O mascarado lunático que chocou Gene Simmons muito antes do Kiss e do Secos & Molhados
Por Bruce William
Postado em 20 de agosto de 2025
No Brasil, há décadas circula uma história que sempre ressurge em entrevistas e rodas de fãs: a ideia do Kiss teria nascido depois que Gene Simmons e companhia assistiram a uma apresentação do Secos & Molhados, ainda nos anos 1970, em uma passagem pelo México. Ou até que a banda teria vindo ao país e teria assistido à performance dos brasileiros. O visual com rostos pintados, figurinos ousados e teatralidade teria inspirado diretamente os mascarados de Nova York.
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Simmons, porém, nunca deixou passar sem contestar. Questionado sobre o assunto, reagiu com ironia: "Conheço essa lenda. Já ouvimos falar dessa história. Não é verdade. Muitas pessoas acreditam nisso, mas também há muitas pessoas que acreditam em discos voadores, não?" A resposta resume a posição oficial: para ele, não houve cópia alguma. O Kiss teria se moldado em outras referências, muito anteriores à ascensão do grupo brasileiro.
Quem quiser se aprofundar na polêmica, pode encontrar este e diversos outros textos ao final desta matéria, reunindo as idas e vindas de versões que se chocam entre fãs, músicos e imprensa. Mas se não foi o Secos & Molhados, de onde veio a fagulha? Em 2017, ao listar para a revista Music Radar as dez músicas que mudaram sua vida, Simmons entregou uma das peças-chave: "Fire", de Arthur Brown.

"Aqui estava esse cara, coberto de maquiagem, seminu, dançando como um lunático. E usando uma coroa em chamas! Mesmo ainda garoto, senti uma conexão. Isso era legal!" A lembrança remete ao final dos anos 1960, quando Brown incendiava plateias com sua performance exagerada, mais próxima de um ritual do que de um show convencional.
Para Simmons, a comparação era inevitável: "Enquanto ainda víamos bandas de terno cantando músicas de amor, esse cara aparecia gritando 'I am the God of Hellfire'. Será que Arthur Brown influenciou o Kiss? Acho que sim. God of Hellfire... God of Thunder. As chamas, a maquiagem, a loucura.", admitiu.

Mais do que um artista excêntrico, Brown representava para o futuro baixista do Kiss uma nova forma de encarar o palco: algo entre a ópera vitoriana e a tragédia grega, filmado com a estética sombria dos estúdios Hammer. "Como eu gostaria que houvesse mais bandas assim hoje em dia", concluiu.
Se o mito brasileiro ainda gera discussão, o próprio Simmons já deixou claro: antes de qualquer boato, havia Arthur Brown, o verdadeiro mascarado lunático que mostrou o poder do choque visual no rock.

O Kiss copiou a maquiagem do Secos e Molhados?
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