Quando David Bowie fez de tudo para salvar o Deep Purple, mas não conseguiu
Por Bruce William
Postado em 04 de janeiro de 2023
No início dos anos setenta, o Deep Purple consolidou sua trajetória dentro do Rock ao lançar álbuns seminais como "In Rock", "Machine Head" e "Made in Japan", todos contando com a formação clássica, a chamada "MK II" que consistia em Ian Gillan no vocal, Ritchie Blackmore na guitarra, Jon Lord no teclado, Roger Glover no baixo e Ian Paice na bateria.
Mas o clima entre seus integrantes não era nada fácil, eles viviam em conflito entre si e as primeiras baixas aconteceriam ao final de junho de 1973, quando Ian Gillan e Roger Glover se retiraram da banda. No lugar deles entraram David Coverdale e Glenn Hughes, respectivamente.
Essa formação também lançou discos fabulosos como "Burn" e "Stormbringer", mas a influência da música funk e soul norte-americana que começou a permear os trabalhos da banda acabou por desagradar Ritchie Blackmore, que em abril de 1975 decide sair para montar seu novo grupo, o Rainbow.
O desânimo foi generalizado. Se a saída de Gillan e Glover já havia sido um baque, a de Blackmore, membro fundador e o cara que criou os riffs que fizeram o grupo se tornar o que era, acabou gerando um impasse imenso. Mas, por outro lado, o Deep Purple ainda era uma banda extremamente famosa, com discos que vendiam muito e shows lotados.
E conforme contou Glenn Hughes em entrevista de 2016 para a Ultimate Classic Rock, nesta época ele dividia uma casa em Nova Iorque com ninguém menos que David Bowie, que estava trabalhando no álbum "Station To Station" e usou sua experiência como "camaleão" para convencer os caras que eles não deveriam desistir. "Ele me dizia o tempo todo: 'continuem mudando, nunca fiquem no mesmo lugar. Nunca. Sejam. Os mesmos. Manda essas roupas embora, corte a porra do cabelo!' Ele era um fervoroso adepto de mudanças, e eu sempre tentei seguir esse caminho".
Mas, naqueles tempos, Glenn realmente estava a ponto de jogar a toalha. "Quando Ritchie deixou a banda, pra ser franco, eu pensei em reunir o Trapeze. Bowie morava comigo e me disse: 'Vocês deveriam arrumar um novo guitarrista e que fosse completamente diferente do Blackmore, se possível que tenha a aparência bem diferente'. Ele me convenceu, eu e o Jon (Lord) estávamos prestes a desistir de tudo, sabe?"
E o Starman não apenas deu apoio moral, mas até ajudou de forma prática: "Então David Bowie me colocou na Mercedes e fomos lá fazer teste com Tommy (Bolin). Então o Bowie tem muito a ver com o que aconteceu naquele dia. E me apaixonei por Tommy desde o primeiro instante em que o vi. Sabia, antes mesmo dele plugar o amp, que ele iria arrasar", contou Hughes.
Funcionou por pouco tempo. Com Bolin, o Deep Purple lançou o disco "Come Taste the Band", mas a turnê mostrou que o fabuloso guitarrista estava com sérios problemas com drogas, além de sofrer com muita insegurança e baixa auto-estima, o que lhe causava atritos com fãs que o comparavam com seu antecessor. E em março de 1976, David Coverdale desabafa com Lord que não havia mais clima para prosseguir no Deep Purple, com Lord desabafando de volta que "não havia mais um Deep Purple para continuar". Oito meses depois, Bolin morreu de overdose. E nos próximos oito anos, não existiria Deep Purple. Bowie tentou, quase conseguiu, mas no fim das contas, o caos reinante no Deep Purple acabou vencendo.
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