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Ynis Vitrin: tecladista comenta álbum faixa-a-faixa

Por Emanuel Seagal
Fonte: Ynis Vitrin
Postado em 06 de julho de 2011

A banda gaúcha YNIS VITRIN retomou suas atividades após um sério acidente sofrido pelo tecladista Antonio Soccol, que ficou em coma durante 27 dias e hospitalizado por 5 meses, e finalmente lançou seu novo álbum, "The Sad Art of Smiling". Antonio comentou o disco faixa-a-faixa, revelando as inspirações por trás da obra, confira:

"O 'The Sad Art of Smiling' é a síntese do que se passa em minha mente, e busca atingir o público pelo sentimento e experiências individuais. Mostra o lado antagônico de situações cotidianas e persegue um linguajar universal, amor e ódio. Vou comentar faixa a faixa, pois quase todo o CD foi feito com minhas letras.

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1 - End of line - Esta música foi criada numa época em que eu estava muito mal emocionalmente e num relapso advento da razão eu me toquei e disse que do "fim da linha" eu iria voltar e retomar minha vida, pois descobri que havia muitas pontas soltas a serem atadas e isso só exigia bom senso e desapego. O ser humano é muito ligado a suas experiências e acaba deixando o passado e o futuro intervir no presente que é a única coisa que temos certeza.

2 - Take me home - Fiz ela enquanto andava no Shopping. Ela foi concebida em dois dias, um dia fiz o instrumental e no outro a letra. Imaginei a fragilidade de um homem solitário e pensei em alguém me levando para casa, a um lugar seguro onde eu poderia virar a noite sem medo de nada, pois a mão de alguém me aliviaria o medo e poderia ligar a luz ou apagá-la quando meus fantasmas me atormentassem.

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3 - Limbo - Fiz ela em homenagem a uma pessoa da família que morreu em um natal e a partir daí eu senti a necessidade de expressar o medo e a obsessão pela vida. Fala de alguém se atendo a vida por um filete e ao mesmo tempo dizendo que poderia encontrar um lugar em outra dimensão onde não fosse jogada para trás e nem vivesse com medos humanos. Considero uma das melhores faixas do CD, carregada de emoção e força instrumental equivalente ao apelo da canção. Uma música singular em todos os aspectos.

4 - Old memories - Fala de pessoas que são guiadas pelo amor e não conseguem se desconectar deste apego, mesmo em condições desfavoráveis a esse sentimento. A música fala que as pessoas se apegam a centelhas de amor em detrimento ao seu próprio amor por si. Escrevi ela, pois nesta época eu vi pessoas deixando este amor de homem e mulher conduzir suas vidas e eu não podia aceitar aquilo, pois pregava o desapego e o amor por si próprio acima de tudo. Ela leva o ouvinte a refletir seu rumo preso a um único desejo, o de amar, sem que isso tenha limites e certas condições, o que na verdade vai contra o bom senso, pois as pessoas não nos pertencem e partem a hora que lhes aprouver.

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5 - Open Arms - Uma canção que quebra toda a obra da Ynis pela metade, pois ela fala da vida urbana como algo corriqueiro. Coisas simples como um café esfriando, uma TV ligada montam a fio condutor da faixa. Coisas como a noite terminando, o céu carregado, o barulho das máquinas e a isolação do ser humano mesmo rodeado de pessoas e coisas. Fundamentalmente fala que a cidade toca sua rotina não se importando com o que um ser humano pensa ou passa. A cidade é surda, muda e cega e funciona com o todo e não com fatos isolados. Concebi ela na sacada de um apartamento enquanto olhava o movimento urbano e ninguém notava que eu estava ali protagonizando a minha própria história, mas que para a rotina, não importa o que eu pensasse ou dissesse, a rotina se repetiria inexoravelmete no dia seguinte. A frieza da automação sobrepujou as angústias pessoais.

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6 - Remains of life - Esta música eu só dei o nome e ela se tornou símbolo da banda e para mim a melhor faixa do CD. Quando foi me apresentado esta música pela banda eu não gostei, pois ela era Hard e eu disse que só faria algo na linha metal e que não seria conivente a ela, mas respeitei o direito da banda de fazer algo diferente e foi algo que derrubou todos os meus preconceitos musicais e 'Remais of Life' é a verdadeira síntese da Ynis.

7 - Cry - É uma música triste que na verdade faz parte de uma decepção amorosa. Ela teve um fundamento que foi dar uma resposta para a minha vida num momento de muita dor no coração. Remete-me a um dia de frio e as fumaças saindo dos chaminés em pleno inverno. Creio que seja uma música para ser ouvida num dia de chuva com muito critério, pois a letra é muito forte e retrata uma situação de perda de controle. O refrão é muito forte e diz que podemos chorar pelas mais diversas formas de emoção.

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8 - Last Words - A pesadíssima faixa 'Last Words' conta a história de um pai que está morrendo e que chama o filho em seu leito de morte para lhe pedir perdão pela vida e pelas oportunidades que perdeu-se desta convivência. Creio ser os melhores teclados que já gravei até hoje. Usei muitos timbres do Karma e tirei tudo o que eu podia além de ter dado a execução um toque diferencido. Usei muito os ataques na linha Nightwish, mas com um pouco mais de sentimento explorando muito o touchsense do Karma.

9 - Alone - Esta faixa é um épico, pois a força da canção é Aquilina. Foi a última música a ser composta pela Ynis antes do meu acidente. Esta música diz que estamos sós mesmo rodeados de pessoas e que nossa tumba está lá a nossa espera e que a vida é efêmera e solitária, cheguei a ver esta música como uma das melhores músicas feitas no metal nos últimos tempos e continuo a achar isso. Ela é extremamente recomendável.

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10 - The Sad Art of Smiling - Introspectiva e intrigante. Fala que minha arte som e a cada dia, fazendo uma analogia com a vida. Um dia tudo acaba e a música carrega esta gforça com ela. Fiz ela sem que a banda soubesse. Simplesmente a gravei, passei a letra para o Benhur e a linha vocal e o resto da banda conheceu ela quando o CD foi prensado e adoraram muito, já é um hino da Ynis Vitrin."

Algumas amostras de "The Sad Art of Smiling" podem ser conferidas no novo site da banda, em www.ynisvitrin.com.br

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Sobre Emanuel Seagal

Descobriu o metal com Iron Maiden e Black Sabbath até chegar ao metal extremo e se apaixonar pelo doom metal. Considera Empyrium e X Japan as melhores bandas do mundo, Foi um dos coordenadores do finado SkyHell Webzine, escreveu para outros veículos no Brasil e exterior, e sempre esteve envolvido com metal, seja com eventos, bandas, gravadoras ou imprensa. Escreve para o Whiplash! desde 2005 mas ainda não entendeu a birra dos leitores com as notícias do Metallica. @emanuel_seagal no Instagram.
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