A banda italiana Maneskin pode estar salvando o rock
Por Rodrigo Lamore
Postado em 10 de setembro de 2022
Como venho falando a um tempo, pra quem acompanha minha coluna aqui no site e minhas redes sociais, quando o assunto é sobre rock, eu costumo dizer que o rock ainda não está morto, mas se encontra em estado de coma. Todos os problemas que levaram a essa situação de declínio desse estilo musical estão presentes em todos os meus textos, vídeos e postagens aleatórias nas minhas redes (aliás, recentemente lancei meu podcast no meu canal no youtube). De forma resumida eu costumo dizer, assim como muitas pessoas também dizem, que para que o rock volte as paradas de sucesso, é preciso uma volta às suas origens: rebeldia, contestação do status quo, defesa dos oprimidos, crítica ao capitalismo e ao conservadorismo; ou seja, seus aspectos primitivos. Assim sendo, quanto mais contrário os artistas do rock forem a essas características, mais deformado e fraco o rock será. Porém, atualmente estamos vendo um fenômeno acontecer, mais especificamente na Itália, e se espalhando pelo mundo. Uma nova banda de rock que está conseguindo ressuscitar o bom e velho e rebelde rock n roll. Essa banda se chama Maneskin.

De todas as bandas novas e até mesmo as antigas que ainda estão na ativa, pouquíssimas ou quase nenhuma delas tem mais as características clássicas do legítimo rock do que o Maneskin. Estão ali todas as coisas típicas de quem pretende reviver a era de ouro da música que bota as pedras pra rolar. Eles são animados, carismáticos, com espírito jovem, sexys, libertinos, livres, orgânicos, contestadores. Com relação aos novos tempos de internet, redes sociais e agora o famoso tiktok, eles têm o total domínio, algo imprescindível para quem quer criar uma base real e engajada de fãs.
Para quem conhece, ou mais ainda, para quem viveu a época das bandas New York Dolls, nos anos 70 e também todo o movimento glam nos anos 80, ao assistir uma performance ao vivo da banda Maneskin, pode vir a sentir uma certa sensação de nostalgia, vendo suas roupas, suas atitudes andrógenas, sensuais, coloridas, que nitidamente remete a esse movimento, da época em que os homens roqueiros usavam batom, maquiagem e laquê no cabelo. Dependendo do ponto de vista, eles também podem vir a ser comparados ao movimento hippie do final dos anos 60, com essas mesmas características que aludem às questões de liberdade, anti conservadorismo, amor livre, etc.
Ao analisar os grandes artistas de sucesso hoje em dia, todos eles, mesmo de estilos diferentes, têm em comum a questão do engajamento direto com seus seguidores, principalmente a partir do instagram e do tiktok. Eles estão sempre fazendo postagens diárias, com vídeos, caixinhas de perguntas, fotos em diversas situações, lançando singles, etc, sempre para manter o fã ligado ininterruptamente a eles. Mas quando vamos fazer essa mesma análise aos grupos de rock, ninguém tem essa mesma preocupação profissional de engajamento como o Maneskin, demonstrando de forma explicita que eles estão realmente interessados em fazer sucesso e levar a sua música para mais longe, expandindo, conquistando, envolvendo a todos, fazendo com que o rock volte ao topo, pelo menos o rock deles. Claro que, como diz aquele ditado, uma andorinha não faz verão, não vai adiantar quase nada, apenas uma banda conseguindo fazer o seu dever de casa enquanto as outras estão dormindo no ponto.
Mas mesmo assim, é algo para se alegrar e se motivar, quando vemos uma banda fazendo as origens do rock voltar em pleno ano de 2022. E assim como foi na criação do heavy metal, hard rock, progressivo, etc. (Black Sabbath, Rolling Stones, Pink Floyd, por exemplo), essa renovação do estilo rock também está se dando com uma banda da Europa, no caso atual da Itália. Os jovens da banda Maneskin vieram pra ficar (eu espero) e vieram para inspirar as novas bandas que ainda não entenderam que pra ser rock n roll de verdade tem de viver tudo isso, tanto nas músicas quanto na própria pele.
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