Substantivo, verbo ou adjetivo? Que nada! A classe de palavras que Beatles curtia usar
Por Gustavo Maiato
Postado em 22 de setembro de 2025
Muito antes de revolucionarem o rock, os Beatles tinham uma preocupação simples: se comunicar de forma direta com seu público. No início da carreira, quando John Lennon e Paul McCartney ainda moravam com suas famílias, a banda percebeu que falar com as fãs através das letras poderia ser um grande trunfo. E, como conta Paul em "As Letras" (livro lançado no Brasil pela editora Belas Letras), eles descobriram logo de cara uma classe de palavras que funcionava muito bem: os pronomes pessoais.

"Todas as nossas primeiras composições traziam pronomes pessoais nos títulos. Primeiro single: Love Me Do; segundo single: Please Please Me; em seguida, From Me to You – nessa conseguimos colocar dois! Depois vieram She Loves You e I Want to Hold Your Hand. Era tudo muito pessoal, então alcançávamos a todos que ouviam a canção", relembra Paul.

Esse truque ajudava a transformar cada música em uma espécie de carta aberta ao ouvinte, como em "Love Me Do" ("Love, love me do / You know I love you"), ou em "Please Please Me", o primeiro hit número um dos Beatles na Inglaterra. "Resumimos os nossos esforços de alcançar as fãs numa de nossas primeiras canções, chamada Thank You, Girl", explicou o músico. Ele ainda lembrou que a ideia de enviar uma carta sempre foi recorrente no rock: "Para citar apenas duas: Please Mr. Postman e Return to Sender".

Paul McCartney e "From Me To You"
O contexto também favoreceu a criatividade. McCartney recorda que compôs "From Me to You" durante uma turnê ao lado de Roy Orbison, dividindo o mesmo ônibus. "É uma imagem especial para mim, aos 21 anos, andar pelo corredor do ônibus e ver Roy Orbison lá no fundão, de traje preto e óculos escuros, dedilhando seu violão e compondo Pretty Woman. (...) E então dissemos: 'Bem, que tal esta?', e tocamos From Me to You. Uma espécie de momento histórico, no fim das contas."
Mais do que um truque de linguagem, os Beatles também começaram a ousar harmonicamente. Paul lembra que, em "From Me to You", houve uma quebra importante na sequência de acordes básicos. "Após compormos esta, eu me lembro de ter pensado: 'Agora estamos chegando a algum lugar'." A intuição estava certa: dali em diante, os Beatles mudariam para sempre a forma de compor e ouvir música pop.

O que são pronomes pessoais?
Os pronomes pessoais são palavras que substituem substantivos, representando as três pessoas do discurso: quem fala (1ª pessoa), com quem se fala (2ª pessoa) e de quem ou do que se fala (3ª pessoa). De acordo com o portal Brasil Escola, esse tipo de pronome é essencial para evitar repetições e dar clareza às frases.
Eles se dividem em três grupos principais. O primeiro são os pronomes pessoais do caso reto, usados como sujeito da oração. Exemplos: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas. Assim, frases como "Eu gosto de música" ou "Eles viajarão amanhã" mostram como esse grupo funciona.

Já os pronomes pessoais do caso oblíquo exercem função de objeto ou complemento da oração, podendo ser átonos (me, te, se, o, a, nos, vos, lhes) ou tônicos (mim, ti, ele, ela, nós, vós, eles, elas, comigo, contigo, consigo). É o caso de frases como "Ele me ajudou na prova" ou "Ela trouxe o presente para mim".
O terceiro grupo é formado pelos pronomes de tratamento, usados para marcar intimidade, formalidade ou hierarquia. São exemplos: você, senhor, senhora, vossa excelência, vossa majestade, vossa santidade. Curiosamente, mesmo quando se dirigem diretamente ao interlocutor, esses pronomes sempre exigem a conjugação do verbo na 3ª pessoa. Assim, a frase correta é "Você está bem?" e não "Você estás bem?".

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