Vocalista explica como o Lamb of God se mantém em uma gravadora major sem tocar no rádio
Por João Renato Alves
Postado em 21 de janeiro de 2025
Após ter começado a carreira fonográfica na Prosthetic Records, subsidiária da Metal Blade, o Lamb of God chamou a atenção de uma gravadora gigante, a Epic Records. O vocalista Randy Blythe comentou o tema ao canal Turned Out a Punk e explicou como a banda se manteve fiel às convicções. Ele disse, conforme repercussão do Blabbermouth:
"Quando fizeram a proposta para assinar com uma grande gravadora, acho que provavelmente eu era o único na banda que estava realmente nervoso sobre isso. Venho da cena punk rock, gravadora é uma palavra suja. Mas eu estou em uma banda de metal. Você também tem que perceber que não somos estritamente uma banda de punk rock; somos uma banda de metal. A maneira como imaginei que aconteceria foi como uma situação do filme ' Great Rock 'N' Roll Swindle' do Sex Pistols. 'Isso não deveria estar acontecendo. Nossa banda é muito agressiva. Não vamos fornecer nenhum tipo de sucesso de rádio ou algo assim. Por que uma grande gravadora está batendo à porta? Eu sei o que vai acontecer. O que vai acontecer é que eles vão nos dar esse dinheiro. Vamos escrever esse disco. Vamos dar a eles e vão nos abandonar antes que ele seja lançado ou logo depois que for lançado.' E eu sabia o suficiente sobre a maneira como a indústria musical funcionava para pensar assim. 'Eles vão nos abandonar. Vão quebrar o contrato. Então vamos ficar com o dinheiro.' Minha ideia foi 'Vamos pegar o dinheiro e fugir. Isso nunca vai dar certo. Eles nunca vão nos manter.'"
Os pensamentos fizeram até com que Randy protagonizasse um episódio que hoje soa engraçado ao contar. "Fizemos um show no Knitting Factory em Nova York logo antes de assinarmos. A presidente da Epic Records na época era uma mulher adorável chamada Polly Anthony. Ela foi nesse show. Não sei se você já foi ao Knitting Factory. É um clube pequeno. É um calor brutal lá dentro. Terminamos, e ela disse, 'Isso foi tão bom', uma mulher de meia-idade muito organizada e bonita. Ela disse, 'Vamos sair para beber e comer alguma coisa para celebrar.' E nós dissemos, 'Ótimo. Comida de graça'. Então fomos para esse bar chique. Estávamos sentados nessa mesa e ficavam trazendo drinques para a gente tomar. E ela disse, 'Eu queria propor um brinde.'
Falei 'Espere só um segundo. Ok, eu tenho algo a dizer bem rápido. Antes de assinarmos isso...' E foi como se a agulha tivesse sido retirada do disco, a banda inteira olhou para mim. Lembro claramente. 'Número um, nós nunca vamos escrever uma música para o rádio. Número dois, você não pode nos dizer o que escrever. Número três, você não pode nos dizer quem vai produzir. Número quatro, você não pode tentar mudar nossa direção artística. Nós já estamos bem, então não precisamos realmente de você.' E essa mulher olhou para mim, minha banda olhou para mim, tipo, 'Puta merda, cara. Ele acabou de destruir tudo para nós.' Ela olhou para mim e disse, 'Oh, meu Deus. Eu sinto muito. Eu te dei essa impressão?' Eu fiquei, tipo, 'Não. Só para deixar claro.' E então funcionou."
Pelo sim, pelo não, o Lamb of God se mantém fiel às convicções. E o vocalista garante que a Epic não interferiu. "Acabamos de cumprir um contrato de sete álbuns com eles. É uma loucura. Lançamos sete discos em uma grande gravadora, soando como nós, sem entregar um único hit. Ainda não tenho certeza de como funcionou. Mas eles nunca nos disseram o que fazer, nunca nos disseram quem nos produzir, nunca tentaram nos dirigir de qualquer maneira, porque o que temos não precisa ser consertado. Funciona por si só. Acho que eles são inteligentes o suficiente para perceber isso."
Randy Blythe lança o livro "Just Beyond The Light: Making Peace With The Wars Inside Our Head" no próximo dia 18 de fevereiro. O Lamb of God deve começar a preparar seu próximo disco em breve.
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