Motley Crüe: a insalubridade total nos anos oitenta
Por Paulo Severo da Costa
Fonte: 'The Dirt - Confessions of the
Postado em 01 de maio de 2014
Em um dos trechos de ‘The Dirt – Confessions of the world’s most notorious rock band’, escrito em parceira entre o MOTLEY CRÜE e NEIL STRAUSS, VINCE NEIL descreve o habitat natural de um sleaze na Los Angeles dos anos 80.
"Na pia da cozinha apodreciam as únicas louças que tínhamos: dois copos e um prato, que nós poderíamos enxaguar depois. Às vezes tinha casca de bolo suficiente no prato para raspar e que daria uma refeição completa, e TOMMY não estava fazendo isso. Sempre que o lixo amontoava, nós abríamos uma pequena porta corrediça na cozinha e jogávamos para o quintal. De fato, o terraço teria sido um lugar legal, com uma churrasqueira e cadeiras, mas ao invés disso havia sacos de latas de cervejas e garrafas de bebidas empilhadas tão altas que nós tínhamos que esconder o lixo para impedir que isso caísse toda vez que abríssemos a porta. Os vizinhos reclamavam do cheiro e dos ratos que rodeavam o quintal todo, mas não tinha jeito de tocá-los, até que o Departamento De Saúde E Serviços De Los Angeles apareceu em nossa porta com papéis legais exigindo que limpássemos o desastre ambiental que tínhamos criado".
"Em comparação, nosso banheiro fez com que a cozinha se parecesse perfeitamente limpa. Nos nove ou alguns meses que moramos lá, nós nunca limpamos o banheiro. Tommy e eu continuávamos adolescentes: nós não sabíamos como. Havia tampões [absorvente tipo OB] no chuveiro das garotas da noite passada, e na pia e no espelho havia cabelos do NIKKI que tinham caído por causa da tintura. Nós não podíamos arcar com isso – ou nós éramos muito preguiçosos para arcarmos – papel higiênico, então, tínhamos meia com mancha de merda, flyers de banda, e páginas de revistas espalhadas pelo chão. Atrás da porta tinha um pôster do SLIM WHITMAN [cantor country norte-americano]. Eu não tenho certeza do porquê".
"No quarto que eu e TOMMY dividíamos era o da esquerda do corredor, cheio de garrafas vazias e roupas sujas. Cada um de nós dormia em um colchão no chão enrolado em um lençol velho branco que tinha ficado com cor de barata espremida. Mas nós pensávamos que éramos bem agradáveis porque nós tínhamos um espelho na porta do nosso closet. Ou nos éramos. Uma noite, DAVID LEE ROTH veio e sentou no chão cheio de porra, mantendo tudo do jeito dele quando a porta saiu da dobradiça e lhe acertou na parte de trás da sua cabeça. Dave parou seu monólogo durante meio segundo, e então continuou. Ele não parecia estar consciente que algo fora do normal tinha acontecido – e ele não perdeu uma parte da sua droga".
"NIKKI tinha uma TV em seu quarto, e um conjunto de portas que abriam para a sala de estar. Mas ele as mantinha fechadas por algum motivo. Ele sentava lá no chão, escrevia "Shout at the Devil’’ enquanto todo mundo estava festejando em volta dele. Todas as noites depois que nós tivéssemos tocado no Whisky , metade da multidão voltaria para nossa casa e bebia e cheirava, usava heroína, Percodan [medicamento narcótico utilizado para aliviar dores moderadas ou fortes], tranqüilizantes, e qualquer coisa que podíamos conseguir de graça. Eu era o único que aplicava porque uma mimada-rica, bissexual, que dava para três de uma vez, proprietária de um 280Z, loira, chamada Lovey, tinha me ensinado como injetar cocaína".
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