CPM 22: após afastamento, Japinha é oficialmente desligado da banda
Por Igor Miranda
Postado em 17 de agosto de 2020
O baterista Ricardo Japinha foi oficialmente desligado do CPM 22. No último mês de junho, o músico havia sido afastado após o vazamento de uma conversa, datada de 2012, entre ele e uma fã de 16 anos.
A informação foi confirmada em um texto divulgado pelo vocalista Fernando Badauí, na página do CPM 22 no Facebook. O cantor relembrou o início da banda e destacou o desgaste que pode ocorrer nas atividades de um projeto duradouro "desde que não ponha em risco o principal motivo" das atividades, que é o próprio grupo.
"Em 1995 o Wally me chamou pra montar o CPM que depois se tornaria CPM 22. Desde então, isso passou a ser a minha razão de viver, assim como a oportunidade de poder expor meus ideais, o que acredito, o que me incomoda, o que me deixa feliz, as frustrações, o amor... A banda se tornou profissional, caímos na estrada, foi e está sendo a realização de um sonho, mas com isso, mesmo sendo algo sensacional, vem o desgaste, a convivência e as divergências. Isso é normal, desde que não ponha em risco o principal motivo de estarmos aqui, o CPM 22", diz, inicialmente.
Em seguida, Badauí afirma que "cada integrante que saiu da banda, saiu por alguma razão". "E estamos passando de novo pela mesma situação. Depois de sermos surpreendidos com o teor das questões relacionadas ao nosso baterista Ricardo Japinha, tentamos entender realmente o que significava isso tudo e chegamos à conclusão que esse tipo de conduta NÃO condiz com o que acreditamos e com o que a banda defende. Dito isso, venho aqui comunicar que, após uma conversa franca, entre nós, olho no olho, o Japinha está sendo desligado do CPM 22", declara.
Por fim, o vocalista diz que as decisões no CPM 22 "sempre foram e sempre serão tomadas para o melhor da banda, como instituição". "Todos cometemos erros, mas alguns, infelizmente comprometem uma relação! Agradecemos de coração e o desejamos sorte! Quem quiser seguir com o CPM 22, vamo com tudo! Eu amo essa p*rra, essa banda faz parte de mais da metade da minha vida e às vezes temos que tomar decisões difíceis. Se não tivéssemos enfrentado cada situação, boa ou ruim, com seriedade, não estaríamos completando 1/4 de século de existência", conclui.
As conversas que tiraram Japinha do CPM 22
No último mês de junho, foram divulgadas conversas de 2012 em que Japinha conversa com uma fã de 16 anos. O conteúdo foi publicado pela página Exposed Emo, em que mulheres denunciam, anonimamente, supostos assédios e abusos sexuais de músicos das bandas de rock do Brasil, especialmente as do chamado emocore.
Trechos das conversas podem ser visualizados em reportagem do G1, que também entrevistou o músico.
O caso ganhou repercussão adicional nas redes sociais após o baixista Fernando Sanches ter divulgado que deixaria o CPM 22. O motivo não foi revelado, mas como a banda havia anunciado que estava até trabalhando em um novo álbum recentemente, fãs começaram a debater se o caso envolvendo Japinha teria relação com a saída de Fernando.
O CPM 22 foi formado em 1995 e Ricardo Japinha se tornou o baterista em 1999, substituindo Santiago. A banda segue com o vocalista Badauí e os guitarristas Luciano e Phil. Em lives acústicas realizadas desde junho, o grupo tem se apresentado, também, com o baixista Ali Zaher Jr, sem baterista ou percussionista.
O que Japinha falou sobre o assunto
Quando as conversas vazaram, Japinha havia publicado um comunicado pelas redes sociais - apagado algum tempo depois - em que declarava: "Quem me conhece, de verdade, sabe da minha índole e do meu caráter, e que jamais agiria com o intuito de machucar alguém, seja física ou psicologicamente. Abomino qualquer forma de desrespeito ou abuso contra quem quer que seja".
O texto completava: "Humildemente, coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos em face de qualquer pessoa que tenha se sentido mal ou prejudicada, por algum mal entendido. Por fim, informo que todas as medidas legais cabíveis já foram tomadas, para evitar a propagação de informações que não condizem com a verdade".
O comunicado no Instagram, removido posteriormente, não esclareceu se os prints da conversa divulgados são reais. Porém, Japinha confirmou ao 'G1' que as capturas de tela são verdadeiras e que a conversa, de fato, aconteceu. Na ocasião, ele conversou com a reportagem antes de ser afastado e, consequentemente, desligado do CPM 22.
"Aquela conversa aconteceu. Isso eu não tenho medo de admitir. Logicamente se eu pudesse voltar no tempo e não ter mais aquela conversa, até pela dor de cabeça que ela gerou, eu não teria. Mas se fosse me arrepender, eu me arrependeria de ter tido essa conversa, e não de ter feito alguma coisa errada, porque eu não fiz", disse.
O baterista disse que se sente incomodado com a situação e que não faria de novo, mas declarou que estava apenas brincando e que não fez nada de errado. "Essa conversa específica realmente incomoda, incomoda até a mim. Eu fiz uma brincadeira naquele momento com a menina. Falei que eu tinha oitenta anos. Ninguém em sã consciência conseguiria acreditar. A menina fala que não adianta mentir, sabia que eu tinha 38. Aí eu dei risada", afirmou.
Japinha contou que "estava rolando um clima meio de paquera" e que foi procurado pela fã. "Perguntei se ela tinha namorado. Ela falou que sim. Aí eu recuei. Brinquei e falei que não, eu tinha ciúmes. E aí ela falou que tinha 16 também, aí que eu recuei mais. Eu não tenho essa mania. Eu não gosto. Na estrada, chegava ao ponto de eu pedir RG para as meninas para não ter que tomar nenhum susto nesse sentido. E o principal: eu nunca vi essa menina pessoalmente. Nunca falei com ela", disse.
Questionado pela reportagem do 'G1' sobre o suposto "recuo" de Japinha, o baterista disse que "conversar não mata ninguém". "Eu não fiquei falando que queria... Tudo bem, teve um papo lá de virgindade. Eu até brinquei em relação a virgindade. Mas nunca querendo... sabe? Depois que ela falou que tinha namorado, eu já evito mulher com namorado. E já brinquei falando que tinha ciúme. Foi esse o sentido da conversa", afirmou.
O músico declarou que consultou três advogados para saber se havia crime naquela conversa e todos eles declararam que não há. Ele revelou, ainda, que pode processar internautas que o chamarem de "pedófilo" e "estuprador", embora não goste de "brigar". "Não gosto de briga, sou da paz. Sou espiritualizado, religioso. Só que aí começou a esbarrar na banda. Os meninos da banda falaram: pô, se posiciona aí, Japinha, tão enchendo o saco. Sua imagem. É o Japinha do CPM", disse.
[an error occurred while processing this directive]Com relação à saída de Fernando, Japinha disse não saber o motivo. "Eu não conversei com o Fernando ainda. Mas ele já tinha um desentendimento dentro da banda. Não só comigo, mas com outros integrantes, o Luciano. Para mim, (o motivo) não foi falado", afirmou.
A entrevista completa com Japinha pode ser conferida no 'G1'.
CPM 22: A saída de Japinha após vazamentos de conversas com fã de 16 anos
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