Única brasileira que entrevistou Elvis Presley na história conta como foi a experiência
Por Gustavo Maiato
Postado em 07 de junho de 2025
Em meio ao esplendor da Hollywood dos anos 1950, uma jornalista brasileira realizou um feito raro: entrevistou pessoalmente Elvis Presley, no auge de sua ascensão. Dulce Damasceno de Brito, correspondente dos Diários Associados e da revista O Cruzeiro, foi a única brasileira a conseguir tal acesso ao então emergente Rei do Rock, durante as filmagens de seu primeiro longa, "Love Me Tender", em 1956.
"Fomos apresentados nos estúdios da Fox, em Beverly Hills. Elvis estava tímido e eu emocionada", relatou Dulce em sua coluna na revista Contigo, publicada em 1979. (via Elvisblues) A jornalista confessou que, naquele momento, sentia-se mais como fã do que como repórter. A matéria foi uma das poucas em que o astro apareceu fora dos palcos sem o filtro rigoroso de seu empresário, o Coronel Tom Parker.
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Contratada em 1952 pelos Diários Associados, Dulce viveu por 16 anos em Hollywood. Segundo o site História Mundi, ela teve trânsito livre nos estúdios, entrevistando praticamente todas as grandes estrelas da época, de Marilyn Monroe a Marlon Brando. A lista incluía também Carmen Miranda, com quem manteve uma íntima amizade e esteve junto na noite em que a cantora faleceu.
Durante a entrevista com Elvis, Dulce presenciou o esforço do cantor para parecer à vontade. "Ele comentou que o estúdio havia mandado tingir seus cabelos de castanho claro para suavizar sua imagem diante das câmeras. Não gostara da ideia", contou em sua coluna na Contigo. Essa informação também aparece em seu livro "Hollywood, Nua e Crua", publicado em 1968, que ganhou já nova versão.
O encontro foi breve, mas rendeu momentos marcantes. Como não havia gravadores, os jornalistas precisavam tirar fotos como prova da entrevista. Ao posar com Dulce, Elvis teve um gesto que a marcou profundamente. "O fotógrafo da Fox se aproximou para bater uma foto, e Elvis murmurou ‘excuse-me’ antes de me abraçar", descreveu a repórter, evidenciando a gentileza e o cuidado do astro.
Em matéria publicada pelo site Elvis Blues, Dulce também revelou que o cantor evitava temas íntimos e polêmicos, mas deixou escapar algumas confidências. "Durante nossa entrevista, ele me confessou que adorava dançar", disse. "Seu magnetismo pessoal levava os fãs à loucura, mas fora dos palcos ele era muito reservado."
Essa reserva, segundo a própria Dulce no livro "Hollywood, Nua e Crua", tinha raízes na infância. "Ele foi cercado de muitos cuidados por causa da saúde frágil. Já adulto, precisava tomar diversos remédios para problemas respiratórios, o que o fazia engordar e se afastar do palco por períodos."
Na época da entrevista, o controle de Parker sobre Elvis era visível. Conforme relata o site História Mundi, o empresário impedia o cantor de dar declarações polêmicas, temendo repercussões negativas. O resultado foi uma carreira marcada pela evasividade em entrevistas, com poucas frases memoráveis ditas à imprensa.
Mesmo assim, Dulce conseguiu captar um retrato humano de Elvis. "Ele tinha um olhar envolvente, um tanto triste. Não bebia nem fumava. Era um homem fabuloso, que marcou época com seu talento e personalidade", escreveu na Contigo. E finalizou: "Na vida de um mito, jamais haveria um ‘adeus’. Apenas um ‘até breve’."
Dulce Damasceno de Brito, que faleceu em 2008, foi a primeira mulher brasileira correspondente em Hollywood. Segundo matéria publicada pelo site Universo Retrô, ela frequentava premiações como o Oscar, festas exclusivas no Beverly Hilton Hotel e sets de filmagem ao lado das maiores estrelas da época. Era tão respeitada que podia escolher diariamente que filmagens acompanhar.
Além de Hollywood, Nua e Crua, Dulce publicou a biografia "O ABC de Carmen Miranda", em 1986, e o livro "Lembranças de Hollywood", em 2006, pela Imprensa Oficial. Mesmo debilitada pelo mal de Parkinson, que a acompanhou por quase duas décadas, manteve sua coluna "Hollywood Boulevard" na revista Set até o fim da vida.
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