz na época, fiz o pior que poderia."
Red Hot Chili Peppers
Considerado a personificação do rock californiano, o Red Hot Chili Peppers foi formado em 1983 por Anthony Kiedis e Flea. Desde o princípio, a banda sempre teve em seu DNA a mistura de ritmos, especialmente punk rock, funk e rap.
Com a entrada de Chad Smith na bateria e John Frusciante na guitarra, no começo da década seguinte eles chegaram ao estrelato com "Blood Sugar Sex Magik" (1991), alavancado por estrondosos hits como "Give It Away" e "Under the Bridge".
Por mais que a década de 90 tenha começado bem, ela reservava para a banda um inferno astral. Após a saída de seu guitarrista em 1992, lançou "One Hot Minute" (1995) — com Dave Navarro na guitarra — muito mal recebido, derrubou a popularidade do quarteto. Quando parecia que tudo estava perdido, com o retorno de Frusciante e o lançamento de "Californication" (1999), a banda fez mais sucesso do que nunca. Essa nova fase rendeu ainda "By The Way" (2002) e "Stadium Arcadium" (2006).
Com a nova saída de John Frusciante em 2009, assumiu a guitarra Josh Klinghoffer. Embora tenha se esforçado na gravação de "I'm With You" (2011) e "The Gateway" (2016), jamais caiu na graça dos fãs. Com o novo retorno de Frusciante em 2019, a banda lançou "Unlimited Love" e "Return of the Dream Canteen" (ambos em 2022).
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