Blue Monday: 30 anos do hit que mudou a música
Por Nacho Belgrande
Fonte: Playa Del Nacho
Postado em 15 de março de 2013
Por Matthew Horton
O trigésimo aniversário do lançamento de ‘Blue Monday’, do NEW ORDER, passou meio batido no último dia 7 de Março. Talvez ninguém pudesse acreditar que a música fosse tão antiga, porque tenha você ouvido-a pela primeira vez semana passada ou em 1983, ela soava como um vento vindo do futuro. Isso faz sentido – o futuro é exatamente o que ela criou.
Vamos ser honestos – ‘Blue Monday’ não fora composta em um vácuo. Ela pode ter influenciado o dance e o rock por décadas, mas vasculhou os arquivos atrás de muita ‘inspiração’ pra ela própria. Aquele som perfurante de baixo, pra começar, fora uma tentativa de emular as pulsações de Giorgio Moroder em ‘Our Love’, de Donna Summer. Excelente trabalho, ficou indistinguível. A trilha rítmica também – é uma simbiose de ’Dirty Talk’, dos pós-disco italianos Klein+MBO, um disco que chamou a atenção de todos os membros do New Order quando ouviram a Hewan Clarke o tocando no Hacienda, e o refrão é chupado de ‘Uranium’, do Kraftwerk.
Mas a genialidade está em pegar elementos isolados e outros truques aprendidos por osmose e os transformar em algo que pareça novo. Quando as pessoas ouviram ‘Blue Monday’, elas não saíram dizendo, "Bem, isso é meio Klein+MBO, e essa parte é puro Bobby O" – elas diziam, "O que diabos é ISSO?" A faixa alimentou as cenas nas quais havia penetrado, pegando emprestado do movimento electro que nos dera Juan Atkins, Derrick May e Kevin Saunderson e tornando-se um pilar essencial do Techno de Detroit do qual o trio acabaria virando pioneiro. Até hoje em dia, Saunderson ainda acha espaço para ‘Blue Monday’ em seus sets como DJ.
Pode ter sido simplesmente a feliz conjunção de tempo e oportunidade, mas ‘Blue Monday’ dá a sensação de um sustentáculo. Pegue aquele empréstimo de ‘Our Love’ – os últimos dias da disco minguando, a agitação da chuvosa Manchester e o resultado é algo completamente diferente. Bernard Summer cita o grande clássico disco de Sylvester, ‘You Make Me Feel [Mighty Real]‘ como outro marco.
A palidez é a maior qualidade de ‘Blue Monday’, desde os vocais robóticos e pálidos de Summer até a desolada melodia de baixo de Peter Hook, e foi só o começo desse primórdio do Techno, ou das ‘Acid Tracks’. O apelo disco manteve o fôlego também – cinco anos depois, Quincy Jones lançaria uma reedição de ’Blue Monday’ em seu próprio selo, o Quest.
No mundo pop, o single de 12 polegadas implicava em zero de imaginação. O mix estendido em média cabia num compacto de 7 polegadas com um minuto extra de viradas de bateria enfiadas no meio ou a introdução tocada duas vezes seguidas ou – se fosse pra ousar – um interlúdio falado. ‘Blue Monday’ se deu conta de todas as possibilidades do formato: você poderia ir à falência com uma capa de disco que deixasse o selo à mostra! Mas você também podia escrever uma música apropriada para a proposta, um monstro que só poderia ser acomodado num pedaço maior de vinil. Sim, ‘Weekender’, do Flowered Up, jamais poderia ter existido sem ‘Blue Monday’. O New Order pegou um formato que era só uma ferramenta prática dos DJs de casas noturnas e o transformou em uma manifestação artística.
Não era pra ser tão crucial e marcante. Era pra ser uma desculpa totalmente automatizada para sair mais cedo pro bar. Um dos quatro apertava o botão e a faixa tomava conta de si própria, permitindo que a banda deixasse que a plateia se acabasse. Isso foi antes de eles se darem conta do quão complicado era fazer com que todos esses sequenciadores e baterias eletrônicas falassem um com o outro.
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