Kiss: a entrevista de Gene e Paul que deixou Ace enfurecido
Por Igor Miranda
Fonte: Guitar World / Blabbermouth
Postado em 31 de janeiro de 2019
Na noite da última terça-feira (29), o ex-guitarrista do Kiss, Ace Frehley, fez uma publicação nas redes sociais em que demonstrou estar chateado com uma entrevista concedida por seus antigos colegas de banda, Gene Simmons e Paul Stanley, à Guitar World. Na postagem, Frehley contestou as declarações da dupla e ainda fez uma acusação direta a Simmons - ele disse que o Demon apalpou sua esposa, Rachael Gordon, e lhe fez uma proposta sexual. "Ela planejava te processar, mas eu falei para ela não fazer isso", afirmou Ace.
Mas, afinal, o que Gene Simmons e Paul Stanley disseram durante essa entrevista? A principal declaração responsável por chatear Ace Frehley é uma fala de Simmons sobre a chance de ele e o ex-baterista do Kiss, Peter Criss, participarem da turnê de despedida da banda, "End Of The Road".
"Ace e Peter tiveram três chances", disse Gene. "Eles estiveram dentro e fora da banda - demitidos - por três vezes. Por drogas, álcool, mau comportamento, falta de profissionalismo... eles não estavam fazendo a parte deles. A resposta mais curta para essa pergunta é: adoraríamos ter Ace e Peter junto a nós aqui e ali. Se isso não acontecer, não será por causa de nós. Porém, eles nunca estarão de volta ao Kiss novamente", completou.
Simmons destacou que o grande ponto é que foram dadas "três chances". "Não adianta dizer: 'eu prometo que vou parar'. É como o garoto que dá um alarme falso: 'oh, eu tenho sido correto há um milhão de anos'. Incrível! Tenha uma boa vida! Vamos aceitar Ace ou Peter para subir ao palco e tocar uma ou duas músicas? Claro. Poderíamos depender de Ace ou Peter para fazer um show completo noite após noite? De jeito nenhum", afirmou.
Em seguida, Paul Stanley comentou que "não cabe a ele" dizer se ex-integrantes do Kiss vão se juntar à banda para participações especiais durante a turnê. Porém, ele destacou que o momento é de "celebração por suas realizações e história". "Qualquer um que pensar que isso é uma reunião, está errando em sua análise. Dito isso, eu adoraria ver todos no palco, em um momento ou outro. Se isso não acontecer, a escolha é dessas pessoas e não minha", disse.
O guitarrista Bruce Kulick, que esteve na banda entre 1984 e 1995, foi citado por Paul Stanley e Gene Simmons com elogios. "Nós amamos Bruce. Ele sempre foi profissional e aparecia na hora marcada. Não posso falar nada de ruim sobre ele", disse Simmons. "Bruce é alguém que não deve ser negligenciado ou subestimado com relação ao seu papel na banda", completou Stanley.
O tom dos comentários sobre Vinnie Vincent, guitarrista que esteve no Kiss entre 1982 e 1984, foi um pouco diferente - e não é para menos, já que o músico moveu diversos processos contra Paul Stanley e Gene Simmons, sendo derrotado em todos eles. "Vinnie é uma exceção - e por muitas razões. Eu diria que essa não é uma pessoa que eu gostaria de celebrar", disse Stanley.
"Vale a pena dizer que Vinnie processou a banda e perdeu por 14 vezes", complementou Simmons. "Não estou aqui para opinar, ele é talentoso e por isso esteve conosco. Porém, eu dependeria dele para subir no palco e fazer alguma coisa? Nunca. Ele pode vir aos shows? Claro, como qualquer outro. No palco? Não".
A resposta de Ace
Leia, a seguir, a tradução completa da publicação de Ace Frehley:
"Gene, sua memória está realmente incorreta. Eu nunca fui despedido do KISS. Eu sai duas vezes (não três) por minha decisão, por que você e Paul eram maníacos por controle, não confiáveis, e difíceis demais de trabalhar em equipe.
