Rafael Bittencourt: ouça "Dar as Mãos", que reúne Carlinhos Brown, MC Guimê e mais
Por Igor Miranda
Postado em 28 de maio de 2021
O guitarrista Rafael Bittencourt, do Angra, lançou nesta sexta-feira (28) uma música inédita de seu novo projeto, o Exército da Esperança. A faixa, intitulada "Dar as Mãos", conta com participações de diversos artistas, como Carlinhos Brown, MC Guimê, Toni Garrido, Andria Busic, Marcello Pompeu, Alírio Netto, entre outros.
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O Exército da Esperança é definido como um projeto que "visa propagar uma mensagem de união, fé, resiliência e confiança à população" em meio à pandemia. Por sua vez, "Dar as Mãos", composição de Bittencourt com Guimê, é descrita como "a maneira encontrada para transmitir esperança e união, convidando a todos os ouvintes a darem as mãos simbolicamente, em um momento em que a humanidade se viu forçada a se isolar".
Tanto a letra quanto a melodia de "Dar as Mãos" se distanciam um pouco do estilo apresentado por Bittencourt no Angra ou em outros projetos. Todavia, em entrevista exclusiva ao Whiplash.Net, o guitarrista comentou que tem feito algumas composições em português, como a faixa que acaba de ser lançada.
"Tenho escrito algumas coisas em português, que muitas vezes acabam engavetadas porque o público do Angra é mais fechado para diferentes experiências. É um público que ficou traumatizado por muitas mudanças de formação e outras coisas. Então, quanto menos você mexe em transformações, parece que, para eles, é mais confortável. Mas eu gosto de música em português, e de escrever em português. Quis levar isso adiante, juntando artistas brasileiros de diferentes segmentos", afirmou.
Assista ao videoclipe de "Dar as Mãos" a seguir:
"Dar as Mãos", especificamente, foi escrita no período inicial da pandemia, quando muitas pessoas ainda não sabiam como seria a vida com um vírus de potencial letal circulando por aí. Durante a entrevista, Bittencourt destacou o papel de responsabilidade social exercito pelos artistas ao longo desse último ano.
"Estávamos divididos entre duas grandes frentes: quem estava em casa, recolhido e morrendo de medo no começo, e quem estava no hospital, sendo acolhido pela frente da saúde. O artista, então, foi quem acolheu as pessoas que estavam em casa. As pessoas procuraram lives, séries, livros, músicas, discos... passaram a comprar discos de artistas que gostam, colecionar até mesmo coisas que remetiam ao 'mundo antigo'", declarou.
A mensagem do projeto é não apenas de esperança, como, também, de reflexão. "Fiquei em choque nas primeiras semanas. Foi quando a música me surgiu, pois pensava que o mundo nunca mais seria o mesmo. Não sabia quantas pessoas iriam morrer, se eu iria sobreviver, o que seria do mundo daqui 2 anos. Essa incerteza me motivou e eu quis levar esperança. Uma hora, todas as tragédias passam. Então, a mensagem era: quando isso passar, que a gente possa fazer um mundo melhor, depois de parar e refletir. As vidas das pessoas estavam muito intensas antes da pandemia e fomos forçados a parar", comentou o guitarrista.
O Exército da Esperança e a colaboração de MC Guimê
O Exército da Esperança é formado por diversos artistas. São eles: Rafael Bittencourt, Carlinhos Brown, MC Guimê, Luana Camarah, Toni Garrido, Família Lima, Lívia Correa ("The Voice Kids"), Yisrael Fernando ("The Voice Kids"), Livia Dabarian, Alírio Netto, Thiago Bianchi, Andria Busic, Marcello Pompeu, Fernando Nunes, Nei Medeiros, Marcell Cardoso, Wellington Sancho, Julia Ferreira, Claudia Bossle e Oscar Gonzalez.
O nome do projeto nasceu da união entre duas palavras que, segundo o músico, parecem dividir a população brasileira neste momento. "Eu precisava batizar esse projeto de alguma forma, então, tornou-se Exército da Esperança, para juntar essas duas palavras que também, aparentemente, dividem o povo brasileiro: as palavras 'exército' e 'esperança'. Foi a cereja do bolo", afirmou.
