Ghost: Danko Jones em um longo texto sobre a banda
Por Nino Lee Rocker
Fonte: HUFFPOST MUSIC
Postado em 05 de outubro de 2013
Bom, vou começar esse texto deixando claro que essas palavras não interessam a haters da banda, dediquem seus tempos e sabedorias com as coisas que vocês gostam mais, pois dessa forma os comentários possuem mais embasamento e significância, ao contrario de criticar algo do qual você ao menos respeita.
Muitos fatores me levaram a admirar a obra do Ghost, a principal delas é essa ponte com referencias ligadas ao passado que me formou musicalmente e é algo que não acompanha a "evolução e modernidade" de grande parte do que hoje é apontado como rock, as referencias me agradam e ponto final, se eu respeito o que você gosta, você pode tolerar o que eu também admiro.
O Ghost tem chamado a atenção de vários nomes da música pesada, bandas como METALLICA, TRIVIUM, BEHEMOTH, CANDLEMASS, CRADLE OF FILTH, AMORPHIS, DRI, DANZIG, ANTHRAX, MASTODON, PHIL ANSELMO... Minha pergunta é? Isso não possui valor algum?
Recentemente me deparei com um das mais sinceras declarações de respeito ao Ghost, vinda do canadense DANKO JONES, uma figura que possui um trabalho digno e honesto e gostaria de dividir isso com vocês vamos a ela.
Talvez aqui muitos não saibam quem é Danko Jones, mas para quem não conhece o trabalho desse canadense, eu recomendo que conheçam, mas sugiro mentes abertas, porque ele é um cara totalmente cool entre os figuraças pensantes da nova safra. Confira o que ele sentiu ao conhecer o Ghost.
"A primeira vez que ouvi EDDIE VAN HALEN foi quando finalmente achei que não era mais preciso maquiagem, roupas extravagantes ou assumir algum outro alter ego para ser levado a sério como uma banda.
Meu pensamento sempre foi em total oposição a qualquer crítico de música que repudiou bandas extravagantes como o KISS, quando adolescente eu os mantinha como padrão para comparar todas as outras bandas que eu ia conhecendo, eu era do KISS Army com cinco anos de idade, era um KISS maníaco, no meu cérebro juvenil eu achava que sem make- up todas as bandas eram insossas, independentemente das músicas, costeletas ou presença de palco.
Mas os meus gostos musicais mudaram com os anos , de repente passei a admitir e defender bandas que eu considerava como de aparências simples.
Lentamente, a ideia de incorporar brilho, glamour e make- up no Rock n'Roll começou a ficar cansativo para todos, incluindo a mim, especialmente quando a música que acompanha tudo começou a parecer fraca diante do que começava a submergir do underground.
Foi quando eu vi tudo passar a ser nivelado pelo punk rock , NWOBHM, Black Metal, Thrash Metal, Crossover e eventualmente a explosão do NIRVANA.
Para minha surpresa, encontrei-me no lado oposto da música que eu cresci cultuando. Eu me sentia como um traidor, mas a música que ecoava do subterrâneo inegavelmente era impactante demais.
Conforme os anos passaram, a maioria das bandas, incluindo KISS, cedeu à ideia de vestir-se de maneira teatral para dar mais credibilidade a música do que o tradicional espetáculo e deixá-lo falar dessa forma.
Uma vez que a música é subjetiva e relativa ao seu meio, se é bom para mim pode não ser para você, pode ser difícil concluir se esta abordagem era o melhor para a música, mas uma coisa é certa,a teatralidade, os alter egos, os personagens, tornaram-se um ideia instável quando relegados a novidade (como GWAR , GREEN JELLY, LORDI , INSANE CLOWN PUSSY...).
Claro, a ausência faz o coração crescer mais afeiçoado e tanto quanto a música hoje se divide em dezenas de diferentes gêneros e facções, ainda há um anseio de uma enorme parte do público por um espetáculo musical de pompa e glamour adaptado para nossa atual realidade técnica.
O KISS colocou o make- up de volta em 96 e foi um teste que mostrou o anseio coletivo para que isso voltasse a ser real, mas, apesar de lançar três álbuns de sucesso desde o seu "make-up revival", a gente sente que a banda está lá, mas encaixada dentro da categoria nostálgica, embora no topo de seu campo, como ALICE COOPER.
