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Professor Cão: O Livro das Bruxas de Minas

Por Ricardo Ferreira
Postado em 04 de fevereiro de 2020

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Texto por Daniel Galligani

"Cão" é um nome artístico interessante que tanto remete ao melhor amigo do homem e ao ser comum que habita ruas e casas sem causar maior espanto, mas também dá uma dimensão macabra da figura satânica evocada pelo Cão. Verdade que o nome artístico é uma antiga alcunha que o cantor e musicista Rodolfo Boccia ganhou na adolescência quando sua voz baritonal já se destacava das vozes agudas e desafinadas dos outros jovenzinhos. Contudo é importante entender que a aura que envolve o trabalho feito por Cão perpassa entre o que cativa e o que causa estranhamento; o que seduz e o que assusta; o que se mostra e muito do que se esconde.

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O Artista é dono de um modo próprio de falar, escolhe palavras pouco comuns e tem expressões usadas apenas por ele que a princípio pode causar um impacto ou até mesmo soar engraçado, mas que num segundo momento percebemos que não é um modo de falar, mas sim um método. Um método pelo qual uma pessoa introspectiva e avessa a vida frenética do consumismo assume para poder dizer parte daquilo que vê, compreende, absorve e acredita. Sendo assim, a música é quase uma extensão desse método e, da mesma forma, traz características próprias construídas na base do rock’n’roll vigoroso e repleto de belas guitarras. Escutar suas músicas é um convite a entender o cantor que, assim como a enigmática esfinge, tem como lema: "Decifra-me ou Devoro-te".

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Antes de analisarmos o som podemos observar alguns trechos das canções presentes no álbum: "O Livro das Bruxas de Minas". O Estilo das letras é gótico e retratam as dores da existência através de alegorias fantásticas.

O título psicodélico da canção "Astronautas no Azulejo" emite a sensação que nada trará claramente sobre nosso misterioso artista, porém olhando atentamente como um psicanalista Freudiano analisamos os seguintes versos: "É só aqui nos submundos inóspitos da consciência; é onde há o direito de um grito menos frágil, e um corpo menos denso, deixa a criança chorar". Ou seja, viver à margem do modelo consumista e alienado é a forma que Cão encontra de libertar suas angústias e ter um caminho que leve a alguma pureza. Cão é um alquimista que usa o som, o recolhimento, o verbo como um modelo de se alcançar a substância pura da vida. Não se afasta da natureza, uma vez que seu próprio codinome a evoca na esfera puramente física e também na metafísica. O grito sufocado é o grito animal, ancestral que está presente no discurso e nas músicas de outros cavalheiros do rock. O objetivo não é a destruição do mundo, mas sim a comunhão com a natureza humana animal.

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"Pactus" traz a questão da oportunidade em oposição à ética quando nos mostra a "festa para os decaídos" e o fogo que habita em cada um. Nela o personagem e possível alter ego de Cão tem que escolher em viver com uma chama pequena que o incomoda por ser finita e pouca, ou ajudar uma figura mefistólica a apagar as outras chamas presentes em troca de uma chama mais forte. "Trilhas do Âmago" mostra como é difícil o amor até mesmo para as pessoas que se sentem centradas ou como o artista diz: "Aqueles que pensam parar no ar feito morcego ou beija-flor são os que sofrem por amar, são os perdidos de amor"; poesia que evoca uma antítese entre o morcego e o beija-flor, a partir de uma característica comum entra as duas espécies, que é bater asas parados e suspensos no ar.

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"Maya" mostra o sentimento de isolamento e de descolamento social a partir da apatia em relação ao carnaval e ao Natal. "Noites Brancas", o conto carregado de lirismo do russo Dostoiévski é o título de uma das canções e traz também as angústias do amor unilateral e o passado, mais uma vez sendo visitado. E quão belo é ver na canção "Os sins" alguém defender a palavra "não" diante de um mundo permissivo e de egos inflados que não admitem tal palavra, como crianças mimadas. Nessa música mais uma vez a natureza profunda é evocada e personificada com a ajuda da própria ciência astrofísica (outra paixão do cantor).

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Muitas pessoas afirmam que a vida é processo pelo qual temos que abrir mão das coisas que mais amamos uma hora ou outra. Cão parece sentir amargamente o tempo passando e sua música é uma ode ao tempo que nos impulsiona e nos consome. Em "Rosa dos Rumos" vemos os versos: "Como é perder um dia, um minuto, um trem? Como é perder na vida, um dia alguém?".

Por fim, Cão desprende-se ainda mais das convenções sociais, das preocupações mundanas na música "Lemúria", porém, o amor que tanto o consome quanto o justifica, ainda está presente na solução por ele encontrada que é se isolar nos "montes do Sião". Em Cão o isolamento e o misticismo são instrumentos alquímicos.

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Uma vez comentadas as letras passamos ao som que tão bem as acolhem. A voz de cão é aveludada e pontuada entre o baixo profundo e o barítono. Seu timbre tem notas mais sérias e ríspidas, ou irônicas e engraçadas, na medida em que ele quer enfatizar uma ideia contida na letra. Por isso Maya é mais leve e engraçada (sem ser boba) do que Trilhas do Âmago que propõe uma reflexão sobre o amor, a dor do amor. As guitarras são precisas e muito presentes como nos bons rock’n’rolls. Solos rápidos e melodiosos, distorções gostosas de ouvir para quem é fã do gênero. Sabendo-se que Cão compôs seu estilo ouvindo muito Ramones e ao mesmo tempo muito heavy metal podemos admitir que ele tem a urgência e o carisma do primeiro e a densidade e os riffs do segundo. É um casamento entre o punk e o heavy num meio tom que pode agradar qualquer fã dos dois estilos porque não foi criado pra ser uma mistura, mas sim é uma mistura que nasceu organicamente nos caldeirões do bruxo Cão.

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As faixas:

01-Astronaves no Azulejo
02-Pactus
03-Trilhas do Âmago
04-Maya
05-Noites Brancas
06-Os Sins
07-A Serpente Antiga
08-Rosa dos Rumos
09-Lemúria

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