Vocalista do Avenged Sevenfold expõe colegas em política dos preços dinâmicos de ingressos
Por João Renato Alves
Postado em 03 de janeiro de 2025
Nos últimos anos, a prática do preço dinâmico para ingressos de eventos artísticos se popularizou nos Estados Unidos e Europa. O método se dá a partir do aumento de valores de acordo com a demanda popular e vem gerando uma série de reclamações entre os fãs, além de causar um caos nas filas virtuais.
Artistas como Bruce Springsteen e Oasis se viram em polêmicas junto ao público por conta da manobra. The Boss se fez de desentendido, enquanto Liam Gallagher debochou de quem ficou sem entradas nas redes sociais. M. Shadows, vocalista do Avnged Sevenfold, desmistificou a "inocência" dos músicos.
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Em entrevista ao canal Bradley Hall Guitar, transcrita pelo Ultimate Guitar, o frontman declarou:
"As pessoas querem ignorar que vivemos em uma sociedade capitalista onde há duas coisas acontecendo. Os artistas querem ser compensados por qualquer que seja o valor justo de mercado para seu trabalho. Se há dois mil assentos em um local, o artista pode ser muito legal, cobrar US$ 50 e não ganhar dinheiro algum, ou ir fazer isso porque ele só quer fazer. E então, um revendedor pode vender algumas centenas desses ingressos por até US$ 1.000 porque há fãs que pagarão."
O cantor fez questão de deixar claro que a criação do modo de comércio foi consensual entre os envolvidos como uma saída para faturar mais. "Agora, a razão pela qual o preço dinâmico foi introduzido é porque o artista e a gerência disseram: 'Por que o revendedor está ganhando 10 vezes mais que o artista no palco? Há tantos ingressos que serão vendidos por esse valor. Por que não estamos cobrando nós mesmos?' E então, o que a Ticketmaster fez foi criar uma ferramenta que permite aos artistas optarem pelo preço dinâmico."
Isso mesmo. De acordo com Shadows, seu ídolo não é uma vítima das corporações. "Está muito claro que a Ticketmaster criou uma ferramenta para permitir que os artistas optem por isso. Não é a Ticketmaster faturando mais. São os artistas. Eles adoram se esconder atrás da Live Nation e da Ticketmaster e dizer: 'Ah. Não tínhamos ideia. Não dá para acreditar.'
Se você perguntar à maioria das pessoas: 'Se alguém está comprando um ingresso por US$ 1.000, você quer que vá para um revendedor ou para o artista?', a maioria das pessoas dirá: 'Queremos que vá para o artista.' Mas eles também não querem que o ingresso tenha um preço tão alto. E também não querem que você tire a capacidade deles de revender o ingresso, porque isso é muito antiamericano."
Resumindo a situação com preços dinâmicos, M. Shadows argumentou que a maioria dos fãs gostaria de ver seus artistas favoritos recompensados proporcionalmente aos níveis de demanda por sua arte. Ao mesmo tempo, ele admite que a maneira como isso está sendo feito deixa um gosto ruim na boca de muitas pessoas:
"Você tem todos esses argumentos macro e micro sobre o tema, mas é isso que realmente está acontecendo. Então, no final das contas, os preços dos ingressos sobem quando alguém na fila vê que há muitas pessoas lá. Então, aumentam os preços até que as pessoas parem de comprar. E é isso que a indústria musical chama de valor justo de mercado.
Agora, não acho que as pessoas discordariam da premissa. Elas simplesmente não gostam quando isso acontece com elas. E é nessa situação que estamos. E não estou aqui para fazer uma declaração sobre se elas devem ficar bravas ou não. É só que é isso que está realmente acontecendo... E se as pessoas podem pagar, o artista prefere ver esse lado positivo do cara que comprou 20 ingressos na primeira fila e agora está vendendo para todos os seus maiores fãs."
No Brasil, o preço dinâmico para shows inexiste até o momento. De acordo com a assessoria de imprensa da Ticketmaster, o sistema não é aplicado por conta de normas do país que exigem a divulgação prévia dos valores de ingressos. Ainda assim, vendas de passagens e hospedagens em hotéis se valem da proposta.
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