Blackie Lawless: por que toda banda de rock após 1983 tem dívida com o Quiet Riot
Por Igor Miranda
Postado em 22 de agosto de 2020
O líder do W.A.S.P., Blackie Lawless, lamentou a morte do amigo baterista Frankie Banali, que tocou em vários álbuns da banda e se consagrou também com o Quiet Riot, em uma postagem nas redes sociais. Banali faleceu na última quinta-feira (20), aos 68 anos, após lutar contra um câncer no pâncreas em estágio 4 por 16 meses.
Em um texto nas redes sociais, Lawless conta que conheceu o baterista precisamente no dia 17 de julho de 1975. "Foi minha primeira noite em Hollywood. Estava com medo e não sabia o que essa 'fábrica dos sonhos' reservava para mim. [...] Ele estava encostado na parede externa do The Roxy (casa noturna), na Sunset Strip. Arthur Kane o conheceu na última viagem do New York Dolls à Los Angeles e me apresentou a ele", relatou, inicialmente.
De cara, rolou uma identificação entre Blackie e Frankie. "Eu pensei: 'nem ligo se esse cara não consegue tocar algo, ele é um rock star e ninguém sabe disso ainda'. Eu queria muito estar em uma banda com ele. Ao longo dos anos, nossas vidas se cruzaram pessoal e profissionalmente de várias formas. Eu ia assistir aos shows das bandas dele e ele ia aos meus. O talento dele o 'descolava' de todos com quem ele tocava", afirmou.
Foi para Banali, inclusive, que Lawless mostrou a primeira versão do álbum "The Crimson Idol", ainda em 1979 - o disco só foi gravado em 1992 e foi um dos trabalhos que o baterista fez com o W.A.S.P., dividindo a função com Stet Howland. "Sentamos em meu carro depois de nos encontrarmos em uma lanchonete e ouvimos. Foi quando começamos a desenvolver uma amizade que duraria para o resto de nossas vidas", relatou.
Além de descrever Frankie como um cara muito engraçado - "sério, ele poderia fazer um cachorro dar risada" - e gentil - "ele ajudava muitas crianças órfãs de diferentes países e me mostrava as fotos, mas nunca falou sobre isso publicamente" -, o líder do W.A.S.P. pontuou que o trabalho do baterista com o Quiet Riot fez história. O primeiro álbum que traz o músico tocando com a banda, "Metal Health" (1983), foi o primeiro trabalho de heavy metal a atingir o topo das paradas da Billboard, nos Estados Unidos.
"Em 1983, quando o Quiet Riot lançou o inovador 'Metal Health', o mercado da música mudou. Não há nem como exagerar ao falar disso. Esse álbum deu à luz um movimento inteiro, do qual eu e muitos outros nos beneficiaríamos depois. Vendeu 10 milhões de cópias nos Estados Unidos e mais ainda no restante do mundo. Nenhuma outra banda do chamado 'hard rock' ou 'heavy metal' havia conseguido fazer isso antes deles", disse Lawless.
Em função disso, na visão do líder do W.A.S.P., toda banda de rock após 1983 tem uma dívida com o Quiet Riot. "Esse álbum arrombou as portas de todos os pensamentos convencionais do que uma banda de rock era capaz de fazer. Toda banda de rock, e eu reforço, TODA banda de rock que veio após o Quiet Riot tem uma dívida com eles que nunca poderá ser paga. Sem a banda, o estilo que conhecemos e amamos não existiria da forma como existe. Criou um efeito dominó que mostrou à MTV, gravadoras, empresários de shows, agentes e todas as bandas de rock que chegavam que aquele estilo musical não iria embora e ainda se tornaria popular", afirmou.
Por fim, Blackie Lawless diz que Frankie Banali era muito superior a ele em talento musical, mas que seu respeito pelas músicas e composições o diferenciava e viabilizava o trabalho entre os dois.
"Eu o usava como o instrumentista principal em estúdio. Eu o forçava a carregar os arranjos de uma forma que só é reservada a vocalistas ou guitarristas solo. Eu jogava ideias para ele e o via trabalhando nelas com seu filtro de bateria extraordinário. [...] Meu amigo se foi, mas em cada coração, há uma verdade que bate. Ele acreditava no Senhor Jesus Cristo e sei que ele o verá novamente", disse.
A postagem, na íntegra, está disponível no Facebook.
A morte de Frankie Banali
Frankie Banali, conhecido pelo trabalho com bandas como Quiet Riot, W.A.S.P., Billy Idol, Faster Pussycat e Steppenwolf, entre outros, morreu nesta quinta-feira (20), aos 68 anos. O músico lutou contra um câncer no pâncreas em estágio 4, o mais avançado, por aproximadamente 16 meses - ele foi diagnosticado com a doença em abril de 2019.
Um comunicado divulgado por Regina, esposa de Frankie Banali, aponta que o prognóstico era de apenas 6 meses de vida. O baterista conseguiu superar essa previsão, mas a quimioterapia deixou de fazer efeito e ele sofreu uma série de derrames cerebrais.
Banali sucumbiu à doença na quinta (20), às 19h18, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Ele deixa a esposa e a filha Ashley.
Na ativa desde a década de 1970, Frankie Banali se tornou notável como baterista do Quiet Riot, banda à qual se juntou em 1982 e da qual fez parte de quase todas as formações. Ele era, inclusive, o único músico do line-up clássico a seguir no grupo, junto do vocalista Jizzy Pearl, do guitarrista Alex Grossi e do baixista Chuck Wright.
Com exceção dos dois primeiros - "Quiet Riot" (1977) e "Quiet Riot II" (1978), que só saíram no Japão -, todos os álbuns do Quiet Riot contaram com Frankie Banali na bateria. O músico só não esteve na banda entre os anos de 1991 e 1993, quando o vocalista Kevin DuBrow, falecido em 2007, decidiu retomar as atividades do grupo com Bobby Rondinelli na vaga dele.
Em sua extensa discografia, Banali também tem diversos trabalhos com o W.A.S.P., de Blackie Lawless. São eles: "The Headless Children" (1989), "The Crimson Idol" (1992), "Still Not Black Enough" (1995), "Unholy Terror" (2001), "Dying for the World" (2002), "The Neon God: Part 1 - The Rise" (2004) e "The Neon God: Part 2 - The Demise" (2004).
Ele também gravou álbuns com Billy Thorpe, Hughes/Thrall, Kuni, Heavy Bones, Blackthorne e Julliet, além de tocar na estrada com Faster Pussycat, Steppenwolf e outros projetos.
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