Ritchie Blackmore em 1974 confessou que não ouvia Deep Purple: "Só se estiver bêbado"
Por André Garcia
Postado em 06 de agosto de 2024
Hoje em dia é comum que artistas famosos se tornem uns baitas narcisistas apaixonados por sua própria imagem — especialmente quando ela é refletida nas redes sociais. Os artistas das antigas, entretanto, costumavam ser mais autocríticos do que qualquer outra coisa.
Tanto que ao longo da década de 70 a pessoa que mais atacava os Beatles com críticas mordazes era justamente John Lennon. Um dos maiores cineastas norte-americanos do século passado, Woody Allen dizia que jamais assistia seus filmes após lançados, porque era uma experiência torturantemente desconfortável para ele.
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Em entrevista de 1974 para a revista Creem, Ritchie Blackmore confessou que também não suportava ouvir Deep Purple (a não ser que estivesse bêbado) e explicou o motivo de sua frustração: ele próprio.
"Eu nunca ouço essas coisas [os álbuns do Deep Purple]. Não sei se os outros artistas entendem isso, mas eu não consigo ouvir muito do que toco. Só consigo ouvir é quando estou completamente bêbado em uma discoteca em algum lugar, aí ouço nossos discos e penso 'Ah... tudo bem'. Mas se alguém colocar o disco para tocar em casa, sinto uma baita vergonha porque estou tocando apenas um terço do que realmente sou capaz."
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"Você nunca consegue se superar em um disco, não adianta! Eu ouço nossos discos e penso 'Meu Deus… isso é horrível'. [Me refiro a] coisas como 'Space Truckin' [do 'Machine Head']. Outras vezes, ouço outra banda e penso 'Pô, isso também é horrível', então pelo menos o nosso trabalho é aceitável, porque é melhor do que o da maioria."
"Para mim, Stevie Wonder está lançando coisas muito boas: 'Superstition' é muito especial. Mas para mim, em um estúdio, é simplesmente impossível [atingir esse nível]. Há quem consiga fazer isso, mas quando chega no palco estraga tudo. Para mim, é o oposto. No palco, sei que posso correr o risco, não consigo fazer isso em um estúdio. Preciso ser excitado por um público. Em outras palavras, gosto de me exibir."
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"Sempre que saio e toco violão, sei que sou bom e digo 'Beleza, sou o maioral', tudo surge. Quando entro em um estúdio, sinto que estou tocando só para um engenheiro de som e uma ou outra pessoa. Isso não me dá nada. Então, na maioria das vezes, eu apenas mantenho uma boa média."
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