O guitarrista que idolatrava Eric Clapton, mas a paixão esfriou depois de ter sido rejeitado
Por Bruce William
Postado em 25 de setembro de 2025
Em 1978, ainda pouco conhecido fora de Los Angeles, um guitarrista causou surpresa ao revelar quem era sua maior influência musical. Questionado pela revista Guitar Player, ele não citou Hendrix, Page ou Blackmore, mas sim Eric Clapton. Segundo o jovem, tinha passado anos sentado com seus discos, aprendendo cada frase de guitarra do Cream nota por nota. Entre os solos que mais estudou estavam os de "Spoonful" e "I'm So Glad", gravados ao vivo.
A devoção beirava a obsessão. Eddie Van Halen admitiu que até desacelerava os LPs para conseguir captar com precisão cada detalhe do que Clapton fazia, lembra a Guitar Player. E mesmo reconhecendo que não soava parecido, reforçava: "Eu sei cada solo dele de cor, até hoje." Esse testemunho ajudou a moldar a imagem de um fã apaixonado, disposto a sugar até a última gota de inspiração do chamado "Deus da guitarra".


Com o sucesso estrondoso de sua banda no final dos anos 70 e início dos 80, os dois finalmente se encontraram. Clapton, que já estava totalmente imerso no blues e nas Stratocasters, reconheceu que havia algo válido no estilo do pupilo. Em 1985, declarou: "Se ele gosta do que eu faço, então ele deve gostar do que eu gostava também. Não teria como tocar daquele jeito sem carregar algo autêntico dentro de si." Foi uma aprovação que soava como bênção do mestre.

Mas nem tudo era admiração mútua. Em 1983, Brian May lançou o Star Fleet Project, que trazia uma faixa chamada "Blues Breaker", gravada em homenagem a Clapton com participação de Eddie. O resultado, porém, irritou profundamente o britânico. Dois anos depois ele disparou: "Foi horrível, quase me senti insultado. Eles não têm dinâmica, não têm sensibilidade. Se ele quer tocar blues, precisa entender que é um estilo, com regras próprias."
A crítica foi um golpe duro. O guitarrista que passara a vida idolatrando Clapton se viu desautorizado pelo próprio herói. O baque foi tamanho que, mais tarde, ao tentar se reaproximar em uma festa em Nova York, foi ignorado por Clapton - recém-sóbrio, enquanto ele estava visivelmente alterado. A cena gerou ressentimento imediato e uma frase curta, mas cheia de rancor: "Esquece esse merda."

O ressentimento se prolongou. Já nos anos 1990, em nova entrevista, Eddie deixou claro que havia perdido o encanto: "Eu cresci ouvindo Clapton, mas hoje, quando ele sola, é como se estivesse mijando contra o vento. Prefiro o que fazia no Cream. Ali, cada nota falava alguma coisa." Palavras duras, mas que mostravam como a decepção havia substituído a admiração.
De discípulo fiel a crítico impiedoso, sua trajetória com Clapton é um retrato de como a relação entre ídolo e fã pode virar do avesso. Eddie não escondia que havia decorado cada nota do britânico, e por anos isso foi motivo de orgulho. Mas quando as palavras duras vieram, o encantamento deu lugar à frustração. O que antes era reverência virou ressentimento, e o impacto acabou sendo mais forte que qualquer influência musical. No fim, o peso das críticas deixou marcas mais profundas do que todos os riffs que um dia o inspiraram a tocar guitarra.

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