Cólera: líder dos Inocentes fala sobre Rédson
Por André Nascimento
Fonte: Showlivre
Postado em 05 de outubro de 2011
Clemente Nascimento, vocalista e guitarrista dos INOCENTES e da PLEBE RUDE, num post do blog do site Showlivre (onde é apresentador do Estúdio Showlivre) deu depoimento sobre as histórias envolvendo ele e Rédson, vocalista e guitarrista do CÓLERA. Segue abaixo o depoimento:
Vermelho (Desta vez você me sacaneou Redson)
"Até hoje não sei por que o Redson gostava tanto da cor vermelha; tinha vermelho até no seu pseudônimo, que numa interpretação/tradução livre quer dizer "O filho do Vermelho". Será que é coisa de comunista da velha guarda? Hahahahaha! Ele sempre tinha um detalhe vermelho na roupa, ou era um lenço vermelho amarrado na cabeça ou na perna, se não, tocava com aquela camisa vermelha de flanela que, aliás, andava sozinha. Será que ele tinha um guarda-roupa cheio de camisas de flanela vermelhas?
Eu sempre adorei sacaneá-lo, não perdia uma piada… Ainda bem que não perdi o amigo! Lembro muito bem do dia que o conheci: foi em 1979, quando estava ensaiando com a minha segunda banda (os Condutores de Cadáver), e o Helinho (Hélio Silva) abriu a porta da garagem do Calegari, guitarrista da banda, e nos apresentou um cara que havia acabado de conhecer no Largo São bento. Quando ele me falou seu nome, Redson, pensei comigo, "Que porra de nome é esse?". Até pouco tempo atrás eu ainda achava que era o nome próprio, hahahahaha! Santa ignorância!
Uma semana depois o cara voltou ao nosso ensaio com sua banda, Cólera, e ensaiaram com a gente nos nossos instrumentos. Aliás, foi a primeira vez que eles tocaram em instrumentos de verdade. A banda contava com o Pierre, irmão do Redson, na batera, ele no baixo, o Kino no vocal e o Helinho na guitarra. A gente era chato pra caraca, mas gostamos do som e os chamamos para tocar junto com a gente em um show que estávamos organizando na nossa escola. Foi o primeiro show oficial do Cólera. De lá para cá, os anos se acumularam – muitos anos, por sinal – e sempre nos encontrávamos em shows por aí. Depois começamos a tocar juntos num projeto chamado Combat Rock. Éramos eu, ele, o Mingau (Ultraje a Rigor), Ari Baltazar (365) e Alonso Goes (Marsh Gas) tocando músicas do The Clash, sem falar nas vezes que éramos convocados para ser banda base de algum projeto maluco por aí. O último foi no SESC de Presidente Prudente, onde reinterpretamos o Rock Paulista. Nessa oportunidade, tocamos até Mutantes… Que sacrilégio para um bando de punks, hahahahaha! E é claro que eu não perdia nenhuma oportunidade de sacaneá-lo, muitas vezes no palco mesmo… O que era divertido é que ele levava numa boa (assim espero!).
A última vez que falei com ele, uma semana atrás, ele estava ansioso, pois iria participar do show do Inocentes em Brasília cantando três músicas, e já queria definir o repertório e ensaiar. Falei pra ele ficar calmo, que o show seria só no dia 15 de outubro e teríamos tempo. Mas dessa vez foi ele quem me sacaneou, não vai poder ir… E olha que eu nunca vi esse cara faltar a um show em mais de trinta anos de carreira, só pode ser sacanagem né?
Hoje (29/set), fui me despedir dele e estava todo mundo lá, até o Helinho, o cara que começou toda essa história. Pela primeira vez na vida ele me sacaneou, vai faltar ao show e me fez até chorar… E olha que sou daqueles caras durões, não chorei nem no enterro do meu pai e nem no da minha mãe, mas fui às lágrimas segurando a alça do seu caixão. Sem falar que meus olhos estão vermelhos até agora.
Ah! Essa cor vermelha! Só podia ser o Redson mesmo.
Descanse em paz velhinho, já sinto saudades de te sacanear…"
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