Quem era o rockstar mais louco dos anos 1980, segundo Paulo Ricardo
Por Gustavo Maiato
Postado em 10 de outubro de 2025
Durante entrevista ao Splash, o cantor Paulo Ricardo não teve dúvidas ao responder quem foi o artista mais intenso e imprevisível do rock brasileiro nos anos 1980. "Mais louco? Cazuza. Sem dúvida - primeiro, segundo e terceiro lugar", declarou o ex-vocalista do RPM, sem hesitar.
Segundo Paulo Ricardo, Cazuza era a própria encarnação da poesia que escrevia. "Ele era a poesia dele. Era aquilo tudo. Tudo o que ele falava refletia quem ele era. Um cara muito íntegro, muito autêntico e totalmente entregue à arte", afirmou. Para ele, a força de Cazuza transcendia o tempo: "Mais de 30 anos depois da morte dele, ainda tem filme, musical, biografia, exposição. Ele é fascinante, como um personagem de literatura."

O músico destacou que o ex-vocalista do Barão Vermelho era um homem de extremos. "Cazuza perdia amigos, mas não perdia a piada. Não tinha limites. Subia em mesa de restaurante e gritava 'A burguesia fede'. E, ao mesmo tempo, era um gentleman, um doce, um cara culto."
Cazuza e Paulo Ricardo
Paulo Ricardo contou que conviveu intensamente com o amigo durante a juventude. "Eu tinha uns 18 anos, ele era quatro anos mais velho. Ia pra casa dele no Rio, ficava com a Lucinha, a mãe dele, que era como uma tia pra mim. Dormia no colchonete do lado da cama. Estar com o Cazuza era como viver dentro de um turbilhão - ele era muito intenso, muito engraçado e muito influente."
Apesar da imagem de boêmio e provocador, Cazuza também era um artista disciplinado. "Ele era doido, mas não 24 horas por dia. Passava a tarde escrevendo na máquina, cortando, reescrevendo. Levava o trabalho muito a sério. Só que devia ser difícil viver com uma percepção tão nua e crua da realidade o tempo todo. Ele não tinha filtro nenhum - era verdade pura, disse Paulo Ricardo. Com saudade evidente, o ex-vocalista do RPM completou: "Não é do meu feitio ter saudade, mas tenho saudade dele. Ele era uma força da natureza."
A relação entre Paulo Ricardo e Cazuza rendeu muitas histórias curiosas. Em entrevista anterior, o vocalista do RPM lembrou quando o amigo ficou intimidado em uma noite no lendário bar Madame Satã, em São Paulo. "A primeira vez que vi o Cazuza acanhado foi no Madame Satã. Lá tinha uma jaula com uma mulher comendo repolho a noite inteira. De vez em quando ela gritava e voltava pro repolho. Era tipo o Chacrinha! Você podia ser o Cazuza ou o Lobão - não dava pra ser mais louco que a Mulher-Repolho!", contou, aos risos.
Paulo Ricardo também recordou a convivência entre os dois durante o auge do rock brasileiro. "Da cena dos anos 1980, o mais próximo a mim era o Cazuza. Eu ia pro Rio todo fim de semana e ficava na casa dele, em Ipanema. A gente tomava café, ia à praia, saía à noite. Quando o Barão Vermelho ia pra São Paulo, pedíamos milk-shake e banana split, tudo por conta da gravadora!"
Sobre os últimos anos do amigo, Paulo Ricardo lembrou a força com que o cantor enfrentou a doença. "Em 1989 fizemos um show em homenagem ao Erasmo Carlos. O Cazuza já estava muito magro e de cadeira de rodas, mas ainda com uísque e charuto na mão. Até o fim, foi pé na jaca. Gravou 'Burguesia' deitado. Morreu atirando. Ele era uma força da natureza."
Confira a entrevista completa abaixo.
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