O arrependimento que Roger Waters confessou ter com o filme "The Wall", do Pink Floyd
Por André Garcia
Postado em 24 de junho de 2024
Em meados dos anos 60 tanto os Beatles quanto Elvis Presley transcenderam a música e viram no cinema uma forma de fazer ainda mais dinheiro. Conforme o rock foi ficando mais ambicioso e conceitual era a chance perfeita para expandir os álbuns como filmes, mas poucos fizeram isso. Uma das exceções foi o The Who com Tommy, nos anos 70. Mas o mais comum era um show em forma de documentário, como fez o Led Zeppelin em The Songs Remain the Same.
O Pink Floyd, que nadou de braçada nos discos conceituais, só foi transformar um deles em filme no começo da década de 80 com o The Wall. O resultado pode não ter agradado aos críticos, mas só a música já bastou para que caísse na graça dos fãs.
Roger Waters, que compôs o disco quase inteiro sozinho, durante toda a produção do filme brigou com o diretor Alan Parker. Em entrevista de 2004 para a Uncut ele confessou seu maior arrependimento em relação ao longa.
"Acho [The Wall] um filme interessante. É público e notório que certos momentos tive lá minhas discordâncias com várias pessoas [durante a produção]. Parker é um homem apaixonado, assim como eu e [também designer e animador] Gerry Scarfe. Agora, se a obra acaba sofrendo isso, aí eu não sei dizer."
"A única decepção que tive (e isso é culpa é mais minha do que de qualquer outro) que o filme me deu a chance de mostrar às pessoas meu senso de humor, e eu falhei feio nesse quesito. [O filme] é extremamente para baixo."
O baixista aproveitou para falar do musical The Wall que ele na época estava escrevendo para a Broadway:
"Fico feliz em dizer que estou tendo a oportunidade de corrigir esse problema. Estou prestes a [...] reescrever tudo como um espetáculo da Broadway — já escrevi as primeiras 10 páginas. É por isso que estou muito interessado [no projeto]: para inserir meu humor nele."
Muito se fala sobre o fato de que a turnê do The Wall foi tão megalomaníaca que, mesmo tendo feito um baita sucesso, ainda assim deu prejuízo à banda. Waters confirmou isso, mas minimizou:
"O álbum foi tão bem-sucedido que qualquer prejuízo financeiro em termos de shows foi irrelevante. Sempre soubemos que [a turnê] não poderia dar lucro. Não dá para fazer 15 apresentações de um show como aquele e esperar que dê lucro."
Para uma parte considerável dos fãs do Pink Floyd o "The Wall" foi o último disco que realmente importa. Dali em diante, a banda lançou apenas "The Final Cut" (1983), "A Momentary Lapse of Reason" (1987) e "The Division Bell" (1994) — e "The Endless River" (2014), se você considerar.
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