Roger Waters relembra o lema marxista que norteou o Pink Floyd no "The Dark Side of the Moon"
Por André Garcia
Postado em 04 de novembro de 2024
O rock nasceu e aprendeu a andar nos anos 50, cresceu e aprendeu a voar nos anos 60, e na década seguinte, se subdividiu em subgêneros dos mais diversos: soft rock (The Eagles), progressivo (Yes), punk (Ramones), heavy metal (Black Sabbath), hard rock (AC/DC), new wave (The Police), shock rock (Alice Cooper), post punk (Joy Division), power pop (The Knack)... Teve até mesmo Bob Dylan inaugurando o rock gospel ao se converter ao cristianismo (temporariamente, é claro).
Um desses subgêneros foi o art rock, que era o rock intelectual, cabeça, feito geralmente por estudantes de arte — como Freddie Mercury (Queen) e Pete Townshend (The Who), que tinham conhecimento sobre arte em geral e absorvia como influências literatura, filosofia, cinema, teatro e o que quer que fosse de vanguarda, como a música eletrônica.
Um dos maiores do art rock foi o Pink Floyd, com seus álbuns conceituais: basta ver que "The Dark Side of the Moon"(1973) foi inspirado em filosofia, "Animals" (1977) foi influenciado pelo livro A Revolução dos Bichos, "The Wall" (1979) foi inspirado em operas…
Todos esses três álbuns são da era de ouro da banda, em que ela era liderada por Roger Waters, seu principal compositor. Ele que, não é novidade para ninguém, está ideologicamente posicionado à esquerda no espectro político. E na esquerda o filósofo Karl Marx, com obras como O Manifesto Comunista e O Capital, é tipo os Beatles.
O livro The Dark Side Of The Moon - Os Bastidores da Obra Prima do Pink Floyd, de Jhon Reris, publicado no Brasil pela Editora Zahar; como o nome já diz, é focado na produção do mais bem-sucedido álbum do Pink Floyd (e um dos mais vendidos de todos os tempos).
Lá para os 30% da publicação, uma citação de Waters à época explicou como Marx influenciou eles:
"No 'Dark Side of the Moon' a gente tentou fazer o máximo que podia. Foi algo bem comunitário. Como era mesmo aquele velho lema marxista? 'Cada um segundo suas capacidades, cada um de acordo com suas necessidades': era mais ou menos assim que a banda trabalhava na época."
Em outro trecho do mesmo, livro Roger falou sobre o agridoce paradoxo que foi ter muito dinheiro para ele defendia que era errado ter muito dinheiro:
"Acho que é um grande perigo se envolver com esse negócio de carros de luxo. É tudo muito ardiloso e complicado, a gente tem altas discussões na banda por causa disso." No auge da banda, o baterista Nick Mason colecionava Ferraris, o tecladista Richard Wright comprou uma ilha grega, e David Gilmour adquiria verdadeiras relíquias para sua coleção de guitarras.
"Defendo princípios vagamente socialistas, falo muito da preocupação de ter muita grana — e estamos ganhando rios de dinheiro agora. Eu não conseguiria ficar feliz num Jaguar E-Type porque aquilo simplesmente me parece, de alguma forma, errado. Quem precisa de um motor de 4,2 litros e um grande capô lustroso?"
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