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Led Zeppelin: Andy Johns, engenheiro de som do "Led Zeppelin IV", conta sobre a gravação

Por André Garcia
Postado em 04 de abril de 2022

Os irmãos Glyn e Andy Johns são dois dos maiores engenheiros de som da Inglaterra, já tendo trabalhado com nomes como Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix e Van Halen. Um dos principais trabalhos de Andy foi com o Led Zeppelin no clássico "Led Zeppelin IV" (1971).

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Conforme publicado pelo site musicradar.com, em entrevista dada em 2009, ele falou sobre os altos e baixos daquela que se eternizou como uma das maiores produções musicais do rock.

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Quando você iniciou as gravações de "Led Zeppelin IV"?

Andy Johns: Os Rolling Stones tinham a primeira unidade móvel de gravação da Europa. Eu fiz o "Sticky Fingers" deles e mais dois projetos na casa de Mick, em Stargroves, num caminhão — e eu realmente gostei! Foi muito divertido, você podia ir para vários lugares diferentes, era melhor que ficar trancado numa salinha abafada e sem janelas.

Quando estávamos nos preparando para o próximo disco do Led Zeppelin, eu disse para Jimmy Page: "Por que não usamos o caminhão dos Rolling Stones lá na casa do Mick?", e Jimmy perguntou: "Quanto isso custaria?" Ficou acertado o mesmo preço de um estúdio normal, mil libras por semana, pela casa do Mick. Ele disse: "Eu não vou pagar mil libras por semana pela casa dele, vou arrumar um lugar melhor!" Ele encontrou Headley Grange, o que foi bom. Nós gravamos algumas faixas lá, incluindo "When The Levee Breaks", "Rock And Roll" e "Boogie With Stu" [que posteriormente entrou no "Physical Graffiti"].

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Qual foi sua abordagem naquela gravação?

Andy Johns: Eu vinha usando poucos microfones em faixas como "Can't Find My Way Home", do Blind Faith. Eu gravei ela toda com apenas dois microfones, incluindo vocal, guitarra e a bateria de Ginger Baker. Eu estava naquela onda.

John Bonham era famoso pela sonoridade bem peculiar de sua bateria. Como foi lidar com ele?

Andy Johns: Eu nunca consegui fazer com que Bonzo chegasse até mim e dissesse: "O som da bateria está ótimo, Andy!" Ele dizia apenas: "Falta pressão no bumbo". Essa era a palavra que ele usava, e eu entendia o que ele queria dizer com ela.

"When The Levee Breaks" coloca Bonham no centro das atenções com aquele monstruoso bumbo Ludwig de 26 polegadas. Como foi o processo de obtenção daquele som?

Andy Johns: Uma noite o Zeppelin estava enchendo a cara e eu disse: "Pessoal, todo mundo pra fora, menos o Bonzo, você fica, eu tive uma ideia!" Então nós tiramos a bateria da sala onde eles estavam gravando e botamos no hall de entrada. Eu peguei uns dois microfones e coloquei no primeiro lance de escada.

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Mas não pode ter sido só a escada que deu aquele famoso delay de trovão…

Andy Johns: Eu usei dois microfones Beyerdynamic M160, botei dois limiters neles, e usei um Binson Echorec, uma unidade de eco que Jimmy Page tinha comprado. Era uma fabricada na Itália, que em vez de fita usava tambor de aço bem fino. A fita gastava e você tinha que trocar, mas aquele tambor da finura de um wafer funcionava do mesmo jeito que um gravador cabeado. Ele era magnético, tinha vários cabeçotes e diferentes configurações. Aquilo era muito legal!

Então, tocando naquele compasso em particular em "Leeve", os limiters tiveram espaço para respirar. Foi assim que Bonzo conseguiu aquele som, por causa do Binson. Ele não estava tocando aquilo, foi o Binson que deixou o som dele daquele jeito. Eu lembro de ter ouvido a gravação no caminhão dos Stones e pensado: "Bonzo vai gostar pra c*ralho disso!" Eu nunca tinha ouvido algo como aquilo antes, o som da bateria ficou espetacular.

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Qual foi a reação de Bonham quando ele ouviu a gravação?

Andy Johns: Eu falei: "Bonzo, chega aí, dá uma ouvida nisso aqui, meu caro", e ele me disse: "Oh yeah! Aí sim, p*rra!" Todo mundo ficou muito feliz. Eu achei que seria uma daquelas coisas de uma vez e nada mais, eu não tornei a usar aquela técnica de microfonar uma sala até mais tarde nos anos 70, com gente como Rod Stewart. Jimmy pegou aquilo e usou em "Kashmir". "When The Levee Breaks" se saiu muito bem, até hoje as pessoas ainda me perguntam sobre ela.

Depois vocês foram para Island Studios…

Andy Johns: "Black Dog" foi a primeira coisa que fizemos lá, foi uma colaboração entre Page e John Paul. Minha contribuição foi aquele riff de guitarra em três canais, na Gibston Les Paul. Eu usei uns dois limiters universais. Funcionou muito bem, mas assim que Jimmy parou de tocar, com todo aquele ganho fez um barulho "Ssshh woarg"!

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Conte-nos sobre a gravação de "Rock And Roll" e "Stairway to Heaven".