Entre os convidados, Bittencourt comenta que o primeiro que ele pensou em chamar foi Carlinhos Brown. Em material de divulgação, ele já havia dito: "Sou fã dele, somos amigos e ele é uma pessoa que faz música em um gênero completamente diferente do meu. Um cara do pop e um cara do rock dando as mãos, já seria um tanto quanto inusitado. Então comecei a pensar em uma mulher para estar conosco, e convidei a minha amiga Luana Camarah para participar".
Em entrevista, o guitarrista também falou sobre a participação de MC Guimê, que não estava programada inicialmente. "A música já estava pronta, os artistas estavam gravando. Fiquei resistente em abrir um pedaço na música para colocar um hip hop, mas percebi que aquilo era o que eu mesmo estou combatendo: o preconceito. Então, abri um buraco no meio da música, coloquei uma base e mandei para ele, junto do produtor, Bruno Agra, que é meu amigo e também é produtor do Guimê", contou.
A colaboração do MC, que compôs um rap para um trecho da canção, foi tão importante que arrancou lágrimas do músico do Angra. "Ele colocou o beat para tocar e cantou, ao vivo, no celular, de primeira. Comecei a chorar (risos). Esse é um projeto muito pessoal, onde busco revelar quem sou fora dos estereótipos do Angra. Comecei a chorar e pensei: 'ele é um gênio'. Ficou certinho no tempo que mandei, a ideia se desenvolve e se amarra no final, com rimas bem costuradas", disse.
Guimê foi definido por Bittencourt como "um artista de hip hop, assim como ele me vê como um artista de rock, não de heavy metal melódico" e teve o seu talento de composição destacado pelo guitarrista.
"Senti saudades de ter parceiros que escrevem, porque gosto muito de escrever, escrevo todos os dias, mas dentro do heavy metal há poucas pessoas que realmente querem escrever. A maioria quer escrever na hora de fazer uma letra, 5 minutos antes de gravar. Aí não adianta, precisa ter gosto e prática. Dá para ver que ele tem tanta prática que quase não escreve: sai recitando e só escreve depois, para guardar a ideia. Foi quando vi que encontrei um parceiro para texto. Posso até receber críticas dos fãs de metal, mas eu digo: 'desculpa, mas, na vida, nunca tive um parceiro que escrevesse de forma tão fluida, que é ao mesmo tempo coloquial e profunda, como o Guimê'.", pontuou.
Sequência do projeto e planos do Angra
Ainda não se sabe se o Exército da Esperança produzirá mais músicas. Porém, Rafael Bittencourt tem uma ideia para dar sequência ao projeto: uma live com show.
"Imagino um show, uma live, onde a gente toca músicas da carreira de todos esses artistas, depois tocamos essa música no final, e as pessoas poderiam doar dinheiro para quem precisasse, como uma ONG. Ainda podemos nos juntar mais vezes para ajudar as pessoas", disse.
O Whiplash.Net também perguntou ao guitarrista sobre os próximos planos do Angra. Como a pandemia impediu a realização de shows, o grupo está promovendo uma reestruturação interna, mas sem deixar de trabalhar em um novo álbum, para suceder "Ømni" (2018).
"Estamos reestruturando a banda internamente. Sofremos muito nessa banda por conta da relação entre todos. Não por más relações, mas por não ter solidificado. Então, aproveitamos para isso. Quem quer estar junto, fica. Quem não quer, tudo bem. Aproveitando que são 30 anos, que foi quando eu comecei, justo em maio de 1991, a juntar as pessoas para fazer essa banda, estamos relançando álbuns. Estamos reaprendendo uma série de coisas e temos um novo empresário. Tudo está acontecendo ao mesmo tempo", afirma.
Ele completa: "São vários projetos. Um deles é o álbum novo. Também estamos tecendo um documentário que vai contar essa história de 30 anos. Fora isso, estamos lançando o DVD ao vivo da turnê do 'Ømni', lançamos um vinil do 'Angels Cry' e um quebra-cabeças dele, licenciamos produtos que não fazem parte da nossa órbita mas que são parcerias com outras empresas. Há muitas coisas acontecendo junto do processo de composição de novas músicas, que, infelizmente, acaba sendo mais lento".
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