Andreas Kisser: "com esse cara na presidência, a galera acha que pode sair do armário"
Por Igor Miranda
Postado em 22 de julho de 2021
O vocalista Derrick Green e o guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura, falaram sobre o atual momento da banda e do Brasil em entrevista ao Uol Ecoa. Kisser, em especial, destinou críticas ao governo federal, liderado pelo presidente Jair Bolsonaro.
O assunto foi abordado porque o repórter Fred Di Giácomo relembrou que o primeiro show de Derrick Green com o Sepultura no Brasil, ocupando a vaga deixada por Max Cavalera, ocorreu em um festival beneficente, chamado "Barulho contra Fome". Realizado em agosto de 1998 na cidade de São Paulo, o evento destinou sua arrecadação a 10 entidades filantrópicas brasileiras que atuavam no combate à fome.
Após Derrick definir a experiência como "inesquecível e assustadora", o repórter quis saber de Andreas se "não é desanimador saber que a fome está de volta ao Brasil". "Desânimo é o mínimo... É revoltante", respondeu o guitarrista, que completou: "Com esse cara que está na presidência (Jair Bolsonaro), a galera acha que pode sair do armário, é uma coisa completamente sem educação, sem respeito, sem união. Em uma época em que o Brasil precisa de união, tudo está completamente ao contrário, completamente perdido. Imagina o Brasil em uma guerra? E olha que está cheio de militar no governo".
"Retrocesso absurdo"
Em outro momento da entrevista, Derrick Green e Andreas Kisser refletiram sobre a conscientização gerada por bandas a respeito do meio ambiente. O entrevistador mencionou como exemplo o Gojira, que lançou um videoclipe para a música "Amazonia" e arrecadou fundos para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Green definiu, inicialmente, que é "incrível quando uma banda gera conscientização sobre uma situação importante". "É importante que os indígenas estejam sendo ouvidos, ou pelo menos ganhando atenção. Eles precisavam ser ouvidos há tantos anos... No Brasil, na América do Sul e nos EUA, também, porque massacraram os indígenas nos EUA muito rápido, foi um genocídio. E seria uma vergonha que isso acontecesse "completamente" no Brasil, porque já aconteceu [em parte]. Mas é algo que pode ser evitado. É realmente importante as pessoas desenvolverem a consciência de que existe uma conexão entre a Amazônia, nós e o ecossistema. As pessoas estão começando a perceber o quanto isso nos afeta", afirmou.
Na sequência, Kisser relembrou que o videoclipe feito pelo Sepultura para "Guardians of Earth" foi produzido em parceria com a Amazon Frontlines, organização sem fins lucrativos em prol da causa indígena. "A gente recebeu muitas mensagens da Sibéria dizendo: 'aqui está acontecendo a mesma coisa, a gente tem muitos problemas com a floresta'. Recebemos mensagens de pessoas de todas as partes. A gente vê nos EUA as 'indian reservations' (reservas indígenas); é um problema que muita gente vê como sendo do passado, algo que 'aconteceu nos livros de história', mas está acontecendo mais do que nunca", disse.
Por fim, o guitarrista voltou a criticar o governo brasileiro. "Especialmente no Brasil com esse tipo de governo que a gente tem, esse retrocesso absurdo, essa falta de inteligência. Pro Sepultura isso não é uma novidade, a gente sempre falou (da causa indígena). Sempre foi influenciado musicalmente por isso: aquelas coisas tribais, os ritmos de percussão, a viola sertaneja, as letras...", pontuou.
A entrevista de Derrick Green e Andreas Kisser pode ser conferida, na íntegra, no site Uol Ecoa.
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