Três dias de caos e uma foto quase perfeita: a história da capa de "Animals", do Pink Floyd
Por André Garcia
Postado em 22 de janeiro de 2025
O Pink Floyd ficou mundialmente famoso não apenas pelos grandes álbuns que lançava, mas pelas capas incríveis que eles tinham. Disco do Pink Floyd sempre valia a pena comprar, porque mesmo se ele não valesse a pena para botar na vitrola (como "Ummagumma" e "Atom Heart Mother"), valia a pena para emoldurar e pendurar na parede.
A capa do "Animals" não só é minha favorita deles como é também a que possui por de trás a história mais fascinante. Conforme publicado pelo livro Nos Bastidores do Pink Floyd, de Mark Blake, foi Roger Waters que teve a ideia de usar um porco inflável gigante de 10 metros na turnê do vindouro álbum "Animals", que chegaria às lojas em 23 de janeiro de 1977.
Após Storm Thorgerson (o capista de praticamente toda a discografia do Pink Floyd, incluindo o "Dark Side of the Moon") ir de bicicleta tirar fotos da Battersea Power Station, Roger Waters teve a ideia de fazer a capa do disco fotografando o porco inflável entre as chaminés da usina — já parcialmente fechada e que em 1980 fecharia de vez.
No começo de dezembro de 1976, partiram para Battersea membros do Pink Floyd com a Hipgnosis (empresa formada pelos designers de suas capas) e mais uma equipe de 12 fotógrafos e um atirador de elite (para derrubar o porco caso ele se soltasse). Problemas técnicos impediram o porco de voar, mas a usina foi fotografada assim mesmo. O céu coberto com nuvens dramáticas estava perfeito, mas não tinha o porco.
No dia seguinte eles voltaram para lá, mas sem o sniper dessa vez. E dessa vez o porco foi inflado e preso às chaminés usando cordas, que romperam com uma forte lufada de vento inesperada. Com o porco à solta a 18 mil pés de altura e ninguém para derrubar ele... a confusão estava armada.
O controle de tráfego aéreo do Aeroporto de Londres-Heathrow detectou a presença de um porco gigante voando em suas redondezas e, por medidas de segurança, cancelou todas as decolagens. Com um dos principais aeroportos do país parado, a Força Aérea Real mobilizou helicópteros para caçar o suíno inflável.
A banda correu para buscar o atirador de elite e, quando voltou para a usina, o porco já tinha sumido. Eles ficaram de carro para cima e para baixo com o sniper, olhando para o céu em busca de qualquer sinal de algum porco gigante.
Foi só às 22 horas que o inflável perdeu altura e caiu numa fazenda no condado de Kent. A banda recebeu uma ligação de um fazendeiro furioso dizendo que suas vacas quase tiveram um ataque do coração, apavoradas com o bicho gigante que literalmente caiu do céu em cima delas.
Acabou que com toda aquela correria eles nem tiraram fotos no segundo dia.
Com o porco resgatado, eles partiram para o terceiro dia, dessa vez com a presença de não só um, mas dois atiradores de elite. O teimoso animal foi inflado e dessa vez bem preso às chaminés, de forma que não se soltou. Tudo deu certo, mas só tinha um problema: o céu estava limpo.
O designer Aubrey Powell contou: "Quando recebemos as fotos de volta, as imagens do terceiro dia pareciam bobas, enquanto as do primeiro dia tinham um incrível céu soturno e formações de nuvens. Então usamos o céu do primeiro dia e acrescentamos a imagem do porco do terceiro dia."
"Se tivéssemos feito isso desde o começo, teríamos nos poupado milhares de dólares", lamentou o designer. Sem contar que teria poupado também o aeroporto de parar, a Força Aérea Real de mobilizar seus helicópteros e as pobres vacas de quase morrerem do coração.
Mas tudo deu certo e aquilo foi parar na capa dos jornais, rendendo à banda uma bem-vinda publicidade gratuita às vésperas do lançamento.
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