O guitarrista nada virtuoso que, segundo The Edge, revolucionou a guitarra
 Por Bruce William
Por Bruce William
Postado em 10 de outubro de 2025
The Edge aprendeu cedo que "soar grande" não é o mesmo que "tocar muito". Enquanto o mundo coroava deuses do solo, ele afinava outra régua: textura, espaço, repetição, arquitetura de som. O herói de estádio com boné e delay nunca pareceu à vontade no trono dos "guitar gods".
Em 1985, ele fez um comentário cristalino sobre o tema, replicado pela Far Out: "Eu nunca tive heróis de guitarra de verdade. Todos os guitarristas de que eu gosto são coisa de anti-herói total." Ou seja, nada de exibicionismo; o que o movia eram guitarras que diziam sem gritar. E aí entrou o exemplo que ele sempre cita com carinho: Neil Young. "Aquele cara põe tanto sentimento no que toca, mas está ali tropeçando em poucas notas." Sons que fazem sentido, muito antes de se pensar em velocidade.
 

Mas o norte verdadeiro tinha outro nome: Tom Verlaine. Para ele, The Edge não economiza adjetivos: "Tom Verlaine nunca foi um virtuose incrível e, mesmo assim, no que me diz respeito, ele revolucionou a forma de tocar guitarra." E completa a lição que ouviu dele: "Você pode fazer algo diferente. Você não precisa fazer a mesma coisa. Isso não se parece com nada do que você já ouviu."
 
Verlaine, no Television, fez da guitarra uma linha fina de luz: timbre limpo, notas longas, intervalos tortos, melodias que se entrelaçam em vez de esmagar. O ganho baixo e a paciência viraram estética. Não era sobre correr; era sobre segurar a nota certa no lugar certo, abrir uma janela no arranjo e deixar o ar entrar.
The Edge levou isso ao extremo em sua própria linguagem: ecos sincopados, arpejos que se multiplicam no delay, motivos mínimos que viram catedrais quando a banda entra. É a mesma ética do anti-herói: servir à canção, não dominá-la; inventar espaço, não preencher tudo. O solo vira paisagem, e a multidão canta as figuras tanto quanto as palavras.
Por isso, quando ele aponta Verlaine como o cara que "revolucionou" a guitarra, não está falando de técnica, e sim de possibilidade. A revolução é afirmar que outra forma de ser guitarrista é válida, que dá pra mover montanhas com meia dúzia de notas e um ouvido afiado. Coisa de anti-herói total, como ele mesmo define.
 
No fim, o recado é simples e, ao mesmo tempo, a mensagem é gigante: não é preciso ser um deus da guitarra para mudar o jogo. Às vezes, basta acender um motivo, deixar que o silêncio trabalhe junto e confiar que a música cresce quando você não briga com ela. Foi assim com Verlaine. E foi assim que The Edge aprendeu a levantar estádios.
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