Seus horríveis comentários sobre meus maus hábitos durante os anos me custaram milhões de dólares e agora que eu estou sóbrio por doze anos você ainda diz que eu não conseguiria tocar um show inteiro.
Bem, isso é exatamente o que tenho feito durante estes doze anos com diferentes versões da The Ace Frehley Band, para seu desgosto e desgosto de Paul.
Eu sou também o artista solo de mais sucesso a sair do KISS original, e me orgulho disso. Você e Paul tentaram fazer minha carreira sair dos trilhos várias vezes durante os anos, mas não tiveram sucesso.
Eu tentei ser legal e amigável convidando você e Paul para tocarem no meu último álbum pela eOne Music, dando a cada um de vocês uma de minhas queridas Gibson Les Paul 59’, mas os comentários que li hoje me fizeram perceber que você é apenas um cuzão e viciado em sexo que está sendo processado por várias mulheres, e tenta jogar tudo para debaixo do tapete.
A cobertura do bolo foi quando você apalpou minha esposa e ofereceu sexo a ela em Los Angeles, no prédio da Capitol Records, pelas minhas costas, quando eu tentava ajudar você em uma de suas Vault Experiences. Só descobri isso muitas semanas depois... ela planejava colocar uma ação contra você, mas eu disse a ela para desistir!!!
Bom... agora estamos brigando depois de seus horríveis comentários hoje e estou achando que dessa vez deve ser mesmo 'O Fim da Estrada' ('The End Of The Road') para vocês, caras!!!
A não ser que vocês peçam desculpas sinceras e completas, me deem de volta o meu emprego na banda, e tirem Tommy do trono que eu construí. A MERDA VAI BATER NO VENTILADOR E NÃO VAI PARAR! VAI CONTINUAR!"
Sobre a "End Of The Road"
A "End Of The Road" foi anunciada oficialmente pelo Kiss em setembro do ano passado, durante uma apresentação no talent show americano "America´s Got Talent". "Essa será nossa última turnê. Será o maior e mais explosivo show que já fizemos. Pessoas que nos amam, venham nos ver. Se você nunca nos viu, essa é a hora. Será o show", disse Paul Stanley, em comunicado à imprensa.
De janeiro a abril, a turnê vai rodar pela América do Norte. Entre maio e julho, a rota é a Europa. Já em novembro e dezembro, o grupo excursiona pela Oceania.
O argentino Christian Acosta, que costuma ser boa fonte sobre turnês na América do Sul, afirmou, em publicação no Twitter, que o Kiss anunciará shows no continente em breve. Uma eventual tour sul-americana da banda, certamente, abrangeria o Brasil, por onde o grupo já passou por seis vezes - a última, em 2015, com a "40th Anniversary Tour".
Não é o primeiro "adeus"
Curiosamente, a "End Of The Road" não é a primeira turnê de despedida do Kiss. Em 2000, após duas turnês com a reunida formação original - composta por Paul Stanley, Gene Simmons Ace Frehley e Peter Criss -, a banda anunciou que encerraria suas atividades, mas, antes, realizariam a "Farewell Tour". A excursão rodou pela América do Norte em 2000.
O contrato do baterista Peter Criss se encerrava após o último show de 2000, mas foram marcadas datas em 2001, na Ásia e na Austrália. Não foi possível renovar com Criss, então, Eric Singer assumiu o posto para essas datas específicas.
Em 2002, já sem Ace Frehley, mas com Peter Criss de volta, a banda anunciou que não se aposentaria. No ano seguinte, foi realizada a "World Domination Tour", com o guitarrista Tommy Thayer no posto de Ace Frehley.
O contrato de Peter Criss, novamente, não foi renovado e ele deixou o Kiss. Em 2004, o grupo voltou com Eric Singer, além de Tommy Thayer. Em entrevistas, os líderes e remanescentes, Paul Stanley e Gene Simmons, explicaram que não queriam encerrar a banda, apenas se "livrarem" de Ace Frehley e Criss.
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