A opinião do cantor Lobão sobre o confuso período da ditadura militar no Brasil
Por Gustavo Maiato
Postado em 25 de janeiro de 2024
Lobão era apenas uma criança na época da ditadura militar e assistia pela televisão as notícias sobre os generais no poder. Na autobiografia "50 Anos a Mil", da Nova Fronteira, Lobão contou como ficou confuso com o golpe e não entendeu muito bem o que estava acontecendo.
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"O ano de 1968 estava se saindo super agitado em todos os seus aspectos. O primeiro general/presidente do novo regime, o Castello Branco, de pescoço enfiado entre os ombros, já passara a faixa de presidente para um sujeito que todos achavam basicamente um molenga e, na verdade, iria se tornar o elemento detonador da fase mais heavy metal da ditadura militar.
A gente via na TV um monte de manifestação contra o regime, estudantes assassinados, AI-5, torturas, prisões de artistas e intelectuais de ambos os sexos, e olha que isso estava sendo captado por uma feliz família classe média conservadora. A coisa estava preta e eu estava confuso, não entendia quem estava do lado de quem. Quem era o mocinho, quem era o bandido. Será que o Carlos Lacerda derrubaria o presidente? Não desta feita.
Foi cassado e todos ficamos arrasados. Sentíamos a interferência nada sutil do governo em tudo, inclusive no meu novo colégio. A ditadura impunha suas verdades dentro da sala de aula. Eu ficava cada vez mais desconfiado de todas as coisa que tentavam me ensinar. Tudo soava falso. As propagandas do governo não podiam ser mais idiotas".
Lobão, rock e política
Num trecho da entrevista de Lobão para o podcast Corredor 5 transcrito por Bruce William, o músico destaca que o rock sempre enfrentou resistência no Brasil, tanto da direita quanto da esquerda. Lobão observa: "No inconsciente coletivo e na mentalidade brasileira, o rock nunca foi aceito. Isso é uma constante desde a passeata contra a guitarra elétrica em 1967 até os dias atuais. Quando eu era jovem, virgem, nunca havia fumado maconha, mas por ser cabeludo, com 13 ou 14 anos, era rotulado como maconheiro, marginal, só por carregar um instrumento."
Lobão continua abordando a hostilidade que o rock enfrentava tanto dos militares de direita quanto da esquerda. Ele destaca que, em festivais, músicos como ele eram excluídos, enquanto os amigos que seguiam um estilo mais alinhado à esquerda eram incentivados. Lobão critica essa postura, enfatizando que a ditadura, seja de direita ou esquerda, é problemática. Ele comenta sobre a estigmatização do rock, onde a esquerda o associa à cultura imperialista norte-americana, enquanto a direita o rotula como coisa de maconheiro, sujo e malcheiroso. Lobão destaca que ambos os lados colaboram para uma aversão estética e moral ao rock.
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