No entanto, eu não estava sozinho no inconsciente desejo de uma época em que as bandas de pompa e cerimônia subiriam em popularidade novamente, que alguma coisa nova aconteceria.
Claro que haviam os maníacos mascarados do SLIPKNOT, mas a sua ascensão coincidiu com a popularidade do Nu -Metal, um estilo de heavy metal que eu não gostava muito e ao longo dos anos isso saturou ainda mais pra mim.
O SLIPKNOT foi uma banda significativa para outra geração, e eu não conseguiria me relacionar com essa nova imagem global. Eu precisava de uma banda que me falasse não apenas musicalmente, mas conceitualmente.
QUANDO APARECEU O GHOST
Eu tinha ouvido falar no álbum de estreia deles, fui atrás, ouvi os caras repetidas vezes em meu toca discos e confesso que eles me impressionaram tanto que colocaram o inferno pra fora de mim novamente com o Opus, ali havia altas dosagens de NWOBHM misturado com o MERCYFUL FATE, CIRITH UNGOL e BLUE OYSTER CULT, climas que lembravam grandes clássicos de terror como O EXORCISTA, progressivo sem ser chato, Tubular Bells... significava que era uma banda feita sob medida para os meus ouvidos.
Ouvi o disco repetidas vezes mas nunca os tinha visto, eu estava despreparado quando pela primeira vez vi uma foto da banda com o Papa Emeritus em veste branca com uma cruz de cabeça para baixo estampada em sua mitra. Eu senti minha corrente sanguinia acelerar junto com as batidas do meu coração, algo que eu não sentia desde que eu era uma criança olhando para fotos do KISS pensando que eles eram a maior coisa depois da invenção dos sucrilhos açucarados.
E era o Ghost, uma mistura altamente satânica recheada com todos os elementos que fizeram eu me apaixonar por Rock, guitarras abrasivas, altas, trajes ousados , alter egos, toneladas de maquiagem e... Satanás.
Assim como manteiga na torrada e ketchup em batatas fritas, o rock é maçante e chato sem Lúcifer. Com a batida, ritmo e humor que desperta proveniente das profundezas, eles tem todo o direito de entoar cantos sobre ele.
Pessoas da igreja estão tentando nos dizer isso há anos e mesmo que eu ache graça de seus esforços para nos alertar, eu sempre fui indiferente. A única coisa que me importa é que acho legal!
Nós vivemos em uma pós-guerra Fria, pós Y2K, imposição de poder e manifestações de ordens mundiais governamentais e autoridades religiosas cada vez mais intoleráveis, pregam os dias finais,o mundo superpovoado, a fome e a riqueza incontável jogada em bancos inescrupulosos, corrupção, guerras santas, e onde a vida humana é excluída tão facilmente como arquivos indesejados em um computador e a preocupação dos que nos governam é tão fingida como riso dublados em um seriado de televisão.
Preciso de satanismo na minha música e eu preciso muito disso pra satisfazer minha mente, meu anseio, minha alegria de outrora, aquela sensação boa de meus tempos de moleque descobrindo as coisas e me encantando, só que eu não quero que ela se apresente para mim de maneira repelente, fria e cansada.
Eu quero fumaça, efeitos, luz e sombra de neon ,Quero suntuosidade, Eu quero um circo e o baile de formatura, um show de laser do Superbowl, tudo em uma coisa só, o momento em que o primeiro acorde de guitarra soa.
Eu quero ficar com medo e aterrorizado com o corpo trêmulo. E isso acontece no momento em "Infestissumam" surge na minha frente.
Círculos de Pais e mestres adorariam frustrar o que eles consideram como atividades diabólicas esquecendo que estávamos todos adormecidos em histórias de fantasmas, Halloween e os monstros como os da Vila Sésamo (no Brasil seriam a Cuca, rsrs).
Eles (a indústria do entretenimento) promoveram essas coisas todas de terror e agora é tarde demais e eu estou velho demais para reprimir minha atração para o lado negro.
Só que agora os meus gostos soam um pouco mais refinados, Papa Emeritus II e seus Nameless Ghouls satisfazem esses desejos sofisticados e obscuros que afloraram na minha mente na mais pura perfeição."
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