A maior fraqueza do lendário David Gilmour na guitarra, segundo o próprio
Por Gustavo Maiato
Postado em 16 de maio de 2025
Referência obrigatória em qualquer lista de guitarristas influentes, David Gilmour construiu uma identidade sonora única à frente do Pink Floyd. Ainda assim, por trás de solos emocionantes e composições memoráveis, o músico carregava uma insegurança antiga: a falta de coordenação entre as mãos.
"Simplesmente não tenho uma boa coordenação entre a mão esquerda e a direita", admitiu Gilmour em entrevista ao Daily Telegraph (via Far Out), em 2002. A declaração surpreende, mas expõe a visão crítica que o próprio artista sempre teve sobre suas limitações técnicas. "Meus dedos são muito lentos. Não consigo fazer o que todos aqueles outros guitarristas conseguem", afirmou.


Essa percepção, no entanto, não o paralisou — ao contrário. Foi justamente a tentativa de superar essa limitação que o levou a trilhar um caminho singular na guitarra. Ao perceber que não conseguiria seguir a tradição dos solos rápidos e riffs virtuosísticos do rock clássico, Gilmour optou por algo diferente: melodias profundas, sustentadas e carregadas de emoção. "Minha forma era tentar criar melodias na guitarra sobre o que a banda fazia", explicou.

David Gilmour e suas relações com a guitarra
Se a limitação técnica levou David Gilmour a buscar melodias expressivas em vez de virtuosismo, sua relação com o instrumento segue a mesma lógica: praticidade acima da idolatria. Em entrevista recente, o guitarrista do Pink Floyd declarou que não sente falta de sua famosa Stratocaster preta, vendida em leilão por quase US$ 4 milhões em 2019.
Hoje, Gilmour usa uma nova versão do modelo, apelidada de Black Cat Strat, com a qual gravou o álbum "Luck and Strange". "Até esqueço que ela não é a mesma que usei nos discos do Floyd", disse. Para ele, guitarras são "ferramentas do ofício", que podem ser trocadas conforme a necessidade — sem drama.

Apesar do desapego, algumas exceções permanecem: uma Telecaster antiga, uma Gretsch Duo Jet e uma Martin D-18 de 1945 continuam intocáveis em sua coleção. O músico resume: o valor está no som que se tira delas — e não no mito que se constrói ao redor.
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