O dia que Cazuza implorou a policial para ser preso por motivo que é a cara dele
Por Gustavo Maiato
Postado em 15 de setembro de 2023
A vida dos rockstars do Brasil nos anos 1980 era regada a muita festa e principalmente drogas. Com a maconha proibida, muitas bandas como Titãs, RPM e Barão Vermelho tiveram problemas com o porte dessas substâncias.
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Em entrevista ao Corredor 5, Guto Goffi, baterista do Barão Vermelho, relembrou uma ocasião bizarra que envolveu drogas e um desejo de ser preso por parte de Cazuza.
"Lembro quando a gente dançou com maconha em São Paulo em 84. Quando a gente foi preso no Hotel Hilton. Essa é uma história engraçada para caramba. Então, tocam a campainha, batem na porta, a camareira abre e o cara entra. Era o delegado, com uma pistola prateada. Eu estava tomando banho, pois ia sair para agitar algo, e estava peladão ali. Aí o cara falou: ‘Meu irmão, desliga o chuveiro’. Desliguei, comecei a tremer e peguei a toalha. O cara revistou todo mundo, achou no meu quarto aquele filminho.
Sabe, aquele tubinho da câmera de fotografar, com metade dele cheio? Pegaram isso no meu quarto. O delegado achou. Ele falou: ‘Ah, tá aqui com a substância, vocês vão entrar em cana’. Aí foram para os quartos de todo mundo, procurar no quarto do Ezequiel e do Frejat também. Acharam maconha no quarto deles. No quarto do Cazuza, cadê ele? Vamos lá, acordaram ele. Deram uma geral no quarto dele, não acharam nada embaixo da cama. Mas os caras acharam as quatro garrafas de whisky vazias, já detonadas. Estávamos no hotel ali há uma semana, fazendo festa todo dia. Ah, com 23 anos, todo mundo curtindo, né?
O policial falou: ‘Vamos para a delegacia, você está preso. Você está preso. Você está preso’. O cara não falou isso pro Cazuza. Aí, o Cazuza disse: ‘Pera aí, como assim, você não vai me levar preso?’ O policial: ‘Não, cara, você não tinha nada’. Aí ele: ‘Ah, não, você vai me assim, vai acabar com a minha carreira’. [risos] Ele disse que queria ir preso também, senão ia ficar de careta, né? Eu disse: ‘Cara, pô, você é maluco’. Ele foi para a delegacia com a gente. Ficava perto da gente".
Prisões no rock nacional dos anos 1980
Outra banda que sofreu com a prisão por porte de drogas nos anos 1980 foi os Titãs, quando Arnaldo Antunes foi condenado.
Entrevistado por Bruna Lombardi no início dos anos 1990, Arnaldo Antunes compartilhou sua perspectiva sobre sua experiência de prisão e como lida com isso.
"Em toda entrevista que concedo, parece que tenho que falar sobre minha prisão, como se fosse mais importante do que todo o trabalho que já realizei. Fica essa imagem de Arnaldo Antunes, o cara que foi preso. Claro que foi algo extremamente desagradável e traumático. Passei um mês na prisão devido a uma interpretação errônea, seja da legislação ou da polícia. Eu tento encarar isso de maneira que possa enriquecer minha experiência, em vez de ficar me lamentando, dizendo que fui injustamente preso ou que fui usado como bode expiatório," disse.
Em outro momento da entrevista, Arnaldo Antunes abordou sua relação com as drogas e afirmou que nada grandioso que ele tenha realizado pode ser atribuído ao uso de substâncias ilícitas.
"Não faço mais uso de drogas, mas consumo álcool. Isso também é uma droga, e é importante deixar isso claro. A bebida é uma droga mais prejudicial do que a maconha, que é uma substância ilegal. Não acredito que as drogas tenham me ajudado a criar, ou talvez tenham ajudado, não tenho certeza. Não atribuo nada de significativo que eu tenha feito ao fato de ter usado drogas. Há aspectos bons e ruins nas drogas. Algumas pessoas as utilizam de maneira responsável, enquanto outras não. Eu consegui lidar com elas de uma forma que fosse positiva para mim, mas não vejo as drogas como uma fonte de criatividade. Isso é uma ilusão. Elas são apenas mais uma faceta da experiência, mais uma forma de vivenciar a vida. Claro que todas as experiências contribuem para a criatividade, e é assim que vejo isso," concluiu.
Já Paulo Ricardo, do RPM, foi preso no aeroporto por motivo semelhante, conforme relatou ao apresentador Fábio Porchat.
"Nos anos 80, durante a turnê do 'Rádio Pirata', aconteceu algo inusitado. Eu, que sou carioca, estava separado da banda, indo de Rio para São Paulo para um show em Maringá. Atrasado, cheguei ao aeroporto internacional do Galeão, no Rio, preocupado. Normalmente, viajávamos com uma pequena quantidade de maconha, o que chamamos de "belozinho".
Dessa vez, eu estava com o "belozinho" num saco de vômito da Varig, meu saquinho oficial. Acendi um baseado em casa, apaguei e coloquei no bolso, sem nos preocuparmos, pois não passávamos pela revista da Polícia Federal em voos internacionais. No entanto, esse voo Rio-São Paulo se tornou internacional, devido à conexão vinda de Buenos Aires.
No aeroporto, me senti como um boi indo para o matadouro. Os policiais me abordaram na revista de segurança e perguntaram o que era. Disse que era chá, mas o policial não estava convencido. Perguntei se podia ser aliviado, ele aceitou, mas havia câmeras por perto, então tive que ir para a Polícia Federal.
O incidente aconteceu em 1986, época em que Lobão também foi preso no Galeão com resíduos de cocaína, o que ligou o rock às drogas. Eu sabia que isso daria problema e avisei à banda. Meu advogado chegou e tirei a foto com a plaqueta de preso. Disse que não queria fazer apologia das drogas, apenas esclarecer que não havia intenção de infringir a lei. O policial me liberou para o show, com a promessa de uma audiência depois.
O show aconteceu, mas no Jornal Nacional, anunciaram: "Paulo Ricardo foi preso no aeroporto". Lobão ficou furioso, pois ele foi preso com resíduos e passou três meses em Bangu. A ironia era que, eu, preso com maconha, não enfrentei nenhuma consequência".
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