O hit do Rock brasileiro que fala sobre "vampiros da noite" e quase ficou fora de disco
Por Mateus Ribeiro
Postado em 05 de novembro de 2024
"Natasha" começou a ser composta enquanto o Capital Inicial estava ensaiando para o show que virou o "Acústico MTV". Dinho Ouro Preto escreveu a música em parceria com Alvin L, que compôs outras canções do grupo como "Mickey Mouse em Moscou" e "Eu Vou Estar".
O vocalista do Capital Inicial falou sobre a composição de "Natasha" em um vídeo compartilhado no seu canal do Youtube. De acordo com o cantor, a ideia de inserir a música no setlist da apresentação acústica apareceu na parte final dos ensaios.
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"Os ensaios chegaram ao fim (...) e o produtor, o [Marcelo] Sussekind, no final das gravações, vira e fala: ‘Bom galera, então tá, essas aqui são as canções do disco. Alguém mais tem alguma música pra apresentar?’ (...). Todo mundo fica quieto, aí eu levanto a mão e falo: ‘Olha, a gente pensou aqui, eu e o Alvin, a gente tá trabalhando em uma música mais ou menos assim’. Aí, pego o violão e mostro pra eles. O Sussekind falou: ‘Wow, nossa, que legal’."
Então, Dinho explica que ele e Sussekind entraram em discordância por conta de um acorde de "Natasha", tocado em tom menor. O produtor considerava que tal acorde estava "harmonicamente" errado. No fim das contas, o vocalista venceu o "debate harmônico", e a canção foi gravada da forma que ele a escreveu. Porém, a música quase ficou fora do repertório do álbum.
"A música acabou sendo gravada e acabou sendo uma das músicas mais conhecidas do Capital em todos esses anos. Enfim, essa história só é curiosa pelo seguinte: ela quase não entrou. Ela entrou aos 45 do segundo tempo, essa música. E acabou tendo a dimensão que teve, uma música conhecida por todos.
Tantos anos depois, tá na boca de todo mundo, todo mundo conhece a letra. Acabou virando quase um símbolo de emancipação feminina e de empoderamento feminino, né? Gozado, quase não entrou nesse disco."
O trecho "emprestado" de música de Lou Reed
Um dos trechos mais famosos de "Natasha" é o final do seu refrão, em que Dinho Ouro Preto canta: "Pneus de carro cantam, Tchuru-ru, tchuru, tchuru-ru, tchuru-ru". Ele conta que a passagem foi "emprestada" de uma música de Lou Reed.
"A gente pegou isso aí… é uma citação na cara dura de Lou Reed, que fala: ‘And the colored girls go, Doo, do-doo, do-doo, do-do-doo’. ‘Walk on the Wild Side’, do Lou Reed. A gente fez a brincadeira, em vez de ‘And the colored girls go’, a gente falou ‘Pneus de carro cantam’. Tem uma citação de Lou Reed ali que ninguém se ligou, ninguém se deu conta, mas tá lá."
Quem é Natasha?
Seria Natasha uma pessoa que marcou a vida de Dinho Ouro Preto? Na verdade, não apenas uma. Segundo o artista, a música fala sobre diferentes personagens que passaram pela sua vida (em um período movimentado).
"A gente começou a fazer umas brincadeiras em relação aos personagens que eu tinha conhecido um pouco antes da reunião do Capital. Eu passo por um período de música eletrônica, de frequentar clubes em São Paulo, ‘after hours’ [festas que atravessam o amanhecer], chegar em casa todo dia de manhã, foi uma das épocas mais punks da minha vida. Todo mundo trocava a noite pelo dia, muitos excessos generalizados. Foi uma época meio barra pesada da minha vida.
Na verdade, ‘Natasha’ não é sobre uma só pessoa. É uma combinação de várias dessas pessoas, desses seres noturnos, desses ‘vampiros da noite’ de São Paulo dos anos 90. E acho que cada estrofe é de uma menina diferente. Eu acho que é isso."
Agora que você sabe um pouco mais sobre "Natasha", é hora de curtir esse som, que por pouco não ficou engavetado. Aumente o volume, aperte o play e boa diversão.
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