Aerosmith: Slash diz que 1° show que viu deles foi horrível e Van Halen os detonou
Por Igor Miranda
Postado em 03 de julho de 2020
O guitarrista Slash nunca escondeu que o Aerosmith foi a banda que mudou a vida dele. Ao ouvir o álbum "Rocks" (1976), o músico do Guns N' Roses relata que conheceu uma espécie de novo mundo, onde mergulhou de cabeça e do qual nunca mais saiu.
Porém, houve uma ocasião em que ele se decepcionou com a banda. E foi logo no primeiro show deles que teve a oportunidade de assistir. Em uma antiga entrevista à Classic Rock, republicada agora pelo site da revista, o músico fala sobre sua relação com o Aerosmith e sobre a fatídica apresentação.
Inicialmente, Slash conta que cresceu ouvindo bandas como Rolling Stones e The Who e que sempre gostou delas mais do que de Beatles, por exemplo, já que "representavam mais a anarquia". Todavia, ele as via como "bandas do pai" dele, já que pertenciam a outra geração - o guitarrista nasceu em 1965 e viveu sua adolescência entre as décadas de 70 e 80.
Ao mudar-se da Inglaterra para os Estados Unidos, quando tinha entre 13 e 14 anos, Slash redescobriu a música por conta própria. "Estava indo atrás de uma garota que tinha o dobro da minha idade. Quando finalmente cheguei ao apartamento dela, ela tocou 'Rocks' pela primeira vez. Aquele disco transformou minha vida. Parecia ter sido composto para mim. Quando ouvi, de repente, entendi o que era a vida. Era algo barulhento, pesado, gritante, com um groove sensual", afirmou.
Por volta dos 15 anos, quando começou a aprender guitarra, Slash logo quis saber como tocava "Back in the Saddle". Ele diz que se atraiu pela música, e não pelo visual ou pelo estilo de vida do Aerosmith. "Conheci vários rockstars quando criança, pois meus pais faziam parte dessa cena, então, não era grande coisa. Só mais tarde, quando comecei a ver algumas revistas de rock, que eu comecei a prestar atenção à imagem", disse.
A decepção no palco
O então aspirante a guitarrista comprou o disco ao vivo "Live! Bootleg", que ele define como o "melhor trabalho ao vivo da história do rock", e foi atrás de assistir a banda no palco. Aí veio a decepção.
"Foi em 1978, no World Music Festival. Eram dois dias, com 15 a 20 bandas por dia. Ted Nugent e Cheap Trick eram os headliners do primeiro dia, Aerosmith e Van Halen estavam no segundo. E o Aerosmith foi horrível! Reconheci apenas uma música em todo o repertório. Era apenas uma grande quantidade de barulho. Aquilo me desapontou. Esperava que fossem mais profissionais", declarou.
O entrevistador apontou que, naquele dia, os músicos poderiam estar drogados - o problema do Aerosmith com a dependência química se tornaria notável com o passar do tempo. "Oh, com certeza estavam", disse Slash. "Porém, eu não tinha ideia do que era a banda naquela época. Eu não sabia que um bom show do Aerosmith era algo raro na época. O Van Halen detonou com eles. Só que eu era tão inocente. Via Steven Tyler caindo no palco e pensava: 'uau, esse cara deve ser desajeitado'. Não havia ideia que as drogas estavam envolvidas", completou.
As drogas e a ruína do Aerosmith
Slash se deu conta de que as drogas estavam acabando com o Aerosmith após o guitarrista Joe Perry sair da banda, em 1979. "Falaram muito sobre esse problema e eu fiquei chateado. Não entendia por que uma banda poderia acabar por algo tão estúpido. Quando Keith Moon e John Bonham morreram, entendi por que o The Who e o Led Zeppelin acabaram. Mas quando o Aerosmith rompeu, eu fiquei de coração partido", disse.
Em seguida, o entrevistador aponta que o Aerosmith fez alguns discos ruins durante o período mais acentuado da crise com drogas. Slash nega e aponta que apenas "Rock in a Hard Place" (1982), gravados sem Joe Perry e o também guitarrista Brad Whitford (que só toca na faixa "Lightning Strikes") não é bom. "Tem algumas músicas legais, mas não soa correto. E é isso. Depois, acabaram por um bom tempo", afirmou.
Aerosmith e Guns N' Roses
Curiosamente, Slash também sofreria daqueles mesmos problemas com drogas. Antes, em 1987, ele teve a oportunidade de excursionar com o Aerosmith, abrindo os shows junto do Guns N' Roses. A turnê foi marcada por uma exigência em que os membros da banda veterana pediam aos novatos para evitarem qualquer consumo ou menção a drogas para eles.
"O Guns era muito arruaceiro e o Aerosmith mantinha distância. Não saíamos juntos porque eles tinham essa regra de cortar álcool ou drogas. Não podia beber nada nem estar chapado perto deles. Mas eu os conheci e eles se tornaram grandes amigos", concluiu Slash, que revelou, ainda, não ter se interessado por nada lançado pelo Aerosmith a partir da década de 1990.
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