A banda que os brasileiros adoram, mas que Malcolm Young não queria que o AC/DC se parecesse
Por Bruce William
Postado em 02 de agosto de 2025
Ao longo da carreira, Malcolm Young nunca teve o menor interesse em disputar atenção com o irmão. Enquanto Angus corria de um lado para o outro do palco com seu uniforme escolar e solos frenéticos, Malcolm mantinha os dois pés firmes no chão - um deles, literalmente apoiado no bumbo da bateria, só para sentir a vibração.
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"Gosto de me plantar perto da bateria e entrar no groove", explicou em conversa realizada com a Guitar Player em junho de 2003. "Angus e Brian são os showmen, assim como o Bon. Eles já oferecem visual suficiente. É bom ficar fora do caminho, senão você pode acabar atropelado." Era seu jeito de manter o AC/DC equilibrado: os holofotes podiam ficar com os outros, desde que o som estivesse coeso.
Fora do palco, ele também mantinha o foco. Mesmo em dias difíceis, quando o cansaço batia ou a pressão no estúdio era alta, Malcolm preferia seguir em frente sem alimentar drama. "Temos nossos dias de 'já deu', principalmente quando estamos há muito tempo no estúdio, sem dormir, comendo comida de entrega o tempo todo", contou. Mas ele não deixava que isso se acumulasse. "Não somos do tipo que fica remoendo as coisas." A filosofia era simples: resolver logo e voltar ao trabalho.

O comentário mais direto veio quando foi perguntado sobre conflitos internos em outras bandas. "Quando ouvimos histórias do que algumas bandas passam - como o Guns N' Roses, por exemplo - pensamos: 'Puxa, que desperdício'", disse. "Esses caras deviam crescer, se reunir e voltar à estrada." A crítica, ainda que sutil, deixava claro o que Malcolm pensava sobre egos inflados, brigas públicas e longos hiatos.
A referência ao Guns não foi gratuita. Na época, a banda estava afundada em desentendimentos, mudanças de formação e disputas jurídicas, enquanto o AC/DC, mesmo com décadas de estrada, mantinha a mesma estrutura enxuta e funcionamento disciplinado. Para Malcolm, o caos não fazia parte do rock. O que importava era o riff, a batida firme e a entrega no palco, sem rodeios nem escândalos. Rock direto, sem firulas.

O curioso é que, enquanto o AC/DC sempre evitou comparações com bandas problemáticas, o Guns N' Roses seguiu como uma das bandas de hard rock mais adoradas no Brasil, com shows lotados, idolatria nas redes e fãs fiéis por todo o país. E volta e meia, até dividindo palco com o próprio AC/DC em festivais. Mas para Malcolm, essa era uma estrada que a banda dele não precisava trilhar. Rock sim, confusão não.

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