Por que o "Acústico MTV" de Lobão não vendeu bem, segundo empresária
Por Gustavo Maiato
Postado em 29 de junho de 2025
Regina Lopes, empresária e esposa de Lobão, revelou detalhes dos bastidores de uma das fases mais marcantes — e frustrantes — da carreira do cantor: a produção e o lançamento do álbum "Acústico MTV", que apesar da qualidade musical e da produção cuidadosa, teve desempenho comercial abaixo do esperado. A explicação, segundo ela, está na escolha do repertório e no perfil do público da época.
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"O disco é lindo, belíssimo. Mas não vendeu como os outros acústicos. A gente ficou meio puto", disse Regina, em entrevista ao podcast Corredor 5, apresentado por Clemente Magalhães. Produzido por Carlos Eduardo Miranda, o especial foi ao ar em 2007 e fugiu da fórmula tradicional do projeto, que normalmente reunia grandes sucessos em versões mais leves. "O Miranda queria só os hits, mas o Lobão insistiu em colocar lados B, como ‘Vida é Doce’", contou.
Segundo Regina, a gravadora BMG/Sony tinha grandes expectativas, alimentadas pelo histórico de vendas do selo acústico da MTV, que transformou a carreira de diversos artistas. Mas no caso de Lobão, a proposta de dar espaço a faixas menos conhecidas acabou afastando parte do público. "A MTV queria os lados A, aquilo que a massa reconhecia de cara. Mas o Lobão fez questão de um repertório autoral, fora do óbvio."

Mesmo com o insucesso comercial, o show rendeu turnê e foi elogiado pela crítica "Foi um espetáculo musical. Rodamos bastante com o show, mas ele não virou como outros acústicos", afirmou Regina.
Lobão e a MTV
Entre 2007 e 2010, Lobão também trabalhou como apresentador na MTV Brasil. Nesse período, comandou quatro programas: MTV Debate, Código MTV, Lobotomia e Lobão ao Mar, este último exibido durante os verões de 2009 e 2010. Apesar da exposição na emissora, Regina contou que o cantor não se adaptou bem ao formato televisivo. "Ele sofreu demais. Tinha pauta, horário, regra... e o João não lida bem com isso. Ele precisa que as ideias partam dele."
Regina acredita que a autenticidade de Lobão, embora admirada por muitos, também impôs limites em um mercado cada vez mais orientado pelo consenso e pelas fórmulas prontas. "Com o João, a única certeza é que ele não vai seguir o script", resumiu. Mesmo assim, ela defende o valor artístico do projeto: "Foi um disco à altura da obra dele. O mercado pode não ter reconhecido, mas a música está ali — forte, íntegra, inteira."

Confira a entrevista completa abaixo.

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