Ronnie James Dio: em autobiografia, ele conta por que quase não entrou no Black Sabbath
Por Igor Miranda
Postado em 20 de julho de 2021
A passagem de Ronnie James Dio pelo Black Sabbath fez com que a banda mantivesse seu alto patamar de qualidade. O vocalista era um grande nome para a vaga deixada por Ozzy Osbourne, no fim da década de 1970, ainda que os estilos de ambos fossem bem diferentes.
Todavia, soa mais fácil poder dizer tudo isso depois que Dio fez história ao lado do Sabbath. Na época do convite, em 1979, nem mesmo o cantor acreditava que entrar para a banda seria uma boa ideia.
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Em um trecho da autobiografia "Rainbow in the Dark: The Autobiography by Ronnie James Dio", escrita pelo próprio Dio, mas concluída por sua viúva, Wendy Dio, e pelo jornalista Mick Wall, o lendário vocalista, que nos deixou em 2010, conta que quase decidiu por não entrar no Black Sabbath. As razões, evidentes, giram em torno da insegurança do artista com relação a substituir alguém como Ozzy Osbourne.
O trecho da obra em que Dio fala sobre o início de sua relação com o Sabbath foi transcrito pelo site da revista Rolling Stone e traduzido pelo Whiplash.Net. No fragmento, o artista contou, inicialmente, que foi cotado para entrar na banda após Wendy Dio, que ainda não gerenciava sua carreira, fazer amizade com Sharon Arden, filha do empresário Don Arden e futura esposa e manager do próprio Ozzy - eles ainda não estavam juntos na época.
"Foi através da conexão de Wendy com Sharon que fui convidado para conhecer os caras do Sabbath. Foram todos muito simpáticos e educados. Quando fomos embora, não pensei mais no assunto. Eles estavam se preparando para fazer seu próximo álbum com Ozzy e eu ainda estava pensando em meu próximo passo (após sair do Rainbow)", diz Ronnie.
O vocalista admite que, de início, "evitou a perspectiva" de se juntar ao Black Sabbath. "Eu estava desesperado para fazer minhas próprias coisas novamente, depois de anos trabalhando sob as regras de Ritchie Blackmore (guitarrista do Rainbow). Eu também não tinha certeza de como eu deveria substituir Ozzy Osbourne no Black Sabbath", refletiu.
Na época, de acordo com Dio, não era comum que bandas substituíssem seus vocalistas. "Ao contrário dos anos seguintes, quando grupos como Van Halen, Bad Company, Iron Maiden e até Queen podiam trazer um novo frontman impunemente, no final dos anos 70, a ideia de um grupo superfamoso como o Sabbath substituindo seu frontman era considerada impensável. Led Zeppelin sem Robert Plant, Rolling Stones sem Mick Jagger? Sacrilégio", destacou.
Don Arden jogou contra
Em meio a tudo isso, a situação interna do Black Sabbath não colaborava. Don Arden, que estava empresariando a banda na época, era contra a entrada de Ronnie James Dio. Ele acreditava que o grupo poderia se reconciliar com Ozzy Osbourne, já que o vocalista original havia saído e voltado do projeto em algum momento do fim da década de 1970. "A certa altura, ele até sugeriu que eu criasse músicas com Tony (Iommi, guitarrista) e cantasse no álbum, mas que levassem Ozzy para a turnê", revelou Ronnie.
Essa situação, inclusive, fez com que o Sabbath não fosse mais empresariado por Arden. "Quando Tony disse a Don onde ele poderia enfiar aquela ideia estúpida, isso foi o fim do Sabbath para Don. Ele cancelou o aluguel da casa que estava pagando para eles e vendeu o contrato de gerenciamento para um cara chamado Sandy Pearlman, então empresário do Blue Öyster Cult, uma das muitas bandas americanas nos anos 1970 a ser diretamente influenciada pelo Sabbath em seu auge. Ele então disse a Sharon para começar a cuidar de Ozzy como um artista solo: o início de uma estrada longa e incessantemente sinuosa que merece um livro próprio", disse.
O que fez Dio mudar de ideia
Dois elementos cruciais fizeram Ronnie James Dio mudar de ideia e se juntar ao Black Sabbath. O primeiro foi a sua boa relação com o guitarrista Tony Iommi - os dois se deram bem desde o primeiro dia. O segundo, claro, foi a qualidade das músicas que eles acabaram criando juntos.
"O destino interferiu nas coisas. Certa noite, eu estava no Rainbow quando o guitarrista alto e taciturno do Sabbath, Tony Iommi, entrou. Gostei de Tony imediatamente. Eu sabia que ele era o líder musical do Sabbath, o mentor por trás de alguns dos riffs de guitarra mais clássicos da história do rock", descreveu, inicialmente.
Nessa época, antes mesmo da tal visita descrita nos primeiros parágrafos deste texto, Tony já sondava Ronnie para cantar no que seria um álbum do guitarrista. Na verdade, um trabalho conjunto. Uma nova banda, talvez. Nada de Sabbath até então.
"Começamos a conversar e descobrimos que ambos estávamos pensando em fazer um álbum solo. Tony confidenciou que a banda havia acabado de expulsar Ozzy. Ozzy foi o primeiro a admitir que era seu pior inimigo naquela época, em uma época em que seu alcoolismo e drogas estavam fora de controle. Ele não foi o único astro do rock a sofrer esse destino. Tony explicou que o baixista da banda e letrista usual, Terry 'Geezer' Butler, também estava passando por alguns problemas familiares. Daí a inclinação de Tony para considerar algum tipo de projeto solo", revelou.
Toda a situação se desenrolou e mesmo com Don Arden jogando contra, Ronnie James Dio foi efetivado como vocalista do Black Sabbath. No fim de tudo, o cantor ainda estava inseguro com a decisão de se juntar à banda. Fora a boa relação com Tony Iommi, ele foi convencido pelas músicas criadas até então, que acabaram entrando no lendário álbum "Heaven and Hell" (1980).
"Para ser justo com Don, eu ainda não estava totalmente convencido também. O que me inclinou no final foi a pura qualidade das canções que Tony e eu estávamos escrevendo. Isso, mais o fato de que Tony me garantiu que não seria como a minha situação em Rainbow, onde Ritchie era o chefe e ponto final. Se eu me juntasse a ele no Sabbath, seria como um parceiro igual com a mesma palavra, musicalmente e no que diz respeito aos negócios", pontuou.
Ao todo, Ronnie James Dio teve duas passagens pelo Black Sabbath, entre 1979 e 1982, e de 1991 a 1992, gravando os álbuns "Heaven and Hell", "Mob Rules" (1981) e "Dehumanizer" (1992), além do ao vivo "Live Evil" (1982). De 2006 até sua morte, em 2010, ele ainda esteve na banda Heaven & Hell, que basicamente era o Sabbath com Dio. O projeto rendeu o disco "The Devil You Know" (2009).
A autobiografia "Rainbow in the Dark: The Autobiography by Ronnie James Dio" será lançada no fim deste mês de julho no exterior. A obra será disponibilizada no Brasil, por meio da editora Estética Torta, no dia 20 de agosto. O site da empresa já disponibiliza pré-venda.
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