Andy Johns: ["Rock And Roll"] foi meio complicado para gravar porque, com o chimbal aberto e [John Bonham] batendo tão forte, era difícil controlar. Mas eu dei um jeito, no fim das contas. Nós fizemos "Stairway to Heaven" num salão na Island. Eu disse para Jimmy que precisávamos de uma música que fosse crescendo, mas não tivemos sorte. Ele falou: "Eu acho que tenho algo que você vai gostar, e nós podemos gravar semana que vem". Aí ele apareceu com "Stairway to Heaven".

Nós gravamos a bateria, o violão e John Paul estava tocando piano vertical Hohner — eu nunca tinha visto um, e nunca vi outro. A bateria entra depois, afinal de contas, é uma música que vai crescendo, não é? Eu não tive que fazer muito nessa música, exceto pelo som da guitarra de 12 cordas, que eu adorei na época. Jimmy sempre carregava sua Rickenbacker de 12 cordas, que tinha um bom som, mas se você ligasse direto e comprimisse, tinha bem mais brilho. Eu sugeri uma tentativa e ele adorou.

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O que deu um certo trabalho foi o solo. Ele estava tocando a meia hora, uns sete ou oito takes, e não estava rolando. Eu comecei a ficar meio paranoico e ele disse: "Não, para, você está é me deixando paranoico também!" Logo depois ele pegou e fez aquele grande solo.

As primeiras sessões de mixagem foram no estúdio Sunset Sounds, em Los Angeles…

Andy Johns: Eu tinha mixado um disco com Gary Wright lá no Sunset, e tinha mixagens maravilhosas saindo de lá. Nós chegamos pouco depois de um grande terremoto em 1971. Em "Going To California" Robert fez uma menção a isso na letra. Eu me lembro de Jimmy dizendo: "Ah, não bota isso na letra, vai causar outro terremoto!", e eu disse: "Deixa de ser idiota, fala sério!".

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Aí quando as fitas começaram a rolar, teve um abalo sísmico secundário. Foi totalmente uma coincidência, mas Jimmy estava totalmente convencido que havia sido o poder da música. Foi engraçado! Peter Grant [o empresário do Led Zeppelin] ficou na cama agarrado nas laterais dela. Ele era um cara durão, mas tinha pânico de terremotos. A gente pensou que o lugar ia afundar no oceano! Foi por isso que eu não trabalhei com eles de novo depois daquilo.

Estava tudo soando ótimo no Sunset, mas a única mixagem usada foi a de "When The Levee Breaks", que por algum motivo soou bem. Mas nós fizemos uma audição no Olympic Studios, em Londres, que não era o local adequado, eu teria escolhido o Island. A primeira música tocou e não soava nada bem. Jimmy e eu estávamos sentados no chão com as mãos na cabeça, tipo "Que p*rra é essa?" Então tocamos a próxima e a próxima… e todas elas soavam horrível.

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Os outros três olharam esquisito para nós, tipo "O que aconteceu?". Qualquer outra pessoa teria me chutado do projeto ali mesmo, mas Jimmy disse: "Não ficou muito bom, né? Vamos voltar para o Island, que é onde deveríamos estar. Vamos mixar lá."

Você deve ter ficado arrasado.

Andy Johns: Eu esvaziei minha garrafa, eu obviamente fiquei devastado. As outras coisas que eu tinha feito no Sunset ficaram muito boas. Eu pensei que o Sunset seria uma boa, mas eles tinham mudado a sala depois da última vez que estive lá. Não sei o que aconteceu. Então voltamos para o Island e mixamos novamente o "Led Zeppelin IV", só mantemos a mixagem do Sunset em "When The Leeve Breaks". Mas custou uma grana voltar a Los Angeles e ficar no [hotel] Hyatt House. E eu sei que Bonzo ficou furioso com aquilo.

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A bateria de "When The Levee Breaks" foi sampleada muitas vezes ao longo dos anos, mais notoriamente pelos Beastie Boys.

Andy Johns: Isso foi engraçado. Eu lembro de ter mixado umas faixas em Tóquio, e tinha três mesas de 32 canais amarradas uma na outra. Era uma doideira! Uma delas tinha tudo que era trilha de bateria, e eu encontrei um trecho de "When The Levee Breaks" nela. Quem diria que depois de tantos anos eu acabaria roubando meu próprio trabalho!

Fonte:
https://www.musicradar.com/features/andy-johns-on-engineering-led-zep-iv-i-never-had-bonzo-turn-round-and-say-oh-thats-a-great-drum-sound-hed-just-say-theres-not-enough-frudge-on-the-bass-drum

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Sobre André Garcia

Sou redator e tradutor freelancer e escritor, autor do livro de contos Liber IMP. Ouço rock desde pequeno, leio coisas sobre bandas desde sempre e escrevo sobre ela já tem anos. Cresci como fã de Iron Maiden e paladino do rock, mas já me tratei. Hoje sou fã de nomes como Beatles, David Bowie, The Cure, Kraftwerk e Velvet Underground, e de cenas como a Londres psicodélica, a Nova Iorque proto-punk e a Manchester pós-punk. Escrevo notas e notícias rápidas para o Whiplash.Net visando compartilhar conteúdo relevante sobre música e cultura pop.
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