O que fez Sepultura sobreviver à saída de Eloy Casagrande, segundo Andreas Kisser
Por Gustavo Maiato
Postado em 05 de fevereiro de 2025
Andreas Kisser falou sobre a estrutura organizacional do Sepultura e como a banda conseguiu superar desafios ao longo dos anos, incluindo a recente saída do baterista Eloy Casagrande. Em entrevista ao podcast Corredor 5, o guitarrista destacou que a disciplina e o planejamento foram essenciais para manter o grupo firme mesmo em tempos difíceis.
"Enfim, o Sepultura sempre foi caótico nesse aspecto empresarial, mas foi o que foi. Não estou reclamando – tivemos que passar por tudo isso, e essa experiência ajudou a definir nossa identidade artística, os discos que gravamos e os lugares que frequentamos, inclusive a mudança para a Phoenix."
Kisser explicou que, ao longo dos anos, a banda precisou se adaptar para evitar desmoronar diante de crises. Segundo ele, chegou um momento em que era necessário tomar decisões com objetividade, sem deixar que o funcionamento do grupo fosse afetado pelo humor ou vontades individuais.
"O negócio não pode ficar refém disso; precisa ser objetivo. Se alguém está de mau humor, tudo bem – depois da reunião, a pessoa pode relaxar assistindo a um episódio de Grey's Anatomy –, mas é necessário definir metas e seguir o plano."
O músico também citou o crescimento do Sepultura durante a pandemia, período em que a banda fortaleceu sua base de fãs e manteve atividades constantes. "Gravamos um disco e, todas as quartas-feiras, promovíamos um evento que incluía conversas com os fãs, entrevistas com amigos músicos, apresentações e vídeos caseiros, além de contar histórias do passado. Tínhamos um verdadeiro contador de histórias. Era uma empresa sólida."
Essa estrutura foi determinante para lidar com a saída de Eloy Casagrande. O baterista comunicou sua decisão apenas três semanas antes do primeiro show de despedida, mas a organização da banda permitiu uma resposta rápida.
"O Eloy definiu sua saída três semanas antes do primeiro show de despedida – que, aliás, foi organizado em 24 horas, com o Grayson já confirmado –, sem desespero ou gritos, mantendo a compostura necessária para seguir adiante."
Kisser reforçou que o Sepultura aprendeu a lidar com mudanças de forma profissional, sem depender de relações pessoais ou emoções no processo. "Já fomos processados por alguém que se considerava amigo, mas no mundo dos negócios não há espaço para exceções – é preciso ter os recibos e cumprir as obrigações fiscais."
O guitarrista concluiu que a banda só sobreviveu a desafios como a pandemia e a saída de Casagrande porque aprendeu a ser disciplinada e estruturada. "Hoje, nossa organização é tal que não teríamos sobrevivido nem à pandemia nem à saída do Eloy Casagrande se não estivéssemos tão focados e estruturados."
Confira o podcast completo aqui.
Eloy Casagrande fora do Sepultura
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