As músicas mais bem escritas que Chuck Berry já ouviu, segundo o próprio guitarrista
Por Gustavo Maiato
Postado em 02 de dezembro de 2025
Quando se fala em Chuck Berry, a associação imediata costuma ser a guitarra: riffs velozes, frases marcantes e a mítica "duck walk" que marcou gerações. Contudo, por trás da imagem do arquétipo definitivo do rock and roll, havia também um compositor atento. Mesmo no auge, Berry dedicava tempo para ouvir, analisar e admirar músicas alheias.
Segundo o jornalista Ben Forrest, da Far Out, apesar de ter criado clássicos como "Johnny B. Goode" e "Roll Over Beethoven", Berry raramente é lembrado como um dos grandes letristas do período. "O próprio mito de sua técnica instrumental acabou obscurecendo sua habilidade de composição. Ainda assim, ele mantinha um olhar rigoroso sobre a escrita musical, especialmente durante a fase áurea dos anos 1950, quando absorveu influências que dialogavam diretamente com o universo que estava ajudando a construir", disse.

A certa altura, Berry comentou que muitos de seus riffs serviram de base para guitarristas posteriores - de Keith Richards a Eddie Van Halen - mas fazia questão de reconhecer talento onde via. Em uma entrevista concedida em 1973, revelou as músicas que mais o impressionaram, destacando a habilidade narrativa e a qualidade das composições que o marcaram quando ainda era considerado uma das vozes mais influentes da cultura pop.
As composições que pegaram Chuck Berry de surpresa
Uma das canções que Berry citou como favorita foi "Wake Up Little Susie", lançada em 1957 pelos Everly Brothers. A dupla transformou a música - escrita por Felice e Boudleaux Bryant - em um fenômeno, chegando ao topo das paradas nos Estados Unidos. Berry ficou impressionado com a forma como letra e melodia se encaixavam. "'Wake Up Little Susie'… aquela música tem letras incríveis", afirmou. "Eu ficava pensando nela por horas, era uma canção maravilhosamente bem montada."
O fascínio não era apenas melódico: Berry admirava o equilíbrio entre apelo pop, inocência narrativa e a precisão cirúrgica do texto. Para alguém acostumado a criar crônicas juvenis aceleradas, o trabalho dos Bryants demonstrava um esmero que ele considerava modelo.
A segunda música que ele destacou na entrevista foi "El Paso", lançada por Marty Robbins em 1959. A balada western, marcada por narrativas extensas e aura cinematográfica, impressionou profundamente o guitarrista. "Tenho tentado trabalhar algo inspirado nessa música", confessou Berry. "Ela tem uma história linda e aquele toque mexicano… eu adoro isso."
Berry até flertou algumas vezes com a sonoridade latina em sua própria obra, mas reconhecia que Robbins alcançava uma atmosfera que ele ainda buscava reproduzir. O reconhecimento público dessas influências revela um compositor mais complexo do que muitas vezes se atribui à figura do roqueiro pioneiro.
Mesmo lembrado sobretudo pela guitarra, Chuck Berry nunca deixou de olhar para a construção das músicas ao seu redor, percebendo nuances, estruturas e detalhes que o ajudaram a moldar seu próprio repertório. E, como ele mesmo deixou claro, algumas dessas obras permaneceram em sua cabeça por décadas - caso de "Wake Up Little Susie", que definia como "maravilhosamente construída".
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