O solo de guitarra que deixa Dave Grohl e Joe Satriani em choque; "você chora e fica alegre"
Por Bruce William
Postado em 30 de novembro de 2025
Nos anos setenta, o solo de guitarra virou quase uma instituição dentro do rock. Era a década em que o gênero ainda não competia com a eletrônica, nem precisava se segurar em discrição ou modéstia. As bandas enchiam as músicas de passagens longas, cheias de improviso, e a guitarra ocupava o centro da cena. O terreno já vinha sendo preparado desde o fim dos anos 1960, com a explosão do blues rock britânico.
Jimi Hendrix tinha aberto a porteira ao transformar a guitarra em companheira de virtuosismo, influenciando uma geração inteira. Como relembra a Far Out, nomes como Jeff Beck, Eric Clapton e Jimmy Page cresceram dentro desse ambiente, em clubes e pubs londrinos, esticando frases, dobrando notas e descendo por escalas sempre que a música abria espaço. Foi ali que o solo deixou de ser detalhe e passou a ser ponto de expectativa dentro das canções.

Jimmy Page, em particular, acabou se tornando um dos guitarristas mais lembrados quando o assunto é solo de rock. "Stairway To Heaven" costuma aparecer como o exemplo mais óbvio, mas a admiração de outros músicos vai além desse hit. E tanto Joe Satriani quanto Dave Grohl já citaram uma outra faixa do Led Zeppelin como referência quando querem falar de solo carregado de sentimento, saído diretamente da linguagem do blues.
A música em questão é "Since I've Been Loving You", lançada no álbum "Led Zeppelin III." Nela, Page pega uma estrutura de blues relativamente tradicional e estica tudo ao limite, usando dinâmica, pausas e variações de timbre para levar a música bem além do formato básico. Joe Satriani descreveu a faixa como "um exemplo perfeito de pegar uma estrutura de blues e sair pelo próprio caminho", destacando que o Led Zeppelin, naquele momento, estava abrindo terreno em vez de copiar o que já existia.
Satriani também comentou que o que mais chama atenção não é a precisão técnica isolada, e sim a atitude de Page ao atacar o instrumento. Na visão dele, outros guitarristas podem até ter técnica mais "limpa", mas o jeito como Page se joga no solo acaba se impondo. A "espécie de espírito" que existe ali, segundo Satriani, transforma qualquer recurso técnico em algo a serviço da música, e não em demonstração vazia de habilidade.
Dave Grohl, por sua vez, costuma recorrer às gravações ao vivo do Led Zeppelin para explicar esse impacto. Em entrevista à Rolling Stone, ele disse que, ao ouvir bootlegs da banda, os solos de Page o fazem tanto rir quanto ficar com os olhos marejados. Sobre as versões ao vivo de "Since I've Been Loving You", Grohl resumiu assim: qualquer execução da música "você chora e fica alegre ao mesmo tempo", e completou dizendo que, para Page, a guitarra funciona como "uma espécie de tradutora emocional".
Esse elogio vindo de dois músicos de gerações diferentes ajuda a entender por que "Since I've Been Loving You" costuma ser lembrada com tanto destaque. O solo de Page não é apenas um desfile de notas; é o ponto em que o blues elétrico da velha guarda encontra o rock dos anos 70 com mais espaço e volume, sem perder a sensação de que alguém está tentando colocar em som algo que, às vezes, nem encontra palavras. É justamente esse equilíbrio entre técnica e emoção que faz o solo continuar despertando reações fortes em quem toca e em quem ouve, décadas depois.
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