O dia que Paulo Ricardo foi preso no aeroporto com drogas e enfureceu Lobão
Por Gustavo Maiato
Postado em 14 de fevereiro de 2023
Em entrevista para Fábio Porchat, no programa "Que História É Essa, Porchat?", da GNT, Paulo Ricardo relembrou o episódio em que foi preso nos anos 1980. Confira o relato abaixo.
"Nos longínquos anos 1980, estávamos na turnê do ‘Rádio Pirata’. Era praticamente show toda hora em estádio. A banda era de São Paulo e em outubro de 1986, resolvi voltar a morar no Rio de Janeiro. Sou carioca. Então, eu estava separado do resto da banda. Certa vez, acordei e fui pegar o voo. Eu ia encontrar com todo mundo em Guarulhos e de lá íamos juntos para Maringá. Me atrasei um pouco e cheguei em cima da hora no aeroporto internacional do Galeão, no Rio. Estava diferente do embarque doméstico normal. Comecei a ficar preocupado. Normalmente, viajávamos com um belozinho [risos]. É uma gíria mais paulistana para uma pequena quantidade de 16g de canabis sativa.
Eu estava com o belozinho em um saco de vômito da Varig. Era meu saquinho oficial. Eu tinha acendido um baseado em casa, apaguei e botei no bolso. Nós sempre viajávamos sem essa preocupação. Nós não passávamos pela revista da Polícia Federal de voos internacionais. Só que eu ia pegar uma conexão que vinha de Buenos Aires e um simples trecho Rio-São Paulo se tornou um voo internacional. Me senti um boi indo para o matadouro! Os caras falando para eu ir. Não tinha como eu ir ao banheiro nem nada. Era coisa de segundos. Eu tive que ir na fé. Entrei, raio x e tal. Abri a maleta.
O policial super educado. Ele perguntou o que era aquilo e eu falei que era um chá. O cara falou que não ia dar. Ele me reconheceu. Perguntei se não dava para aliviar. O cara disse que por ele liberava, mas está cheio de câmera e não ia ter como. Aí, fui para a portinha da Polícia Federal. Era para ser uma viagem simples. Eu avisei para a banda que ia dar merda. As pessoas se desesperaram se eu ia chegar ou não. Se ia ter show ou não. Era 1986, era o Sarney, e estava havendo uma certa comoção porque dias antes o Lobão tinha sido preso no Galeão com um celofane de cigarro com resíduos de cocaína. Estava um clima tipo ligando o rock às drogas. Meu advogado chegou e foi aquela coisa. Tirei aquela foto com a plaqueta de quando se é preso. Eu disse que normalmente viajamos e não tem problema nenhum, mas teve essa revista aí. Os policiais disseram que entendiam, mas tem a Lei e tal.
Era um momento negativo porque o Lobão quando foi preso resolveu defender a cocaína. Isso era uma influência muito ruim para os jovens. Aí, eu disse que não tinha o menor interesse em fazer apologia da droga. É algo nocivo e tal. Eu disse que se a preocupação era essa, eles podiam ficar tranquilos. O cara liberou para eu ir fazer o show e depois teria uma audiência. Fui embora, fiz o show, cheguei no hotel e disse que foi tranquilo. Liguei a televisão e no Jornal Nacional estava lá: ‘Paulo Ricardo foi preso no aeroporto’. Mas o show rolou e vida que segue. Isso enfureceu o Lobão, porque ele disse que foi preso com resíduos e ficou três meses em Bangu. Eu inclusive foi visitar ele. E aí eu fui preso com maconha e não fizeram nada".
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