Paul Stanley fala dos desafios para superar problema congênito na orelha
Por Igor Miranda
Postado em 29 de dezembro de 2020
O vocalista e guitarrista do Kiss, Paul Stanley, falou abertamente sobre o problema congênito que tem na orelha direita. O músico nasceu com microtia, deformidade onde o pavilhão auricular não se desenvolveu por completo - por conta disso, ele é surdo do lado em questão.
Embora tenha feito uma cirurgia reconstrutiva por volta dos 30 anos de idade, quando já havia conquistado fama com o Kiss, Paul Stanley precisou enfrentar o problema em suas primeiras décadas de vida. Nesta nova entrevista, concedida ao canal de YouTube "Lipps Service" e transcrita pelo Ultimate Guitar, o músico declarou que mesmo tendo uma deficiência, nunca quis "bancar a vítima".
"É fácil dizer que minha vida foi dura, mas há vidas muito mais duras. O que importa é: você quer ser uma vítima ou quer vencer? É muito fácil se enxergar como vítima. Você pode comprometer a própria vida ou arregaçar as mangas e fazer a coisa certa. Sempre fui um batalhador e um otimista", afirmou.
Em seguida, o Starchild explicou um pouco melhor como foram os primeiros anos de sua vida no que tange à microtia. "Tenho um problema de nascença e certamente fui muito ridicularizado, pois é o que crianças tendem a fazer - e, às vezes, adultos. Sou surdo do lado direito, o que dificultou meu aprendizado, pois eu não entendia o que as pessoas diziam. Se há uma multidão, fico perdido", disse.
O músico contou que até hoje lida com situações corriqueiras relacionadas à sua audição. "Há alguns anos, fui jantar com minha esposa e um grupo de amigos. Ela se inclinou e me ouviu cantarolando algumas músicas. Eu estava em meu próprio mundo, pois eu não conseguia ouvir o que eles conversavam", afirmou.
Na infância, quando a microtia causava mais problemas para Paul Stanley, o grande refúgio era a arte. "Tenho sorte de ter crescido em uma família onde minha mãe nasceu em Berlim e fugiu dos nazistas, e meu pai era da Polônia. Na Europa, música e artes são muito essenciais. Não é um luxo: faz parte da sua vida, como pão. Então, cresci em uma família que ia a museus, ouvia música. A primeira música que ouvi foi 'Piano Concerto No. 5', de Beethoven. Ouvia Schumann, Mozart...", declarou.
Falta de apoio na música
Apesar dos pais de Paul Stanley serem bastante ligados à arte, não houve grande apoio por parte deles para que o filho seguisse carreira na música. Hoje, ele diz entender a posição dos pais.
"Era o medo. Seus pais querem que você tenha sucesso. Se você diz a seus pais... e eu não só falava que ia ser um músico, eu dizia que seria um astro do rock. Isso é como falar que você vai viajar à Lua. A reação é de desprezo ou pena", disse.
Stanley revelou que antes de se tornar um rockstar consagrado, só conseguia pensar em como atingir esse objetivo, 24 horas por dia. "Se você tem uma meta e acredita que seja capaz, a única coisa em seu caminho é o trabalho duro. Claro, há obstáculos, há pessoas dizendo que será impossível, e essas são as pessoas que fracassaram antes. Se eu posso ser uma luz para alguém, digo a essa pessoa: você consegue", declarou.
A entrevista completa pode ser ouvida, em inglês e sem legendas, no player a seguir.
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