O que Raul quis dizer com "Quando eu jurei meu amor, eu traí a mim mesmo" em "Medo da Chuva"?
Por Bruce William
Postado em 26 de abril de 2025
Lançada no álbum "Gita" (1974), a música "Medo da Chuva" é fruto da parceria entre Raul Seixas e Paulo Coelho. Algumas fontes dizem que ela foi escrita somente por Paulo, em retribuição à "Caroço de Manga", composta somente por Raul mas que ganhou os créditos da dupla. A letra, marcada por forte reflexão existencial, foi construída em torno de temas como liberdade, fidelidade e as imposições da sociedade, especialmente no que diz respeito ao casamento tradicional.
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A canção música reflete o momento de crise que Raul vivia em seu relacionamento com Edith Wisner. A influência de Paulo Coelho, que também enfrentava conflitos amorosos na época, é clara: "Medo da Chuva" carrega ideias inspiradas tanto em William Blake quanto em Aleister Crowley, ambos autores que pregavam uma visão mais libertária da existência e das relações humanas. A frase "Quando eu jurei meu amor, eu traí a mim mesmo" pode ser entendida como um manifesto contra a monogamia imposta, uma crítica à obrigação de permanecer em uma única relação para toda a vida.

Outra interpretação, abordada pelo site Universo de Raul Seixas, sugere que Raul estava refletindo sobre a ilusão de buscar segurança em instituições como o casamento. Para ele, o compromisso imposto poderia aprisionar a liberdade individual e sufocar o amor verdadeiro, que deveria nascer de corações livres. Assim, ao jurar fidelidade eterna, ele teria negado parte de sua própria natureza mutável, simbolizada em sua famosa expressão "metamorfose ambulante".
Já o texto publicado no Medium acrescenta ainda uma nuance interessante: Raul talvez não estivesse negando o amor, mas sim questionando o modelo tradicional de exclusividade e permanência. Ao mencionar que "ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez", ele indica que a vivência de múltiplos amores pode ser mais enriquecedora do que a tentativa de sustentar um único amor para sempre, independentemente das mudanças inevitáveis da vida.

Portanto, a frase "quando eu jurei meu amor, eu traí a mim mesmo" representa a luta de Raul Seixas entre seus sentimentos genuínos e as expectativas sociais que o pressionavam a viver de forma contrária à sua própria essência. "Medo da Chuva" é, acima de tudo, uma ode à liberdade de ser e amar conforme as próprias transformações internas, sem se prender a promessas que não resistem ao fluxo natural da vida.

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