O temor que Chacrinha tinha com os roqueiros que os sertanejos é que acabaram fazendo
Por Bruce William
Postado em 30 de outubro de 2022
Na metade dos anos oitenta o Rock Nacional estava em alta nas rádios. Pelo menos nas rádios cariocas, e em boa parte graças à lendária "Maldita" FM, que operava em 94,9 MHz.

A "Maldita", que era na verdade a rádio Fluminense FM, já existia desde o começo dos anos setenta em Niterói (RJ), mas somente na metade de 1981, com a entrada de uma equipe formada pelos radialistas Amaury Santos e Sérgio Vasconcellos sob o comando do jornalista Luiz Antonio Mello, todos jovens com pouco mais de 25 anos, aos poucos a programação foi se tornando cada vez mais roqueira até que alguns meses mais tarde a rádio passou a contar com nada menos que 24 horas dedicado ao rock, e além disso ainda incentivava as bandas novas que estavam surgindo no cenário nacional.
"Lembro do entra e sai constante de músicos no prédio onde funcionava o jornal O Fluminense(...)Os artistas levavam fitinhas K7 com as suas músicas para tocar na rádio. As fitas eram avaliadas pelos produtores. Quem era aprovado, tocava na rádio e era sugerido para se apresentar no Circo Voador(...)Lobão apareceu lá com a fita master de seu primeiro LP, 'Cena de Cinema' que nós tocamos na íntegra(...)Com o passar do tempo foram ao ar dezenas de fitas de nomes como o Kid Abelha, Sangue da Cidade, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Bacamarte e muitos outros", relembrou Luiz Antonio Mello em declaração para o jornal A Tribuna.
Apesar do pioneirismo, a emissora era deficitária e, depois de 1985, passou a sofrer também a concorrência de outras estações como a Estácio FM, a Rádio Cidade e a Transamérica, que começaram a investir pesado nos "jovens roqueiros", que faziam muito sucesso naquela, que é considerada a época áurea do Rock Nacional conhecido como BRock, que duraria apenas alguns anos.
Quando Chacrinha fez críticas ao Rock por dominar a programação das rádios
.Em 1986, já consolidado como um dos maiores nomes da comunicação no Brasil, Chacrinha foi até o Ceará para assistir ao lançamento de um disco da cantora de forró Eliane. E em entrevista ao Diário do Nordeste, ele falou sobre o cenário que havia então de "disputa" do forró e o rock em âmbito nacional, e criticou os esquemas das rádios pois na opinião dele só tocavam as mesmas músicas.
"Na pior das hipóteses, elas deixam de tocar 70 por cento dos artistas que gravam. Fazem isso por discriminação e intelectualização. As rádios cariocas não mudam a programação. A pessoa é obrigada a ouvir rock 24 horas por dia. Não quero dizer que sou contra rock, acho apenas que deveria ser dada oportunidade à música brasileira", disse o comunicador, que ainda emenda: "Penso que dentro de um ano isso vai mudar".
Ele tinha razão, pois tudo mudaria de fato. Mas Chacrinha não veria a queda do BRock nas rádios, pois morreria dois anos depois, no dia 30 de junho de 1988, aos 70 anos de idade, por causa de um infarto do miocárdio agravado por insuficiência respiratória.
O domínio do sertanejo nas rádios do Brasil e abafa os demais gêneros
Matéria do início de 2022 da Folha de São Paulo relata que os sertanejos dominam as rádios, o que valoriza mais ainda os cachês e chega a lugares onde a internet é precária.
Citando uma entrevista onde a empresária do ramo musical Kamila Fialho diz: "Eu pago para tocar uma música na rádio e eles compram a rádio", o texto relata que o sertanejo é o gênero mais consumido do Brasil em qualquer plataforma, e possui uma presença ainda mais predominante nas rádios, o que faz com que os cachês dos músicos do gênero sejam mais altos. "Entre as cem músicas mais tocadas nas rádios do país em 2021, segundo relatórios das empresas especializadas Crowley e Connectmix, cerca de 60% são sertanejas, e o resto é dividido entre forró, pagode, pop e músicas internacionais, entre outros. O sertanejo também domina as primeiras posições das listas", informa a matéria.
"O sertanejo vem numa crescente, de dominar o mercado, há uns oito ou nove anos. Não era assim. Antigamente, o axé, o pop rock, o pagode, dividiam mais espaço. Hoje, o sertanejo monopolizou", relata JP Ferolla, que também trabalha com os Barões da Pisadinha e diz que o investimento em rádio dos astros do forró é menor, e ainda há discriminação. "A maioria das rádios sertanejas não toca forró e nem piseiro. Já vi artistas que quiseram pagar e não foi aceito. Então a rádio também faz uma seleção, não pega qualquer música".
O temor de Chacrinha infelizmente se concretizou. Mas não foi com o Rock...
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