O gênero do rock que Caetano Veloso abomina com todas as forças
Por Bruce William
Postado em 09 de maio de 2025
Caetano Veloso teve uma relação seletiva com o rock ao longo dos anos. Em entrevista à revista Bizz nº 54, publicada em janeiro de 1990, o cantor explicou por que rejeitou boa parte da produção internacional da década de 1970, mesmo reconhecendo méritos técnicos em alguns casos. Para ele, o problema não era o gênero em si, mas a forma como certos subgêneros lidavam com pretensão e teatralidade.

"Nos anos 70 eu tive uma reação contra aquela chamada música progressiva, me parecia horrivelmente kitsch, pretensiosa e chata", declarou. Também afirmou que não se interessou pela fusão entre jazz e rock: "E também não me atraíram as consequências do que em Miles Davis foi tão brilhante, que era a fusão do jazz com o rock e o pop, que foi chamado de fusion. Nem mesmo o grupo Weather Report me atraiu, que é indubitavelmente de alta qualidade."
Outro nome importante que passou ao largo do seu radar foi David Bowie. Caetano reconhece o impacto do trabalho de Bowie, mas não teve interesse pessoal em acompanhar: "De certa forma, perdi voluntariamente o bonde do David Bowie. Mas foi voluntário, eu não queria muito. Acho que foi bom, teve muitas consequências, mas não me interessou."
Em contraste com essas reservas, ele destacou que durante os anos 1970 teve real apreço por artistas como Stevie Wonder e Bob Marley. E no campo do rock, seu entusiasmo mais explícito foi com os Rolling Stones, especialmente pela postura de Mick Jagger no palco: "Eu me identificava com aquilo. As coisas que eu fiz aqui no 'É Proibido Proibir', antes de ver os Rolling Stones, já tinham alguma coisa disso. E, quando eu vi o Mick Jagger no palco, eu adorei, é uma coisa espontânea, teatro dionisíaco."
Essa espontaneidade era essencial para Caetano. Ele criticou o que chamou de art rock, onde o distanciamento entre palco e plateia se tornava parte da encenação: "Agora, quando o David Bowie veio com uma espécie de art rock, agora é teatro, agora a plateia fica na plateia, o palco é palco, tudo me pareceu muito sub-artístico."
Apesar disso, ele faz uma ressalva positiva ao elogiar o show dos Talking Heads no filme "Stop Making Sense", de Jonathan Demme: "Tem a noção de teatralização refinada. Não aquele espontaneísmo sexual violento dos Rolling Stones, mas uma coisa pensada e com um humor transmoderno."
Mesmo sem ter feito shows de rock no estilo tradicional, Caetano reconheceu a força desses elementos no palco e como eles influenciaram sua forma de se expressar artisticamente, desde que houvesse o que ele considerava ser um sentido genuíno por trás da encenação.
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