Kiss: Integrantes e produtor avaliam o fiasco "Music From 'The Elder'" (1981)
Por André Garcia
Postado em 01 de março de 2022
Surgido em 1973, o Kiss é uma das mais longevas bandas de rock do mundo, com décadas de atividade ininterrupta entre gravações e shows. Entretanto, grupos tão duradouros raramente escapam de, em algum ponto, lançar aquele que fica marcado como a ovelha negra da discografia.
Na virada dos anos 70 para 80, a música passou por uma mudança brusca que deixou muita banda perdida. Nessa época, para citar dois exemplos, o Ramones pisou na jaca com Phil Spector em "End Of The Century" (1980) e o Queen, com o fraco e exagerado "Hotspace" (1982), chocou seus fãs.
Foi exatamente nesse momento que o Kiss fracassou retumbantemente com "Music From 'The Elder'" (1981), uma ambiciosa tentativa de álbum conceitual progressivo. Os fãs odiaram e os críticos ridicularizaram; mas, e os integrantes, o que eles disseram sobre esse famigerado trabalho?
Isso é o que revela a biografia Kiss: por trás da máscara: a biografia autorizada, de David Leaf e Ken Sharp:
Gene Simmons: Como álbum do Kiss, eu daria zero. Como um disco ruim do Genesis, eu daria duas estrelas.
Ace Frehley: Duas estrelas. (...) A banda estava ficando cada vez mais distante.
Paul Stanley: Eu daria ao "The Elder" [risadas] um grande ponto de interrogação. (...) Foi uma coisa muito estranha para nós. Estávamos sendo empurrados por um caminho diferente, mas era tão estranho que acho que nenhum de nós se lembra muito dele.
Gene Simmons: Não há muitas músicas no álbum e é um tanto pomposo desde o começo.
Ace Frehley: Meus sentidos me diziam que deveríamos fazer um disco de heavy metal e voltar às raízes, mas Paul e Gene não concordavam comigo. Eles queriam fazer um álbum conceitual (...) eu estava sempre contra o projeto inteiro (...) Mas meu voto foi vencido.
Paul Stanley: Quando ouço, às vezes, começo a coçar a cabeça. É um pouco estranho e é razoável, mas eu não gostaria de fazer uma continuação.
Gene Simmons: Estávamos começando a errar a mão. Na verdade, o disco foi feito para os críticos. Você nunca deve buscar o respeito deles, porque no dia em que os críticos e a sua mãe gostarem da sua música… acabou-se!
Ace Frehley: Poderia ter sido melhor se não tivessem cortado alguns dos meus solos. (...) Eu diria que 40% a 50% dos solos e guitarras que gravei não foram usados por Bob Ezrin. Até agora não entendi por quê.
Bob Ezrin: Convoquei um grande número de pessoas para auxiliar na composição e gravação do "Music From 'The Elder'". Cheguei a trazer Lou Reed para escrever algumas letras para nós. Contratei um especialista em música medieval para tocar os instrumentos de sopro que foram utilizados em "Fanfare". Recrutamos uma orquestra para "A World Without Heroes". Ela é um clássico, mas será que é um clássico do Kiss? Essa é a questão.
Levamos o projeto a sério demais, pelo visto. O projeto acabou sendo o álbum menos bem-sucedido do Kiss e posso entender por quê. O que tentamos fazer foi impossível para o Kiss de 1981.
Foi uma coisa horrível! Gene tinha essa história na cabeça (...) o resto da banda foi forçado a seguir junto.
Gene Simmons: Eu me culpo. Eu realmente acreditava naquele projeto. Eu sempre estava com um pé em Hollywood. Escrevi aquele conto e queria transformá-lo em filme.
Paul Stanley: Nós estávamos iludidos. (...) "The Elder" é provavelmente o maior passo em falso de toda a nossa carreira musical. Tudo estava errado. Era pomposo, elaborado, metido a besta e supérfluo. Era medíocre.
Ace Frehley: Eu não acho que "The Elder" seja um disco ruim. Só acho que ele não se parece com um disco do Kiss. (...) A última vez que ouvi "The Elder" eu estava dirigindo (...) e levei uma multa por ultrapassar o limite de velocidade [risadas]. Então, arranquei a fita, joguei pela janela e disse: "É esse álbum que me traz azar de todas as maneiras possíveis!"
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